VAL Last Chance: Brasil chega com favoritismo, mas muito pressionado

A convite do The Enemy, Ryotzz e pANcada comentaram situação dos brasileiros no Last Chance

Por Jairo Junior 08.10.2021 19H23

O VALORANT Last Chance da América do Sul já bate na porta e menos de três dias nos separam do aguardado torneio. Nele, o Brasil chega em peso e com certo favoritismo por ter Sharks, Havan, FURIA e Gamelanders na disputa. Ao mesmo tempo, serem os mais cotados a única vaga em jogo recai como pressão nos ombros brasileiros, por conta do passado recente. Favoritismo e pressão, o bem e o mal, andando lado a lado.

Prequela e início do VALORANT brasileiro

O favoritismo brasileiro vem antes mesmo do próprio VALORANT existir. A tradição do país em jogos FPS é gigante e não para de crescer. Já fomos campeões mundiais de Counter-Strike 1.6, Counter-Strike: Global Offensive, Crossfire, Point Blank e Rainbow Six: Siege, fora boas campanhas já realizadas em Call of Duty, Battlefield e por aí vai… A lista é enorme e o intuito da matéria não é listar jogo por jogo.

Temos títulos, tradição e uma verdadeira paixão nacional. Não à toa, o Brasil foi agraciado pela Riot Games com duas vagas diretas para os Masters internacionais.

No início do VALORANT nada disso parecia mudar. As competições nacionais começaram a surgir e engrenar, jogadores renomados e até campeões mundiais migraram para o game e, nas transmissões, o público acompanhava o bom e velho estilo brasileiro de jogar: para frente, agressivo e dominante. Foi assim, inclusive, que pintou o primeiro campeão nacional, a Gamelanders.

Jogadores campeões mundiais de Point Blank migraram para o VALORANT e foram campeões nacionais.

Point Blank/Reprodução

Quando o primeiro mundialito foi anunciado, a expectativa era gigante. Muitos afirmavam que os brasileiros chegavam com certo favoritismo e, para falar a verdade, de fato, não era difícil ver as equipes do nosso país como no mínimo candidatas fortíssimas aos playoffs e até além.

O choque de realidade

No entanto, quem acompanhou de perto o desenrolar dessa história viu que a realidade pode ser dura… E muito diferente do que esperamos ou idealizamos. Nossas duas melhores campanhas, feitas por Vikings e Keyd, se resumiram a uma vitória, duas derrotas e eliminações ainda na fase de grupos. O estilo de jogo brazuca não encaixou lá fora? Ou em muitos casos nem mesmo foi posto em prática? Times inteiros se arrependeram disso.

Riot Games/Reprodução

O Brasil ainda não foi capaz de repetir sua bela história de outros FPS no VALORANT, é verdade. Mas também é verdade que este é apenas o começo e são nas maiores derrotas que vem os maiores aprendizados. Temos sim que cair, para depois aprender a se levantar, essa é uma história já enraizada no DNA brasileiro. Mas não podemos esquecer da parte importante que é se levantar e caminhar pra frente e não estagnar como aconteceu com o League of Legends brasileiro até então.

Há quem diga que nossas duas vagas diretas nos Masters já estão ameaçadas. Talvez a Riot tenha se precipitado, será? Acho difícil eles mudarem de ideia no primeiro ano competitivo, mas também acho difícil que a paciência se mantenha a mesma no segundo, que é logo ali.

Após dois Masters, será que já aprendemos o bastante? Será que o aprendizado foi compartilhado? Desta vez será um torneio internacional, mas apenas contra vizinhos. Nada de regiões complicadas como Europa e América do Norte. Apesar da recente derrota para a KRU - que não está no Last Chance - o Brasil chega sim com favoritismo, tendo entre os representantes dois times que já disputaram o próprio Masters internacional e uma campeã brasileira. Podemos dizer que é quase força total e, se isso não for o bastante, o que será?

Ryotzz e pANcada comentam o assunto

A convite do The Enemy e com bagagem de sobra para falarem do assunto após disputarem o First Strike e os Challengers nacionais, ryotzz e pANcada analisaram as chances do Brasil neste Last Chance e também falaram da pressão e possível perda de vagas.

pANcada

Riot Games/Reprodução

O atleta da Stars Horizon revelou que enxerga o Brasil como favorito e disse que a "expectativa é grande" Segundo ele, será menos complicado porque o time da região vizinha que ele enxerga como maior perigo, a KRU, não estará nesta disputa.

"Óbvio que os jogos serão bem pegados, mas ainda assim vejo os brasileiros com uma leve vantagem", afirmou pANcada.

Ryotzz por outro lado, acredita que há muito equilíbrio entre as regiões e isso não deve mudar. O que pode desequilibrar é o fator do presencial: "A região sul-americana está repleta de talentos e se desenvolvendo cada vez mais taticamente. Creio que, no final das contas, vai prevalecer quem se sentir mais confiante na LAN".

Ainda falando de favoritismo, pANcada cravou, sem cerimônias, a Gamelanders como a principal candidata à vaga no Champions (antes da notícia da substituição de fzn). Analisando, ele afirma que o estilo de jogo, a facilidade em impor ritmo na partida e a experiência em LAN são os diferenciais da equipe.

Ryotzz não foi longe, concordou sobre a Gamelanders e ainda adicionou Sharks e FURIA na lista. "São os times que mais temos proximidade e estamos treinando contra nos últimos tempos e sabemos que estão se preparando bem", explicou.

A respeito das duas vagas no Masters, pANcada e ryotzz veem a decisão da Riot Games como "acertada" e creem numa grande evolução brasileira no futuro. A dupla também não acredita que perder um dos dois spots seja uma preocupação imediata.

"Acho muito cedo ainda [para a Riot retirar uma vaga]", disse pANcada. "Se nos compararmos com as outras regiões, mesmo com essas duas vagas, ainda temos muito menos investimento. Acredito que 2022 seja o ano 'divisor de águas' para decidirem isso. Principalmente pelo fato de 2021 ser um ano muito conturbado e muitos jogadores acabarem 'pulando etapas' para conseguirem a experiência necessária para jogar em nível internacional", completou.

"Penso ser um pouco cedo demais para decidir isso [Mudar a distribuição de vagas], mesmo com os resultados recentes. O Valorant em si ainda é muito novo e tem muito pra crescer, então espero que a Riot não tome uma decisão como essa logo de cara, para que tenhamos mais oportunidades de desenvolver nossa região neste início de circuito competitivo internacional. Porém, caso aconteça, só cabe a nós lutarmos o máximo possível para que no futuro tenhamos mais vagas novamente", opinou ryotzz.

O VALORANT Last Chance da América do Sul acontece presencialmente, em São Paulo, nos estúdios da Riot Games Brasil, entre 11 e 17 de outubro. Por lá, serão oito times - quatro brasileiros e quatro LATAM - em busca de apenas uma vaga no Champions, que será a maior competição do jogo, em 2021.