Em maio, a Codemasters anunciou aquele que será o oitavo título dentro da sua série de jogos de rally. DiRT 5 chega em outubro para a atual geração – uma vez que já está confirmado também para a próxima – e a promessa é de uma experiência divertida, para lembrar muito outro jogo da franquia que foi um verdadeiro formador de caráter para muitos fãs do gênero de corrida: DiRT 2.

Os elementos que compõem essa receita não são complexos: gameplay veloz com jogabilidade simplificada, trilha sonora bacana, visuais bacanas e modos de jogo variados para não se tornar repetitivo. Embora DiRT 4 tenha falhado miseravelmente na tarefa, DiRT 5 parece seguir por um caminho menos tortuoso.

DiRT 5
Divulgação/Codemasters

Muita gente disse que sentiu um ar similar a outra franquia famosa do gênero, Forza, que também foi para o caminho da acessibilidade com a subsérie Horizon. Vale lembrar, no entanto, que boa parte da equipe envolvida nos dois primeiros DiRT, em 2007 e 2009, passou a trabalhar em um tal de Forza Horizon alguns anos depois. É importante estabelecer a hierarquia de quem “se inspirou” em quem aqui.

Brincadeiras à parte, ficou claro que esse lance de remeter às raízes parece ser uma diretriz da Codemasters para 2020, primeiro com Project CARS 3 e agora com DiRT 5. Isso porque não são apenas as cores vibrantes e o clima descoladão que apelam para a nossa memória afetiva. O que pudemos testar do game, a convite da desenvolvedora, também remete a isso.

DiRT 5
Divulgação/Codemasters

Vale lembrar que DiRT 5 é um dos primeiros títulos com lançamento já confirmado para a nova geração de consoles: enquanto o lançamento para PlayStation 4, Xbox One e PC está marcado para 9 de outubro, PlayStation 5, Xbox Series e Google Stadia já têm a confirmação de que vão receber o game também.

Simples e objetivo, mas com um plot twist

Ao contrário da premissa séria com entrega da experiência mais realista possível de DiRT Rally, DiRT 5 se propõe a ser extremamente simples e objetivo em relação à jogatina. Essa decisão, segundo o diretor de desenvolvimento Robert Karp, foi para fazer com que o game se tornasse mais acessível, mas sem comprometer a diversão.

Uma forma de tornar o jogo atrativo para todos foi contar com a presença de dois grandes nomes da indústria dos games: Nolan North e Troy Baker emprestam suas vozes para Bruno Durand e Alex ‘AJ’ Janicek, personagens que participarão ativamente do novo modo carreira mais carregado na narrativa. O pano de fundo para os eventos será estabelecido por um podcast apresentado por James Pumphrey e Nolan Sykes, do bastante popular canal Donut Media no YouTube.

A demo que tivemos acesso não contém nada do modo carreira, então, por enquanto, o que temos ainda é a promessa de que este será um modo história mais denso e algo diferente – mas que ainda lembra muito o modo carreira de DiRT 2, por exemplo, que contava com a presença pontual de grandes nomes do esporte na época, como Travis Pastrana, Tanner Foust, Ken Block e outros.

Outras funcionalidades, como editor de pinturas (que vão incluir a possibilidade de estampar marcas reais como patrocinadores) e multiplayer local com experiências cooperativas para até 4 jogadores, também estão previstas.

Um GRID offroad?

Outra diferença abismal entre DiRT 5 e seus três antecessores é que a jogabilidade agora está alinhada com o conceito de diversão e acessibilidade. Nada de físicas muito complexas e que exigem técnicas avançadas de pilotagem: o game foi feito pra ser jogado no controle e permitir que você foque em aproveitar outros aspectos, não precisando direcionar todos os esforços para manter o carro na pista.

Aqui, a Codemasters acertou em cheio. DiRT 5 está muito gostoso de se jogar e, apesar de ser “mais fácil”, não há exageros. O controle do carro enquanto você desliza pela lama ou pela neve está na medida certa e deve agradar casuais em busca de uma experiência de corrida legal e experientes que querem se divertir um pouco. A Codie inclusive fez um site que traça os paralelos que podem ser atraentes para os jogadores do DiRT Rally 2.0 que gostariam de embarcar em algo diferente.

É interessante que isso acaba trazendo algumas similaridades com o GRID, também da Codemasters, lançado no ano passado. É como se o novo DiRT fosse uma contraparte offroad do que o game de 2019 foi para o asfalto – e isso pode ser bom e ruim ao mesmo tempo, uma vez que GRID, conforme vocês podem conferir na análise que saiu aqui no The Enemy, pecou por se tornar repetitivo demais muito rápido.

Claro, não tivemos a oportunidade de testar o modo carreira que é um dos principais recursos do novo jogo e pode ser o grande diferencial, mas apesar de termos sido apresentados a quatro estilos diferentes de corridas – Stampede, Land Rush, Ultra Cross e Sprint –, fundamentalmente três deles consistem em competições em circuitos com múltiplos carros. Nada de muito novo.

DiRT 5
Divulgação/Codemasters

A experiência mais diferente da demo foi a Sprint, que consiste em corridas em circuitos ovais na terra com os sprint cars que competem na vida real no evento “World of Outlaws”, inclusive mencionado pelos desenvolvedores durante a nossa conversa.

É muito cedo ainda para sentir falta das corridas por estágio ou das gymkhanas de DiRT 2, 3 e Showdown, por exemplo, mas já é um ponto importante que deve ser acompanhado até o lançamento do game.

Visualmente maravilhoso e sonoramente familiar

Uma das coisas que mais chamaram a atenção nos testes é que, além de ser gostoso de jogar, DiRT 5 também está lindo. A promessa é que ele chegue ao Xbox Series X rodando em resolução 4K em 120 quadros por segundo – um desempenho excelente para um jogo de corrida e que apresenta o nível de qualidade visual apresentado mesmo no período de testes.

Uma das experiências mais impressionantes e divertidas foi correr em um vilarejo da Noruega, começando com um tempo relativamente limpo e rapidamente me vendo em meio a uma tempestade de neve repentina que alterou completamente a visibilidade da pista.

DiRT 5
Divulgação/Codemasters

O Brasil também está representado no game com circuitos baseados na floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, com pistas lamacentas que sobem os morros cercados por favelas e com o Cristo Redentor ao fundo. Essas são apenas algumas das mais de 70 pistas previstas para a versão final e que serão alocadas em 10 países diferentes.

Sobre os carros, estão previstas nove categorias diferentes com dezenas de veículos disponíveis, entre os já citados sprint cars de 900 cavalos de potência até os ícones do rally da década de 1990. Na versão de testes foram disponibilizados 10 carros de quatro categorias diferentes, todos muito bem modelados e com características de pilotagem bem diferentes entre si.

DiRT 5
Divulgação/Codemasters

Um outro aspecto que pode ser familiar com títulos anteriores do DiRT e que é extremamente positivo é a trilha sonora que, pelo menos na demo, já conta com algumas músicas licenciadas de artistas como The Academic e The Amazons (com a excelente “Mother”).

Existe potencial, mas vale aguardar os próximos episódios

Com o lançamento previsto para um pouco menos de 4 meses, DiRT 5 tem um enorme potencial e combina todos os elementos necessários para cativar aqueles que só querem ter um jogo legal de rally na prateleira ou para aqueles que estão buscando uma experiência leve e descompromissada entre sessões nos simuladores.

Isso não quer dizer, no entanto, que não seja preciso cautela na criação de expectativas: apesar da promessa de um modo carreira que conta com nomes de peso da indústrias, ainda é necessário ver o que mais será confirmado em termos de conteúdo para que o jogo não corra o risco de repetir os mesmos erros de outros títulos recentes da Codemasters.

  • Lançamento

    09.10.2020

  • Publicadora

    Codemasters

  • Desenvolvedora

    Codemasters

  • Gênero

    Corrida

  • Plataformas

    PlayStation 4 Xbox One PC PlayStation 5 Xbox Series X Google Stadia