No meio da Floresta Amazônica, um pequeno grupo de aprendizes de xamã de diferentes tribos se juntam para explorar a mata, enfrentar diversos perigos e encontrar uma misteriosa criatura para conseguirem salvar a floresta.

Essa é a premissa de Tunche, um beat’em up com roguelike desenvolvido pela Leap Game Studios e distribuído pela HypeTrain Digital para Xbox One, Nintendo Switch e PC.

Igual a outros mas… original

Estando em um gênero como roguelike é muito fácil acabar caindo na mesmice desses jogos, como Hades, por exemplo. Mas Tunche consegue ser autêntico e se destacar de tantos outros — principalmente pelo foco nas histórias indígenas e no folclore.

É diferente e incrível explorar uma região de mata — que já exploramos diversas vezes em outros jogos — com a perspectiva de personagens indígenas.

E tudo no jogo possui uma história. Desde os personagens principais a NPCs, chefões e mesmo inimigos comuns das salas recorrentes.

Dito isso, é importante reforçar que o jogo se torna único e consegue se destacar pela história, o modo de contá-la e o visual incrivelmente bonito que possui. A jogabilidade e mecânica é algo a ser discutido mais adiante neste texto.

Lenda do Tunche

Existe uma lenda no folclore peruano que é muito conhecida por todos lá e ela é chamada de “Lenda do El Tunche”. Ela não diz exatamente o que esse ser é, mas fala sobre seu poderoso assobio.

Algumas pessoas dizem que ele é um demônio que anda livremente pela floresta peruana, chegando perto de suas vítimas sem fazer qualquer barulho e, então, assobia anunciando a morte de quem o ouvir.

Tudo é encantador

Em Tunche, você pode escolher entre cinco personagens jogáveis para adentrar a floresta e começar sua aventura.

Eles são: Rumi, a feiticeira; Pancho, o músico; Qaru, o menino pássaro; Nayra, a guerreira e Hat Kid — personagem do jogo A Hat in Time. Todos eles têm suas habilidades e características únicas, além de sua própria árvore de evolução de habilidades.

A cada tentativa das salas, ganhamos dinheiro e experiência para que possamos usar no acampamento com os diversos — e adoráveis — NPCs para comprar novas habilidades, feitiços e efeitos para os personagens.

O gráfico é algo encantador e dá vontade de ficar horas só olhando pra tela do acampamento onde todos se reúnem em volta da fogueira antes de começar uma aventura. Juro. Toda a cor, vida, personalidade única de todos os visuais cuidadosos e detalhados são absolutamente incríveis.

Inclusive, o visual do jogo foi todo desenhado a mão, tornando a experiência ainda mais saborosa e delicada. Junte isso a uma trilha sonora imersiva e cativante e você vai perder boas horas nesse joguinho.

Controles e jogabilidade

A jogabilidade de Tunche encaixa o beat’em up bem no jogo, mas, como eu joguei ele no teclado (o recomendado é jogar com um controle), isso deixou um pouco a desejar pra mim — já que estranhei bastante a mecânica e, especialmente, a profundidade do cenário.

Um ponto negativo é a impossibilidade de alterar os botões e atalhos para o teclado, o que acabou fazendo minha experiência nesse sentido ser bastante negativa já que eu estava sem um controle disponível por aqui.

Alguns combos acabam não encaixando direito e, muitas vezes, você vai acabar frustrado porque tinha a oportunidade perfeita mas, por alguma razão desconhecida, não conseguiu atingir nada — e também considerando que quanto mais alta sua classificação na sala, maior seu nível de recompensas.

A progressão no jogo é um pouco mesquinha e ele é, eventualmente, repetitivo, principalmente por se tratar de um roguelike onde a ideia é morrer, voltar, morrer, voltar. O ponto positivo relacionado a isso é a possibilidade de trocar de personagens e evoluí-los conforme joga.

Além disso, você também pode jogá-lo no modo multiplayer de tela dividida com até 3 amigos.  E ele é definitivamente um jogo melhor aproveitado se estiver dividindo com amigos.

Conclusão

Tunche é um bom jogo para os fãs dos gêneros beat’em up e roguelike. Não vai ser o melhor que você jogará, certamente, mas com certeza um dos mais bonitos e agradáveis visualmente.

Ele também é um jogo orgulhosamente peruano que abraça sua história, suas raízes, cultura e foge do normal ao trazer a Floresta Amazônica e todo o folclore peruano para as telinhas dos videogames.

Seu valor reduzido no Steam (R$37,99) comparado a outras versões como a de Nintendo Switch (R$101,95) e do Xbox One (74,95) pode ser um atrativo para os usuários de PC que desejam jogá-lo.

Tunche é uma experiência única e incrível pela Floresta Amazônica com personagens carismáticos e é claramente visível todo carinho dos desenvolvedores ao terem criado o jogo e apesar de seus pontos negativos, ainda é uma experiência que vale a pena — se for jogando com seus amigos, e de preferência com um controle.

Nota do crítico