Durante a BGS 2018, a Nintendo plantou as primeiras sementes do seu retorno ao Brasil com o anúncio de cartões pré-pagos para jogos de Switch.

Cinco anos mais tarde, e este primeiro anúncio tímido deu lugar a um dos estandes principais da BGS 2023, uma representação do quanto a presença da empresa cresceu no país neste período.

Imagem de Super Mario Bros Wonder
Nintendo

"O Brasil é nosso mercado de maior crescimento na América Latina, e continuamos a ver muitas oportunidades", disse o diretor sênior e gerente geral para a América Latina da Nintendo of America, Bill van Zyll, em entrevista com The Enemy.

É difícil saber o nível deste impacto sem números mais precisos, mas olhando de fora, parece que a empresa quer seguir avanço e expandido por várias frentes: tanto na parte dos consumidores (dos jogos ou não), quanto pelos desenvolvedores e membros da indústria de games brasileira.

"Tem continuado a evoluir, continuado a crescer. Tem sido bem legal de ver."

Essas oportunidades não se limitam aos jogos, já que o Brasil ficou no Top 10 de bilheteria global de Super Mario Bros. – O Filme, faturando pelo menos 133 milhões de reais até junho.

"Temos uma boa fundação e uma boa base", diz van Zyll. "Estamos trabalhando duro – sei que não rápido o suficiente, sei que nossos fãs querem mais –, mas estamos trabalhando passo a passo."

Construindo as capacidades

Super Mario Bros. Wonder
Nintendo/Divulgação

Como dito pelo próprio Bill van Zyll ao The Enemy poucos meses atrás no BIG Festival, o objetivo da Nintendo agora é manter um "avanço contínuo" no país, seja em termos de hardware e software quanto no processo de localização de jogos para português brasileiro.

Em 2023, jogos como Pikmin 4, Super Mario Bros. Wonder e WarioWare: Move It! contam com localização em PT-BR. Ainda assim, há lacunas consideráveis nesse catálogo, com a maior delas sendo The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom.

De acordo com o executivo, no momento a empresa está "construindo suas capacidades e recursos para localizar mais e mais jogos", e que isso "não pode ser construído do dia para a noite" – mas também sabe da frustração que isso pode causar em certos casos.

"Parte [da estratégia] é encontrar os jogos certos em que localizar para português do Brasil faz sentido", diz van Zyll.

Princess Peach: Showtime!
Nintendo/Divulgação

No ano que vem, Princess Peach: Showtime! vai ter localização em português, mas não vai ser o caso de títulos como Luigi's Mansion 2 HD e Paper Mario: The Thousand Year Door, ambos remakes.

"Quando há remakes, e eles já não estão em português, é mais difícil incorporar no processo", explica o executivo. "Então eles costumam não ser feitos. Mas em termos de expectativas, acho que o mercado brasileiro espera que todos os jogos sejam localizados, e é isso que queremos alcançar."

"Há uma vontade [da Nintendo] de localizar todos os nossos jogos, nós só não aumentamos o ritmo ainda. Mas estamos fazendo isso passo a passo."

Brasil no Switch

A estratégia da Nintendo não se limita apenas ao público consumidor, com a empresa também focada em trazer jogos e talentos brasileiros para o catálogo do Switch.

"O país com o maior número de estúdios com quem estamos trabalhando no Switch estão aqui no Brasil", diz Bill van Zyll, que também disse estar impressionado com o número de desenvolvedores e projetos mostrados na avenida indie da BGS.

"Nós também apoiamos [o BIG Festival] porque sabemos que há muito talento local e queremos dar apoio para eles."

O próprio estande da Nintendo da BGS conta com um espaço dedicado a jogos nacionais, com seis jogos disponíveis para teste: Horizon Chase 2 , da Aquiris; Haunted House, da Orbit; DreamWorks Trolls Remix Rescue, da PetitFabrik; Mirrored Souls, da Flux; Hamster on Rails, da DX Gameworks; e Ruff Ghanor, também da DX Gameworks.

Fabricação nacional?

Nintendo Switch
Nintendo/Divulgação

Uma das principais questões que afetam o consumo de consoles e jogos da Nintendo segue sendo o preço desses produtos, sendo inacessíveis para boa parte da população brasileira.

Perguntado sobre a possibilidade de fabricação nacional, van Zyll diz que esta é uma questão "complexa".

"Por exemplo, você pode presumir 'bom, se eles produzirem aqui no Brasil, [o preço] vai ser mais acessível'. Não necessariamente, porque novas taxações e regras passariam a ser aplicadas. Além disso, o custo da fabricação aqui também seria diferente."

Uma iniciativa deste tipo teria que ter algum custo-benefício para a própria Nintendo também, e ao que tudo indica parece ser uma possibilidade bem remota. Ainda assim, o executivo reforçou que o objetivo da empresa é de tentar trazer seus games para o máximo de consumidores possíveis no Brasil.

"A parte que estamos focados é a parte que podemos controlar, e continuamos a olhar para os jeitos que estamos chegando ao mercado – seja com nosso conteúdo digital ou com mídia física – além da nossa estrutura de distribuição."

"Estamos sempre olhando para formar de trazer nosso produto para o consumidor brasileiro de forma mais eficiente e com um preço melhor", diz. "Consumidores têm que fazer escolhas importantes no que podem gastar com seu dinheiro."

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"Por isso, é definitivamente uma das nossas principais questões, e continuamos a procurar por jeitos de trazer os produtos da forma mais acessível possível para o consumidor aqui do Brasil."


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