Ambientação é um fator chave de Diablo desde o início da série, em 1996. Músicas que aumentam a tensão dos jogadores, paisagens que passam a ideia de uma beleza tomada por forças malignas, a caminhada solitária por florestas infestadas de criaturas sobrenaturais. Tudo isso é fundamental para que um jogo da série pareça legítimo. E, na boa: Diablo II: Resurrected acertou em cheio ao manter a essência da experiência intacta.

Não entenda isso como um ponto negativo, mas a nova versão de Diablo II é praticamente idêntica ao jogo original em termos de desafios e proposta. Apesar da nova roupagem, com animações e texturas atualizadas, jogadores familiarizados com Diablo II não terão problema algum com Resurrected. Estamos falando de uma remasterização daquelas com as quais os fãs saudosistas sempre sonharam.

Tela de Diablo II: Resurrected.

Recentemente (não tanto assim, mas tudo bem), devo dizer que passei por uma experiência complicada. Resident Evil 3, lançado no ano passado, é um jogo bom, mas foge bastante da experiência que o jogo original proporcionava. A emoção de rever minha personagem favorita dos jogos se sobrepôs à frustração quando joguei pela primeira vez, mas, hoje, lamento que o game não tenha sido apenas uma versão HD do original. Com exceção do que fizeram com Carlos — ele, sim, se tornou um personagem muito melhor na nova versão.

A equipe responsável por Diablo II: Resurrected já esclareceu que, por baixo do novo visual, o jogo que está rodando é literalmente o mesmo lançado em 2000. Obviamente, as animações mais suaves facilitam a compreensão do que está acontecendo e, portanto, refletem na jogabilidade, que se torna mais atraente. Não o bastante para conquistar os fãs de Diablo III, por exemplo. Se você acha que vai ter uma experiência similar em fluidez, já devo adiantar que não é o caso.

Conversa em Diablo II: Resurrected.

Nos dois períodos de teste do jogo, fui tanto uma Amazona quanto um Bárbaro. As outras classes confirmadas para o jogo final incluem Assassina, Necromante, Paladino, Maga e Druida. Nos dois casos, achei a dificuldade padrão bastante tranquila. Ainda mais considerando o preço de itens e armas conforme avançamos na aventura. Pode parecer muito a princípio, mas, na verdade, se mostra bem tranquilo. Inclusive, o menu de transações é relativamente intuitivo, ainda que existam outros muito melhores. Como dissemos, não se trata de um remake.

O tamanho do inventário é um pouco maior em Resurrected quando comparamos com Diablo II, uma novidade agradável considerando a quantidade de itens que precisamos coletar enquanto exploramos novos ambientes e derrotamos inimigos. Garantir todas as peças de armadura disponíveis para cada parte do corpo do personagem é muito gratificante, inclusive. Eu só queria que os nomes de alguns objetos fossem mais óbvios (chegou um ponto em que eu tinha uns quatro escudos no inventário e só cliquei neles porque ainda não tinha decorado o nome). Nada que um tempinho a mais de jogo não solucione.

Classes de Diablo II: Resurrected.

O verdadeiro brilho de Resurrected está na arte. A iluminação do covil quando eliminei todos os monstros na primeira vez me deixou chocado. Assim que você termina de eliminar as criaturas, vem aquela luz na diagonal que preenche todo o ambiente, praticamente. Essa visão, mesmo em um jogo bonito que retém a simplicidade do original, é deslumbrante.

Ver os personagens em alta definição também é excelente. Em vez de blocos espremidos, podemos jogar Diablo II: Resurrected controlando e observando personagens com proporções adequadas e até dublagem em português. Sim! O jogo veio completamente localizado em português do Brasil. Isso chama atenção desde a primeira cena do jogo, que foi recriada de maneira fiel à original, mas com outro nível de resolução.

Árvore de habilidades em Diablo II: Resurrected.

Diablo II: Resurrected foi pensado para fãs que gostariam de reviver a experiência original com visual atualizado e algumas melhorias de "qualidade de vida", como dizem. Curiosos que conheceram a franquia por Diablo III também terão uma excelente oportunidade de reviver o antecessor, embora devam se preparar para um certo choque de realidade e muita adaptação no início. De qualquer forma, novos fãs dificilmente serão conquistados por meio desse game. A ideia é celebrar a série, simplesmente. E não há problema algum nisso.