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Sou grato à Xbox por me permitir reviver um jogo inesquecível

Anos depois, finalmente estou jogando Star Wars Battlefront II (2005) de novo

Por Diego Lima 18.11.2021 16H15

Muitos anos atrás, férias eram sinônimo de futebol, filmes e virar a noite jogando. O que eu jogava dependia da companhia. Se estivesse sozinho, Final Fantasy, Resident Evil e Grand Theft Auto sempre eram as prioridades. Com o meu pai, Mortal Kombat, Winning Eleven e FIFA. Minha mãe nunca foi de jogar, mas até tentou Guitar Hero algumas vezes. Por fim, com meu irmão... Valia tudo, mas, principalmente, Star Wars Battlefront II.

Não me refiro, evidentemente, às versões mais recentes de Star Wars Battlefront, que jamais chegaram sequer perto de me conquistar. Na época, lá nos anos 2000, Battlefront era uma série respeitável, com dezenas de cenários retirados diretamente dos filmes, sejam da trilogia clássica ou da segunda, e opções offline absolutamente maravilhosas. Star Wars Battlefront II, de 2005, era nosso favorito.

O procedimento era sempre o mesmo. Abrir o jogo, ir até "Splitscreen", selecionar "Instant Action", montar uma playlist imensa com todos os mapas de que gostávamos (Coruscant, Dagobah, Death Star e Hoth eram obrigatórios, assim como pelo menos uma fase de nave), selecionar a modalidade "Conquest" em todos os cenários escolhidos, alternando entre "Clone Wars" e "Galactic Civil War", e partir para horas e horas de jogatina.

Foi meu primeiro contato com o conceito de conquistar territórios em partidas nas quais duas equipes se enfrentavam. Para alcançar esse objetivo, existiam muitos veículos à disposição dos jogadores em quase todas as fases. Somar pontos habilitava um herói ou vilão icônico da franquia. Soldados de diferentes classes eram desbloqueados conforme o tempo passava e nossas ações geravam frutos.

Durante todo o tempo, os campos de batalha eram tomados também por personagens controlados pelo computador. Se compararmos com as versões mais recentes, os dois jogos originais de Star Wars Battlefront eram infinitamente superiores para quem só queria jogar offline de boa e aproveitar o que a franquia tinha de melhor a oferecer.

As batalhas de nave eram as mais difíceis, já que demoramos muito para entender como a modalidade "Assault" funcionava — e digamos que roubar bandeira nunca foi um sistema muito apreciado aqui em casa. Contudo, quando começamos a dominar esse aspecto do jogo, parecia não haver fim para o que podíamos fazer.

Demorou bastante até que descobríssemos mais uma pérola: o modo "Assault" de Mos Eisley, em que centenas de Obi-Wans, Han Solos e Lukes enfrentavam outras centenas de Darth Mauls, Darth Vaders e Imperadores. Mesmo jogando quase toda noite, sempre havia algum detalhe que tínhamos deixado passar ou alguma fase em que só tínhamos jogado usando os personagens de uma das então duas trilogias.

Eis que, um dia, trocamos o PlayStation 2 por um Xbox 360 e Star Wars Battlefront II ficou no passado. Durante esse período, Assassin's Creed, Halo e Army of Two se tornaram os maiores sucessos na minha casa. Além, é evidente, dos jogos de futebol, que sempre foram obrigatórios. Foram anos felizes o bastante para que conseguíssemos seguir em frente sem olhar para trás.

Obviamente, o dia em que sentiríamos saudade de Star Wars Battlefront chegaria. Especificamente, foi em novembro de 2015 que nos demos conta do quanto aquele jogo fazia falta, quando estávamos com um PlayStation 4. Descobrimos que a série voltaria, nos animamos, mas nossa... Que decepção. Até tentamos nos divertir revezando o controle em partidas online, mas simplesmente não era a mesma coisa.

As opções offline eram extremamente limitadas. Os cenários, para quem não podia comprar tudo quanto é conteúdo adicional, eram pouquíssimos e a sensação de guerra era muito menos eufórica. Pareciam existir menos personagens nas guerras — e, com certeza, existiam muito menos tipos de veículo, heróis e vilões.

Desesperado por resgatar aquele sentimento, procurei maneiras de jogar a versão clássica de Star Wars Battlefront II. Até encontrei uma versão no Steam, mas, a menos que eu baixasse alguns mods, a função de tela dividida simplesmente não funcionava. E, pior: a resolução do jogo não era como eu me lembrava. Também comprei um jogo original para ver se rodaria no meu PS2, mas a imagem ficou horrível quando coloquei o console na TV que tenho agora.

Tudo parecia perdido. Até que, finalmente, em 2021, comprei um Xbox Series S em vez de depender dos Xbox que enviavam para os veículos nos quais eu trabalhava. Não demorou até que eu digitasse dois jogos na busca da loja: Dragon Ball Z Budokai 3, que sigo sem ter como jogar por meios oficiais, e Star Wars Battlefront II, que encontrei rapidamente.

Sem pensar duas vezes, comprei e instalei o jogo. Imagine meu choque quando descobri que, ao contrário da versão de PS2, a de Xbox tinha fases extras! Incluindo a Cidade das Nuvens, de Star Wars: Episódio V — O Império Contra-Ataca. A euforia foi quase idêntica à de quando joguei pela primeira vez.

Mal havia se passado um dia quando chamei meu irmão para jogarmos por quanto tempo conseguíssemos — e foi absolutamente incrível. O jogo continua sensacional, acredite se quiser. Todos os prints dessa matéria, inclusive, são das vezes em que joguei no Xbox.

Recentemente, Phil Spencer, chefe da Xbox, voltou a chamar a atenção dos profissionais da indústria para a importância de mantermos vivos os jogos antigos. Preservar o legado deixado por grandes marcas do passado vai além de uma questão mercadológica; é quase uma questão de honra e respeito em relação ao que viabilizou a indústria como a conhecemos.

Jogar Star Wars Battlefront II novamente me fez lembrar dessa discussão e do quanto algumas empresas que já foram gigantes parecem não se preocupar com o que construíram. O próprio Dragon Ball Z Budokai 3, que mencionei anteriormente, pode até ser um exemplo pequeno perto de franquias como Silent Hill, mas onde está a preocupação das empresas com preservar o que construíram?

Bom, é difícil imaginar que as próprias empresas não estejam pensando nisso. A mim, só resta aguardar e, um dia, quem sabe, reviver algumas experiências marcantes, como estou fazendo com Star Wars Battlefront II.

Se tiver a oportunidade, jogue. Vale a pena.