Lá no primeiro GTA, podíamos escolher um dentre diferentes arquétipos de personagem. Contudo, apesar da diferença na aparência, todos eram igualmente genéricos em essência. Eles serviam apenas como uma forma do jogador interagir com o mundo, sem quaisquer nuances.

O primeiro Claude da franquia era uma tentativa de tornar menos aleatório o protagonista. Com um nome e até mesmo um rosto live-action em comerciais do jogo, o personagem principal de GTA 2 quase tinha personalidade, mas ainda era bem simplório.

Pelo menos, Claude Speed era único, quando comparamos com o jogo anterior.

Quem diria que, em três jogos, a Rockstar repetiria o nome do protagonista em dois?

Sim! No terceiro game da série, temos o último protagonista silencioso de GTA.

Claude nunca foi exemplo de personagem principal, mas, por ser em 3D, já tinha mais detalhes visuais do que o Claude Speed, de GTA 2. Um mérito questionável, mas, ainda assim, um mérito.

Vercetti foi uma evolução gigante em comparação com tudo o que vimos antes na franquia.

Ele é o típico mafioso em ascensão, com bastante autoconfiança e trejeitos bem escrachados, mas já trazia muito mais personalidade ao game.

A evolução dele enquanto protagonista talvez pudesse ser um pouco maior ao longo da história, mas o principal ele entregava: entretenimento.

Falando em personagens sem muitas camadas, temos de citar o lendário Trevor Phillips.

Sem dúvida alguma, esse é um dos personagens mais amados e polêmicos na história da franquia, já que é um dos poucos completamente malucos. Com ele, faz todo sentido "ignorar as missões e sair destruindo a cidade".

Não vamos colocar Trevor mais para cima porque ele raramente vai além da caricatura do bandido maluco excessivamente impulsivo e involuntariamente cômico. Ainda assim, que lenda.

Pouco acima de Trevor, temos o melhor amigo dele, Michael, primeiro mentor de Franklin.

Diferente de todos os outros personagens da série citados até então, Michael é um cara que já havia se aposentado quando o conhecemos e vivia com uma família que o desprezava constantemente.

Acompanhar toda a jornada dele, de voltar para o crime ao custo da própria família até, posteriormente, alcançar uma aparente reconciliação com Amanda e os filhos é excelente.

O laço de Michael com Franklin também é especial. A história não seria a mesma sem essa dinâmica.

Talvez o protagonista com a história mais trágica nesta lista seja o inesquecível Carl Johnson, ou CJ. Não apenas o protagonista de um dos melhores jogos da série como também um excelente personagem por si só.

CJ, tal qual Michael, passou um tempo longe do crime. Mas, sendo muito mais jovem e tendo visto tanta desgraça, não demorou até que ele voltasse.

A jornada de CJ é marcada por traições e até mesmo reflexões sobre até que ponto vale a pena se doar tanto pelo grupo — no caso, uma gangue. Em quem confiar? O que priorizar?

CJ tem de lidar com algumas das maiores decepções possíveis em obras desse tipo e dá gosto ajudá-lo a dar o troco naqueles que o passaram para trás.

Já que citamos reflexões enquanto falávamos sobre CJ, não temos como deixar de fora o protagonista da história mais cultuada de GTA.

Niko nem sempre é um personagem simpático ou mesmo empático. Ainda assim, ele serve como uma excelente maneira de trazer à tona questionamentos que estão no centro da série GTA.

O mito do sonho americano. A ilusão da terra das oportunidades. Niko vai para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor, após deixar o leste europeu, mas acaba se encontrando em uma posição na qual só é possível seguir em frente fazendo tudo o que há de errado. Tudo que ele não queria fazer.

Pode soar um pouco batido, e até é. Ainda assim, GTA IV faz um bom trabalho na maneira como lida com o tema central. E Niko, obviamente, se beneficia muito disso enquanto protagonista.

Em primeiro lugar, temos o personagem que não necessariamente passou pelos momentos mais dramáticos, mas é aquele que melhor representa a franquia: Franklin Clinton.

Quando conhecemos Franklin, ele é apenas um iniciante que trabalha para pessoas acostumadas com golpes simples. Ao longo da história, entretanto, vemos Franklin tomar controle do próprio caminho e se tornar uma lenda do crime.

Ver toda a evolução de Franklin, da missão inicial até a missão em que arriscamos tudo ou escolhemos matar um dos outros dois protagonistas, é uma experiência maravilhosa.

A campanha é imensa. Por esse motivo, talvez ele acabe se beneficiando da jornada de como um todo. Ainda assim, é fato que, na função de ser a figura mais próxima do jogador, de forma que a evolução do personagem casa com a evolução de quem o controla, simplesmente não há como compará-lo com qualquer outro.