O Fluxo no Counter-Strike: Global Offensiv (CS:GO) já é uma realidade. Diretor da organização, Renan Philip, concedeu uma entrevista exclusiva ao The Enemy e falou mais sobre a construção da nova equipe, investimentos e a expansão para a modalidade - que promete ser duradoura.

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A chegada do Fluxo no FPS da Valve inundou as redes sociais com a frase "Fluxo no CS". Mais uma vez, a torcida da organização demonstrou estar em peso apoiando e criando hype sobre todas as equipes que carregam a bandeira do Fluxo. Não à toa, no final do vídeo da revelação da line-up, foi dito "o hype foi plantado".

Juntamente de todo este suporte, a comunidade também trouxe algumas preocupações, a qual Philip deu sua visão e explicou durante o papo.

Montagem do elenco

Foto: Saymon Sampaio/André Luis

A primeira delas era em relação à montagem da equipe com felps. Mesmo se provando dentro dos servidores várias vezes, o pro player tem um histórico de saídas repentinas, até mesmo de equipes em boa fase. Para o Fluxo, no entanto, isso foi descartado.

"Já no início de conversa e estruturação do projeto, deu para perceber que o felps está muito diferente do que já foi", cravou Philip. "Esses meses de pausa desde a GODSENT, foram a primeira vez que ele realmente se permitiu pausar e refletir sobre a vida, ao invés de continuar naquela mesma loucura de 'não deu certo aqui, mas tenho que continuar, tenho que me esforçar, preciso colocar tudo pra frente do jeito que der', enfim… Alguma coisa neste período fez muito bem a ele e o felps realmente virou uma chavinha", completou.

Em seguida, foi dito no que exatamente o jogador mudou: "Eu já trabalhei com o felps algumas vezes nos últimos setes anos e hoje eu o vejo muito diferente. Ele veio para cá como um líder, como um atleta muito experiente e que quer não só estar bem dentro do servidor - que sempre foi uma preocupação dele -, mas também que entende que para o bem estar de todos, é preciso uma colaboração geral de imagem, construção de carreira de cada um, o desenvolvimento de cada jogador e não só dele... Esse novo felps realmente me impressionou muito e está bem mudado".

Segundo Philip, foram felps e WOOD7 que procuraram a organização para iniciar as conversas sobre a possibilidade de expansão ao CS:GO. Além dos elogios feitos ao felps, o diretor do Fluxo também não poupou palavras para WOOD7.

"Com o felps nós já tínhamos essa primeira peça para começar essa expansão que precisava fazer sentido. Junto dele havia o WOOD7, que tem referências muito boas de amigos próximos - tanto como ser humano, quanto resultados diretos que o MIBR deixou de ter, assim que ele saiu. Fora tudo isso, não que mude tanta coisa, mas ele é formado em engenharia e tem uma construção diferente da maioria dos jogadores de esport. Foi ele que estruturou bastante do modelo financeiro do time. Sentava conosco e entendia junto, tudo o que podia ser feito neste âmbito".

A partir disso, Philip afirmou que a organização tinha dois caminhos a seguir: um mais comedido, com jogadores novos e que necessitavam pouco investimento, ou o "Modelo Fluxo". Pelos R$ 2,5 milhões aplicados em contratações e afins, a escolha feita é óbvia.

"Nós optamos pelo modelo Fluxo de investimento, de fazer a coisa acontecer mais rápido, enquanto procuramos resultados melhores e mais rápidos também", disse. "Porém, nisso tudo, entendemos que estamos falando de esporte, então é possível que alguém gaste um bilhão de Reais e nem assim tenha os resultados almejados. Nós temos expectativas alinhadas no lugar certo e um investimento do tamanho da organização", continuou.

Investimentos

Foto: Saymon Sampaio/André Luis

Falando em investimento e cifras, Philip não escondeu que se surpreendeu em alguns momentos: "Com certeza a gente não esperava [os valores encontrados]", disse dando risadas. "Pelo menos não no nível dos investimentos que fizemos na aquisição de jogadores. O mercado está num momento diferente e isso possibilita que as equipes possam, pela primeira vez, cobrar o que acham que faz sentido".

Em seguida, ele clareou sua visão sobre o assunto e explicou que não vê problema nisso.

"No fim das contas, acho que é justo. Os contratos estão aí para serem cumpridos e isso inclui pagar multas de rescisão. Cada organização entende seu modelo e como ele funcionará. Então, não esperávamos valores específicos, mas esperávamos sim pagar valores de aquisição e investimento no time como um todo, no mínimo similares ou até maiores aos nossos - até para montar uma equipe no calibre que montamos. O fato de alguns valores vazarem também nos pegou de surpresa, mas colocando na ponta do papel e entendendo o modelo de negócio com os jogadores, tudo fez bastante sentido", revelou.

Encerrando o assunto de valores, Philip revelou uma pequena preocupação sobre cobrança em cima de jogadores, porém acredita totalmente no papel do Fluxo para minimizar essa situação e levar tranquilidade aos seus players.

"Eu acho que a galera vai fazer bastante isso com o Lucaozy [cobrá-lo pelo valor de multa investido nele]. Esporte é assim mesmo, pode ser que no início ele não desempenhe tão bem quanto todos esperam, mas nós estaremos aqui exatamente para sermos o suporte dele e o ajudarmos a passar por isso e passar bem. Do nosso lado, tenham certeza que a pressão se transformará em suporte. E, da mesma forma, esperamos que, essa mesma pressão, desses mesmos fãs, uma vez que a gente consiga performar bem, vire apoio. E eu sinceramente acredito que começaremos muito mais no apoio e o próprio Lucaozy se sentirá abraçado pelos fãs independentemente de valores”, disse.

Expansão para o CS:GO

Foto: Saymon Sampaio/André Luis

Entrando de vez no que diz respeito ao Fluxo expandir e se estruturar dentro do CS:GO, uma tecla que foi batida várias vezes foi a de "longo prazo". Sem titubear, Philip afirma que o Fluxo chegou para ficar.

"Nós não temos um projeto de CS, nós temos um time de CS, porque o Fluxo expandiu para o Counter-Strike e não pretende sair pelos próximos 5, 10, 20 anos, quanto tempo nos for permitido. Óbvio que temos contratos assinados, tanto com jogadores quanto patrocinadores que tem uma determinada duração, a qual iremos honrar, mas estamos aqui para construir, assim como fizemos no Free Fire. É um modelo de construção, abertura de negócio e entender, até chegar num modelo sustentável, que dure muito tempo. Por exemplo, essa preocupação de estar no CS não é uma preocupação que as pessoas têm com a FURIA, por exemplo. Nós esperamos construir uma história grande o suficiente para também ter esse reconhecimento", explicou.

Para, de fato, se erguer no cenário e traçar uma história longa e vitoriosa, o Diretor do Fluxo fala que acredita bastante no staff da organização, que sabe exatamente o que está fazendo.

"Nos últimos 12 meses, nós tivemos cerca de dez conversas diferentes sobre a expansão para o CS:GO, especificamente. É um mercado que a gente entende bem, acho que até melhor do que a maioria das novas organizações de esports. Isso por conta dos históricos grandes da nossa equipe de administração, além do fato de sabermos iniciar bem nesse mercado. Por isso esse sempre foi um passo lógico para nós, só que precisávamos achar o grupo certo de jogadores - tanto pelos próprios jogadores, quanto pela parte de negócios, para que possa ser sustentável. Hoje nós acreditamos que achamos esse grupo", contou.

No início do texto, falamos sobre as preocupações de algumas pessoas relacionadas ao Fluxo no CS:GO. Alguns temiam que esta era apenas uma tentativa de estar no Major do Brasil e depois tudo podia acabar. Segundo o diretor da org, internamente isso é impensável, e deveria ser para todo o mercado também.

"Se alguém está entrando no CS:GO apenas para estar no Major, ou seja, tentando fazer um pequeno voo de galinha, está muito errado", afirmou. "Esse aí não entende nada de esports e nem do que é o cenário de Counter-Strike e, por isso, com certeza, só encontrará frustrações. Claramente esse não é o nosso plano, pois temos um planejamento de bastante longo prazo", complementou.

Durante a coletiva e também na entrevista, foi dito que o Fluxo ficará mais no Brasil no ano de 2022. Para o ano de 2023, no entanto, as coisas podem mudar. Ainda assim, a organização pretende manter o time mais próximo dos fãs locais, até mesmo fisicamente, mais do que o de costume.

"Diferentemente do que a maioria dos times fizeram antes, uma certeza que a gente tem é que teremos que estar muito mais aqui no Brasil. Na minha época de MIBR, nós vínhamos duas vezes para cá no ano e éramos o time mais importante do país. Isso não pode acontecer e nós não deixaremos se repetir", concluiu.

Inclusive, o primeiro grande desafio do Fluxo no CS:GO será aqui mesmo no Brasil, já visando o Major. A primeira qualificatória aberta do IEM Road to Rio 2022 começa para a América do Sul já nesta segunda-feira (15).