Quando o assunto é jogo publicado pela Devolver Digital, o jogador já tem uma ideia do que esperar. Um game com orçamento menos parrudo, mas que provavelmente vai apresentar alguma mecânica inovadora ou releitura criativa de um gênero dos videogames.

Foi assim que Fall Guys surgiu para o battle royale e Carrion, com seu "terror reverso", para o metroidvania. Dito isso, Boomerang X, aposta lançada hoje pela Devolver para PCs e Nintendo Switch, cumpre o seu papel e expande o que se espera de um FPS lançado pela publicadora.

No lugar de um arsenal de armas como em Counter-Strike, estamos equipados como um bumerangue mágico, que faz desse jogo mais um First-person bumerangue

Na aventura, controlamos um náufrago que chega a uma ilha dominada por criaturas das trevas. O protagonista aceita a enfadonha missão de viajar até o centro do planeta para descobrir como uma civilização de insetos terminou dizimada, após explorar cristais misteriosos como recursos naturais.

Pelo caminho, o personagem vai enfrentar um número variado de hordas de inimigos em diferentes arenas. Cada arena é como uma sala de espaço limitado. Elas servem de palco para o combate e muitas vezes são algozes para quem tenta ganhar tempo fugindo de ondas de inimigos que dizimaram a vida na ilha

Dentro de uma arena, o jogador deve derrotar monstros específicos para passar para a próxima horda. Se cumprir sua missão, você avança. Se perder todas as quatro ou cinco vidas em uma onda, a fase toda é reiniciada.

Os inimigos são baseados em animais, tal como em Horizon Zero Dawn. Espere encontros com aranhas, pássaros muito rápidos e até uma espécie de girafa que gera uma tempestade mortal.

Para te ajudar a sobreviver ao perigo, você conta com o bumerangue deixado pela civilização da ilha. As coisas começam a ficar interessantes quando o jogador descobre que o artefato não serve apenas para aniquilar hordas de monstros, mas, fase a fase, vai ganhando habilidades mágicas.

Enquanto ele estiver no ar, você pode se teletransportar até ele para mergulhar no meio da ação. Em dado momento do jogo, controlar a arma faz o tempo desacelerar e te permite fazer arremessos precisos. Além das habilidades de movimentação, a arma conta com magias ofensivas que envolvem seu corpo em chamas e dispara um tiro preciso de longa distância.

Todas as mecânicas que envolvem a arma deixam o jogo estiloso e cheio de adrenalina. Com o passar das arenas, o jogador vai descobrindo que ficar no chão ou sem usar habilidades diferentes a todo momento, não é uma boa escolha para avançar.

O ritmo acelerado deixa o clima do jogo muito mais legal, mas também tem seu custo. Jogando com o DualSense no computador, senti minhas mãos cansarem em fases mais avançadas, ao passo que precisava apertar dois botões continuamente a cada segundo para me teletransportar em uma arena tomada pelo caos.

Boomerang X é mais do que acertar um tiro com rapidez. A aventura é sobre movimentação e estar sempre em alerta.

O jogo entende a precisão que o jogador precisa ter para acertar um inimigo em um First-person shooter (FPS) e leva essa habilidade para o centro de toda a jogabilidade.

Tudo em Boomerang X é sobre precisão e raciocínio rápido. Da mesma forma que centímetros de uma mira desajustada podem sepultar uma partida de Counter-Strike, um pulo ou até uma habilidade de desacelerar o tempo usada na hora errada, pode ser o seu fim aqui.

Controlar o protagonista e seu bumerangue durante o jogo me lembrou do carisma que Valorant empregou ao FPS, misturando poderes e um ambiente envolvente e menos realista. A vantagem aqui, é a campanha totalmente single-player de Boomerang X, em que posso aproveitar o ambiente desse tipo de jogo sem me preocupar em ser terrivelmente pior que outros jogadores.

O jogo não chega a ser um novo Bioshock com uma cidade inteira para explorar e uma história profunda, com diversas magias. Mas, dentro do que esperar de uma produção independente, Boomerang X pode te surpreender.

Os comandos estão bem programados. As telas de loading estão escondidas em quedas para o centro da terra e os cenários passam na média em questões como level design.

O maior ponto negativo talvez seja a duração total da aventura e um pouco das repetições nas arenas. Terminei Boomerang X em cinco horas, o que considero um tempo curto para um jogo, mas a sensação final foi de que não gostaria de mais.

Apesar de uma luta final épica que te faz usar tudo que você aprendeu, a trajetória de Boomerang X faz o movimento de um bumerangue. Vai te surpreendendo à medida que avança, até dar a volta e completar totalmente o que você espera da aventura. 

Nota do crítico