Mesmo que só tenha sido lançado oficialmente hoje, dia 2 de junho, Valorant já possui um cenário competitivo muito bem desenhado e que já tem torneios programados para os próximos meses.

A natureza do game, afinal, é competitiva. A Riot Games mantém suas raízes fortíssimas nesse aspecto, e a principal missão do game sempre foi a de ser mais um shooter em meio às modalidades de esports.

Ainda é difícil concluir se o game conseguirá bater de frente com CS:GO. Em níveis de audiência, ao menos, o jogo da Valve é soberano há anos e dificilmente sentirá um grande impacto na sua base de fãs. Ainda assim, os diferenciais de Valorant podem ser um atrativo para alguns espectadores.

De qualquer forma, o cenário parece estar bem estabelecido e com um caminho pavimentado para o sucesso. A Riot divulgou as diretrizes competitivas do game ainda durante sua fase beta, fugindo um pouco do circuito fechado de League of Legends e se aproximando do próprio CS:GO.

Todas as nuances foram detalhadas em um documento publicado pela própria desenvolvedora, mas o cerne de Valorant como esport está em eventos múltiplos, promovidos por diversos organizadores e com diferentes níveis de importância.

Nas regras estabelecidas pela Riot, serão três níveis de torneio: os mais simples, com foco em comunidade local e premiação máxima de US$ 10 mil; os medianos, feitos por influenciadores ou marcas e com até US$ 50 mil em prêmios; e os Majors, criados por organizadores de grande porte, como ESL e DreamHack.

Dentro de cada um desses “rankings”, há também regras específicas para narração, utilização de marcas e outras burocracias. O suco disso tudo, entretanto, é um cenário extremamente parecido com o de Counter-Strike - na verdade, a única grande diferença é que a Riot ainda não anunciou seus próprios torneios, algo que deve acontecer em breve.

Em meio à pandemia, o grande desafio da Riot é criar uma comunidade forte sem eventos presenciais. Claro, a popularidade entre streamers e bons números de audiência na Twitch são bons sinais, mas o grande palco dos esports é presencial.

Com diretrizes estabelecidas, a Riot sai na frente

É impossível criar um cenário competitivo sem organizações dispostas a criar suas próprias equipes. Felizmente para Valorant, vários elencos foram formados antes mesmo do game entrar em estágio de beta.

A T1, multicampeã no League of Legends, saiu na frente com a contratação de Brax, jóia renegada do CS:GO. O time, entretanto, ainda não anunciou seu quinto jogador para o elenco.

Outras organizações de peso como Cloud9, forZe, Godsent, Ninjas in Pyjamas e Team SoloMid também já anunciaram sua entrada na modalidade, mesmo antes do game receber sua versão completa.

Dentro do Brasil, idem: MIBR, Flamengo, paiN e INTZ são apenas alguns dos nomes que já possuem interesse em uma line-up de Valorant. Entretanto, nenhum anúncio foi feito até o momento.

Os times, vale citar, costumam ser compostos por ex-jogadores de CS ou de Overwatch que decidiram dar a chance a outra modalidade. Por mais que a impressão inicial seja de que Valorant funciona como um “refúgio” para esses atletas, é questão de tempo até que novos talentos sejam revelados.

Valorant é um dos primeiros grandes jogos a surgirem quando os esports já são algo consolidado. Ao contrário de League of Legends e Counter-Strike, o shooter chega em um mundo que já está acostumado com as audiências gigantescas dadas aos esportes eletrônicos.

Claro, Rainbow Six Siege, Overwatch, Rocket League e até mesmo Fortnite foram lançados quando o contexto de esports já existia, mas Valorant ainda assim traz uma aura diferente, deixando mais claro do que todos os outros que seu foco é apenas no cenário competitivo.

Em Battle Royales, principalmente, é fácil perceber que as publishers demoraram a encontrar um caminho para seus cenários - Fortnite, por exemplo, levou anos para conseguir emplacar sua Copa do Mundo. Apex Legends, PUBG e outros do gênero também podem ser enquadrados nisso.

Até mesmo Rainbow Six Siege sofre com isso: o game já é bem consolidado entre os esportes eletrônicos, mas acaba de passar por uma reformulação gigantesca procurando expandir sua base e criar um ecossistema mais coeso.

A Riot, por sua vez, sai na frente ao possuir uma expertise extensa adquirida tanto no League of Legends, quanto em observar o que o rival CS:GO tem feito ao longo dos anos. O reflexo disso está justamente no interesse amplo das equipes em formar elencos de Valorant, além de campeonatos que aconteceram mesmo quando o game estava em beta.

Dito isso, apenas o futuro dirá se o game será engolido por seus antecessores, ou se será um dos primeiros a quebrar essa díade formada por LoL e CS.