Depois de Trine 3: The Artifacts of Power ter sido lançado em 2015 e ter entregue uma campanha curta, um estranho gameplay em 3D (descontinuando a fórmula em 2.5D dos dois games anteriores), e uma história inacabada; a sensação que ficou é a de que seria difícil reerguer essa série de jogos, caso a Frozenbyte optasse por esse caminho.

Então, em março de 2019 a desenvolvedora anunciou Trine 4: The Nightmare Prince. Enfim o ingrato cliffhanger que o terceiro game deixou receberia sua devida continuação e, com sorte, o gameplay seria otimizado independente da fórmula que o estúdio decidisse seguir (3D ou 2.5D).

A missão que Trine 4: The Nightmare Prince recebeu antes mesmo de ser lançado era difícil, mas não impossível; e, curiosamente, o estúdio Frozenbyte e a publisher Modus Games não seguiram nem um e nem outro dos caminhos previstos.

Na realidade, o quarto game trouxe de volta a jogabilidade (e a câmera) em 2.5D presentes nos dois primeiros jogos, e, em termos de história, ele não continua a trama de Trine 3: The Artifacts of Power, quase como se ignorasse a existência desse terceiro jogo e colocasse os Heróis de Trine em uma nova aventura atemporal.

O trio composto pelo mago Amadeus, o cavaleiro Pontius e a ladra Zoya está de volta, sim, mas aqui, a missão deles é trazer o Príncipe Selius de volta para a Acadêmia Astral, de onde ele desapareceu após um acidente com magia. Assim, os Heróis de Trine investigam o sumiço do nobre jovem e tentam de várias formas levá-lo embora.

O plot é bem simples e divertido e, honestamente, soa quase como parece um soft reboot (ou uma continuação informal?), já que não há citações sobre os Artefatos, sobre o vilão Sarek ou qualquer outro elemento recorrente dos jogos anteriores - com exceção da Acadêmia Astral e do trio ser reconhecido como os Heróis de Trine.

Review: Trine 4: The Nightmare Prince
Frozenbyte/Reprodução

De toda forma, a saída encontrada pela Frozenbyte e pela Modus Games deu luz a mais um ótimo game da série. Trine 4: The Nightmare Prince é o jogo mais longo da franquia (com pelo menos 15 horas de gameplay em uma primeira jogada), o mais bonito e o mais divertido de se jogar.

Os gráficos relembram bastante os dois primeiros jogos, mas com qualidade e definição maiores. Os bonecos, os cenários, os animais e os monstros estão mais detalhados, mais coloridos, mais ricos e vivos; mesclando um estilo visual mais estilizado com animações agradáveis e um tanto cartunescas.

Por sua vez, a jogabilidade está ainda melhor do que nos games anteriores (especialmente os que usam a câmera 2.5D). O multiplayer cooperativo online (e offline) do terceiro título está de volta, o que significa que até 4 pessoas podem jogar juntas, alternando as habilidades únicas dos personagens para resolver os puzzles.

Review: Trine 4: The Nightmare Prince
Frozenbyte/Reprodução

Os puzzles, por sinal, estão bastante intuitivos e exigem que o jogador entenda como funciona cada habilidade dos três personagens, já que todas elas, sem exceção, serão utilizadas para resolver os quebra-cabeças.

As habilidades são conquistadas automaticamente conforme o jogador avança na jornada e algumas técnicas extras são liberadas com pontos de melhorias. Estes por sua vez, são adquiridos quando se coletam frascos, espalhados e escondidos nos cenários. Toda a evolução da árvore de habilidades flui bem no decorrer da aventura.

Existem ainda colecionáveis que exigem resolução extra de puzzles, mas estes são itens puramente adicionais, que servem apenas para acúmulo de conquistas/troféus. A duração de Trine 4: The Nightmare Prince, também está na medida certa: em uma primeira jogada, espere levar pelo menos 15 horas de jogatina.

Review: Trine 4: The Nightmare Prince
Frozenbyte/Reprodução

A história e os cenários são divididos em quatro arcos, contando com os prólogos do trio de protagonistas, o que faz da narrativa algo bastante instigante. As fases também contam com um número razoável de combates com inimigos comuns, intercalados com puzzles e exploração.

A exploração, por sinal, muitas vezes é bastante agradável, com detalhes nos cenários saltando aos olhos em primeiro, segundo e terceiro plano e enriquecendo ainda mais o mundo de Trine 4: The Nightmare Prince. Vale também ressaltar que os diálogos entre os Heróis de Trine continuam bastante divertidos.

O jogo em si oferece alguns desafios maiores, especialmente quando se trata de chefes. Muitos dos chefões exigem mais estratégia do que habilidade com armas propriamente dita e este é um dos pontos altos de toda a jornada.

Review: Trine 4: The Nightmare Prince
Frozenbyte/Reprodução

Porém, vale ressaltar que, dentre os pontos negativos, está a falta de variedade nos inimigos e os encontros com chefões também são bastante pequenos. Ainda assim, como um todo, Trine 4: The Nightmare Prince é um ótimo recomeço para a série.

Uma pena apenas que o jogo tenha chegado no fim da atual geração de consoles; além de ter sido lançado em um período conturbado, chegando em meio a outros grandes títulos em outubro, tais como The Outer Worlds, Luigi’s Mansion 3, Call of Duty: Modern Warfare e Disco Elysium (apenas para citar alguns). 

O período em que foi lançado e sombra das polêmicas vividas no título anterior certamente pode ter apagado um pouco de seu brilho, mas de toda forma, particularmente, se os próximos games da série seguirem essa mesmíssima fórmula, certamente a franquia Trine só tem a ganhar, além de angariar ainda mais jogadores para a série.

Review: Trine 4: The Nightmare Prince
Frozenbyte/Reprodução
Nota do crítico