Como é gostoso jogar algo primoroso que te dá vontade de nunca mais sair da frente do computador, né? E fica ainda melhor quando você descobre que o jogo é totalmente brasileiro, criado por duas minas fodas. Pois é.

Unsighted foi esse jogo pra mim. Desenvolvido por Tiani Pixel e Fernanda Dias, donas do Studio Pixel Punk, ele é um metroidvania com combate soulslike 2D e um estilo visual em 16-bits incrível.

A História

Em Unsighted conhecemos a história de Arcadia, uma cidade avançada tecnologicamente que acaba sendo atingida por um meteoro. Nele, um misterioso material — que eles chamam de Anima — foi encontrado e se tornou responsável por fazer com que os autômatos adquirissem consciência. E, ao invés de ter sido utilizado para fins positivos, ele foi responsável por iniciar uma guerra.

Isso porque os autômatos foram privados do Anima, que acaba sendo um recurso essencial para a sobrevivência deles, e então acabam se corrompendo e virando Unsighted — androides cuja essência vital se esgotou e apenas rodam o mundo em busca de Anima, matando outros robôs.

Neste cenário, você toma o lugar de Alma, uma autômata que não tem memórias do seu passado e acorda em um laboratório devastado com apenas uma coisa em mente: procurar Rachel, a androide por quem ela era apaixonada antes do desastre e única de quem tem recordações.

Alma descobre que pode impedir a corrosão iminente dos autômatos ao recuperar quatro peças de um antigo artefato e, então, ela parte em uma aventura à procura de Rachel e destas peças.

O Combate

O combate em Unsighted é excelente. Fluído, com tempos de defesa apropriados e padrões de boss recompensadores.

Posso confessar que metroidvania não é meu estilo favorito de jogo, mas Unsighted me ganhou em todos os pontos e detalhes. Uma vez que eu consegui entender e me acostumar com todos os movimentos, combos e ataques, gostei muito da facilidade com que o resto do jogo fluiu para mim.

Literalmente correr para terminar uma masmorra — ou o termo speedrunning, como você preferir — é necessário em Unsighted, já que os autômatos, inclusive Alma, possuem um limite de tempo de vida, que pode, inclusive, ser aumentado por você com os itens certos. 

O jogo também oferece uma variedade satisfatória de armas e possibilidades de combos entre elas. O sistema de defesa, por ser bastante similar com as mecânicas de souslike, preciso confessar, me pegou um pouco, já que eu também não sou a maior fã desse estilo de jogo, mas torna-se necessário e acaba sendo bastante recompensador.

Você também poderá ajudar Alma a melhorar seu combate com um sistema de chips — com um espaço limitado — que garantem benefícios e reforços aos jogadores. Aumento de vida, vigor, ataque e muitos outros.

A Exploração

O jogador aqui é livre para fazer o que bem entender. Explore o mapa e todos seus cenários em 16-bits livremente, já que em Unsighted, a exploração é não-linear.

Além disso, todos os pedacinhos do mapa são interligados e possuem diversos quebra-cabeças desafiadores, além de passagens secretas e diversos outros detalhes incríveis para que o jogador explore-o da melhor maneira possível. 

Você não vai se cansar ou simplesmente não ter o que fazer em Unsighted, já que existem muitas coisas para encontrar pelo gigantesco mapa de Arcadia.

A Conclusão

Unsighted tinha (quase) tudo que eu normalmente evito em um jogo, mas resolvi dar uma chance para ele e não me arrependo nenhum pouco. Foi, de longe, uma das melhores experiências em jogos brasileiros que tive.

Ele é certamente um dos melhores jogos de 2021 e, agora que estou escrevendo essa resenha depois de terem anunciado os indicados ao The Game Awards 2021, me sinto extremamente triste e revoltada porque esse título não está lá, na categoria de Melhor Jogo Independente. Bom, se conta para algo, Unsighted já ganhou essa categoria no meu coração.

Nota do crítico