O cenário de Valorant no Brasil já possui um time a ser batido. A Gamelanders foi campeã da Copa Rakin e da Gamers Club Ultimate e, neste último, não perdeu nenhum mapa na campanha para o título.

A equipe conta com jogadores que possuem experiências mistas em outros jogos, mas talvez o mais versátil dentre eles seja Fernando “fznnn” Cerqueira. Campeão mundial de Point Blank, o jogador possui experiência competitiva no Counter-Strike 1.6 e até mesmo no League of Legends, onde chegou a ficar no Top 5 do elo Desafiante.

Em conversa com o The Enemy, fznnn contou mais sobre a retomada de sua carreira depois de um período sabático que durou dois anos.

Brilho no Point Blank e… no LoL?

Original de Monte Santo de Minas, em Minas Gerais, fznnn já competia no Counter-Strike original com apenas 12 anos de idade. Mesmo que seu pai vetasse a ida aos campeonatos que aconteciam em Ribeirão Preto, ele não deixava de se destacar no servidor.

Com a chegada do Point Blank, seu talento ficou ainda mais evidente: aos 15 anos ele se classificou para um torneio presencial em São Paulo e fez de tudo para que seu pai permitisse sua participação; o esforço valeu a pena, já que ele levantou a taça daquele campeonato.

Dali pra frente, sua carreira decolou. No ano seguinte, fznnn já estava vencendo o mundial de Point Blank, mas sua dedicação ao shooter já havia dado espaço para um gênero diferente.

Ele chegou a deixar o Point Blank de lado para focar em outro game da Riot Games: o LoL foi bem marcante na trajetória de fznnn, que chegou a vencer algumas edições do Go4LoL, antigo campeonato da ESL que acontecia semanalmente.

Quando resetou a season de 2014 eu falei 'vou pegar firme e pegar Challenger'. Em três, quatro dias, eu peguei Challenger e aí meio que já comecei a competir com a galera que já jogava, fui pegando o jeito. Depois de um mês no Challenger, que eu tava entre o top 10, surgiu a proposta de time, que foi a 7Belo, time que joguei durante 8 meses”, narra o player.

Chegando a atuar ao lado de RedBert, atual suporte da INTZ, que já possui dois títulos nacionais em seu currículo, fznnn deixou o LoL de lado após falhar em se classificar para o Campeonato Brasileiro da modalidade. Ele voltou ao Point Blank em 2015, três anos antes de iniciar seu período afastado do competitivo.

Alta expectativa para o Valorant e a retomada na carreira

Eu saí do PB por falta de apoio do jogo, de campeonatos, essas coisas. Foi me dando uma falta de vontade de jogar o jogo. Quando eu parei, eu queria entrar em um jogo que tivesse lançando, não queria entrar em um jogo que já existia, que já tinha um cenário”, narra fznnn.

Ele explica que, em cenários já definidos, os novatos passam por uma curva de aprendizado diferente, saindo atrás da competição: “Quando você entra num jogo que é novo, você tá desde o começo com todo mundo, não tem nenhuma desvantagem, você aprende com todo mundo”.

Durante os dois anos parado, fznnn mantinha a mira quente com Counter-Strike: Global Offensive e também se divertia no League of Legends, mas nada que exigisse muito comprometimento ou que focasse em sua pura performance. Com o anúncio do Project A, game que viria a ser chamado de Valorant, ele viu a oportunidade de voltar aos holofotes.

Como é da Riot, e eu ouvi falar também que um dos criadores do CS ia fazer parte da criação do jogo, eu meio que fiquei animado. Aí desde o dia que lançou o beta do NA eu me apaixonei pelo jogo e acho que não deixei de jogar nenhum dia desde que lançou”, ele conta, reforçando que a dona do League of Legends tem bom histórico de suporte ao cenário de esports.

A habilidade era natural: fznnn já estava bastante habituado aos shooters e não demorou nem um pouco para que ele começasse a se destacar nas filas ranqueadas. O convite para se juntar a Jonn, JhoW e mwzera, seus atuais companheiros de time na Gamelanders, também não tardou.

O trio já possuía um elenco fechado com outros dois jogadores, PryZee e RoY, e sempre trombava com fznnn e Nyang nas partidas competitivas. “Depois de uma semana aqui no beta eu mandei mensagem pro Jonn. Falei: 'Mano, o que você acha de eu e o Nyang entrarmos no time?'. Os agentes que a gente jogava, meio que eles não jogavam lá, e ia encaixar certinho”, conta.

O casamento funcionou muito bem. A equipe foi a primeira do Brasil a fechar cinco jogadores com o rank máximo do game - à época, chamado de Valorant, e atualmente renomeado para Radiante. Um post divulgando essa conquista viralizou no Twitter, impulsionando uma série de propostas de organizações.

Sem mencionar nomes, fznnn garante que equipes mais tradicionais no esporte eletrônico fizeram ofertas ao elenco, mas eles optaram pela Gamelanders, tornando-se o primeiro time profissional da organização recém-fundada.

Questionado sobre o motivo para a improvável escolha, fznnn garante que “suporte” é a palavra chave: “A Gamelanders mostrou um projeto muito bom pra gente, um apoio que a gente falou 'não é possível que seja verdade isso', e a gente preferiu ficar com eles”.

Além, é claro, do salário, o jogador explica que esse suporte inclui viagens para eventuais torneios fora do Brasil, uma gaming house depois que a pandemia cessar, apoio em streams e também em seus canais do YouTube.

Expectativas para o cenário

Colocando bastante fé no histórico da Riot Games, fznnn pensa que Valorant tem tudo para estar entre os esportes eletrônicos de maior destaque no mundo. Ele fica com um pé atrás ao colocar o game no mesmo patamar que CS:GO, mas pensa que o novo game tem poder para incomodar o veterano da Valve.

Se você for ver o cenário de League of Legends do começo pra três, quatro anos depois, é absurdo o crescimento. É um cenário novo de FPS pra Riot, acho que eles vão investir bastante nisso”.

Ele também vê muito potencial nos jogadores e equipes do Brasil, apostando que eles conseguirão atuar de igual para igual com equipes da América do Norte e Europa: “Eu acompanho os dois cenários da Europa e da América do Norte e vou te falar que não tem nada demais lá não, tá?

Querendo ou não, só jogando pra gente saber como vai saber, mas na minha visão acho que não vai ser tão desbalanceado. Eles têm mais vantagem porque estão jogando mais campeonatos, acontecem mais competições, mas acho que não vai ter nenhuma desvantagem”, completa fznnn.

Entre os jogadores que possuem potencial para brilhar lá fora, ele destaca xand, que já disputou um Major de CS:GO pela INTZ e já anunciou sua transição para Valorant; m1chelfoox, da Black Dragons; ntk, da Team oNe; e frz, que jogou pela Terror.net.

Internacionalmente, ele menciona brax e crashies, da T1; mixwell, da G2; e ScreaM entre os jogadores de maior destaque.

Mesmo que a Gamelanders não tenha um nome tão brilhoso quanto o de paiN Gaming, INTZ e outras equipes tradicionais, fznnn acredita que seu time já está com uma base de torcedores considerável; o projeto ousado - tanto da organização, quanto dos jogadores - já está dando seus primeiros resultados, e fica a expectativa para o crescimento do elenco juntamente com o promissor cenário de Valorant.