Após conseguir sucesso nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial em Battlefield 1, a DICE decidiu voltar às origens no mais novo jogo da série, transferindo os campos de batalha para diferentes terrenos da Segunda Guerra.

Para este novo título, porém, a EA e a produtora decidiram renovar o modelo tradicional de distribuição de conteúdo da série, eliminando os Passes de Temporada e criando um sistema de distribuição mais sazonal, com novos modos, mapas e novidades sendo liberados com o passar dos meses.

Sendo assim, é estranho analisar Battlefield V em seu lançamento, porque muitas das verdadeiras novidades do game só devem sair em 2019, o que me faz sentir que, de certa forma, este texto está cheio de lacunas e partes incompletas.

Isso porque Battlefield V parece, ao menos inicialmente, um jogo incompleto. Que evolui diversos conceitos de seu predecessor e ainda com a qualidade de mecânicas, som e visual que se espera da franquia, mas cujo verdadeiro potencial ainda não foi atingido.

Battlefield V traz um modelo de jogo relativamente parecido com Battlefield 1, dividido entre singleplayer e multiplayer. Após o sucesso das narrativas do game anterior, a DICE segue com as Histórias de Guerra, contando histórias de diferentes eventos e frentes durante o conflito.

No lançamento, o singleplayer é composto por três contos diferentes: Nordlys, mostrando os esforços da Resistência Norueguesa contra o programa atômico alemão; Tirailleur, envolvendo soldados de colônias francesas da África lutando para libertar a França; e Por Conta Própria, que traça as origens das forças especiais britânicas.

São histórias, rápidas simples e relativamente bem contadas, mas sem grandes surpresas em termos de gameplay. Destes, Nordlys é o mais interessante e efetivo, ao incluir mais técnicas de infiltração e sabotagem e até uso de esquis para se locomover.

(Minha maior reclamação é que, de alguma forma, a verdadeira história baseada em eventos similares daria um jogo e tanto)

O multiplayer segue um modelo familiar para fãs da série, com os modos Conquista, Dominação, Ruptura, Linhas de Frente, e Grandes Operações.

Conquista mantém a mesma fórmula de sucesso dos games anteriores da série, não trazendo mudanças radicais em seu sistema de jogo. O mesmo pode dizer de seu “primo”, Dominação.

Os outros modos misturam diferentes conceitos do jogo: Ruptura requer que um lado tome controle de um setor - em geral composto de dois pontos no mapa - antes de desbloquear outra área para ser conquistada; Linhas de Frente mistura elementos de Conquista e Investida, servindo como um “cabo de guerra” em que as duas forças não só precisam tomar conta dos pontos de controle do mapa, como destruir as defesas adversárias depois disso.

Todos estes diferentes modos são divertidos e bem elaborados, mas não fogem do modelo básico do que você espera de Battlefield - o que não é necessariamente ruim, mas não espere nada de absurdamente novo, ao menos por enquanto.

O principal chamariz desta leva inicial do multiplayer é Grandes Operações, que brinca e mistura com estes elementos ao tentar recriar grandes batalhas com diferentes fases e momentos, representados em dias. Cada dia representa um mapa e modo de jogo diferente, cujo resultado afeta elementos do dia seguinte, com as forças de avanço e defesa ganhando ou perdendo vantagens dependendo do que acontecer.

É um modo bem engajante, mas que requer um compromisso significativo do jogador, já que as batalhas podem levar mais de uma hora para serem definidas, dependendo da paridade de cada lado do campo.

O combate, como é de se esperar a este ponto da DICE, é excelente. Cada arma tem uma sensação e impacto diferente, que fica bem claro com o sistema de progressão de personagem ao liberar novos equipamentos conforme o jogador avança em cada classe.

A ação também traz um elemento significativo de coordenação e cooperação, com cada classe servindo um papel importante: Assalto serve como o ponta de lança e força de ataque; Médicos revivem aliados caídos e reabastecem seus kits de primeiros socorros para recuperar vida; Suporte é a principal fonte de fogo de supressão, mas também é necessário para manter seus colegas com munição constante; e o Batedor, além de ser letal à distância, é a melhor forma de marcar e identificar inimigos.

O jogador também deve se preocupar e trabalhar em conjunto com seus aliados mais próximos pelo sistema de esquadrão, em que até 4 pessoas formam um pequeno grupo que (idealmente) devem se ajudar para a tomada de objetivos. Um bom incentivo do game para isso é a pontuação extra para jogadores que reviverem ou reabastecerem seus companheiros de esquadrão durante as batalhas.

O sistema de progressão do jogo é relativamente simples - embora envolva alguns menus pouco intuitivos -, com o jogador avançando em cada classe conforme seu desempenho durante as partidas. Esta evolução libera não só novas armas, como especializações para seu equipamento.

Estes elementos podem acelerados com a Moeda da Companhia, que o jogador ganha conforme seu avanço no jogo e que pode ser usada para expandir sua árvore de habilidades, destravar novas armas ou adquirir novos visuais.

Embora o sistema de microtransações ainda não tenha sido implementado, a julgar pelo preço inicial de cada elemento, a DICE criou um modelo em que a progressão de armas com estas moedas não seja tão custoso, enquanto os elementos cosméticos são bem mais caros, incentivando uma (futura) compra com dinheiro real.

Em termos de sistemas econômicos, parece ser - à primeira vista, de qualquer forma - relativamente mais justo do que outros, especialmente games como Battlefront II.

De qualquer forma, a meu ver, em seu lançamento Battlefield V é tão definido pelo que está quanto pelo que não está presente no jogo: Combined Arms, o modo cooperativo do game, só chega em 2019, assim como o battle royale Firestorm; a última campanha singleplayer, envolvendo um comandante de tanque alemão na última fase da frente europeia, só sai em dezembro, com o lançamento dos chamados Cursos de Guerra.

O lado positivo é que estes novos modos e sistemas serão introduzidos gratuitamente para quem já comprou sua cópia do jogo, mas o fato é que ainda será preciso de algum tempo para ver e analisar o que é Battlefield V como um todo.

Battlefield V não deixa de ser um pacote de qualidade, mas que ainda não mostra todos os seus truques. Embora tenha gostado deste primeiro momento do jogo, é impossível não considerar o quanto o jogo deve evoluir nestes próximos meses.

A este ponto, recomendaria o game mais para grandes fãs da série, enquanto o público em geral pode esperar para ver o que estes modos inéditos trarão ao game em alguns meses.

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Battlefield V
  • Lançamento

    19.10.2018

  • Publicadora

    Electronic Arts

  • Desenvolvedora

    DICE

  • Gênero

    Tiro

Nota do crítico