Em seu lançamento, o cenário competitivo de Valorant já é muito bem definido

Shooter da Riot Games acaba de ser lançado oficialmente, mas já possui uma cena bem pavimentada

Por Breno Deolindo 02.06.2020 16H07

Mesmo que só tenha sido lançado oficialmente hoje, dia 2 de junho, Valorant já possui um cenário competitivo muito bem desenhado e que já tem torneios programados para os próximos meses.

A natureza do game, afinal, é competitiva. A Riot Games mantém suas raízes fortíssimas nesse aspecto, e a principal missão do game sempre foi a de ser mais um shooter em meio às modalidades de esports.

Ainda é difícil concluir se o game conseguirá bater de frente com CS:GO. Em níveis de audiência, ao menos, o jogo da Valve é soberano há anos e dificilmente sentirá um grande impacto na sua base de fãs. Ainda assim, os diferenciais de Valorant podem ser um atrativo para alguns espectadores.

De qualquer forma, o cenário parece estar bem estabelecido e com um caminho pavimentado para o sucesso. A Riot divulgou as diretrizes competitivas do game ainda durante sua fase beta, fugindo um pouco do circuito fechado de League of Legends e se aproximando do próprio CS:GO.

Todas as nuances foram detalhadas em um documento publicado pela própria desenvolvedora, mas o cerne de Valorant como esport está em eventos múltiplos, promovidos por diversos organizadores e com diferentes níveis de importância.

Nas regras estabelecidas pela Riot, serão três níveis de torneio: os mais simples, com foco em comunidade local e premiação máxima de US$ 10 mil; os medianos, feitos por influenciadores ou marcas e com até US$ 50 mil em prêmios; e os Majors, criados por organizadores de grande porte, como ESL e DreamHack.

Dentro de cada um desses “rankings”, há também regras específicas para narração, utilização de marcas e outras burocracias. O suco disso tudo, entretanto, é um cenário extremamente parecido com o de Counter-Strike - na verdade, a única grande diferença é que a Riot ainda não anunciou seus próprios torneios, algo que deve acontecer em breve.

Em meio à pandemia, o grande desafio da Riot é criar uma comunidade forte sem eventos presenciais. Claro, a popularidade entre streamers e bons números de audiência na Twitch são bons sinais, mas o grande palco dos esports é presencial.

Com diretrizes estabelecidas, a Riot sai na frente

É impossível criar um cenário competitivo sem organizações dispostas a criar suas próprias equipes. Felizmente para Valorant, vários elencos foram formados antes mesmo do game entrar em estágio de beta.

A T1, multicampeã no League of Legends, saiu na frente com a contratação de Brax, jóia renegada do CS:GO. O time, entretanto, ainda não anunciou seu quinto jogador para o elenco.

Outras organizações de peso como Cloud9, forZe, Godsent, Ninjas in Pyjamas e Team SoloMid também já anunciaram sua entrada na modalidade, mesmo antes do game receber sua versão completa.

Dentro do Brasil, idem: MIBR, Flamengo, paiN e INTZ são apenas alguns dos nomes que já possuem interesse em uma line-up de Valorant. Entretanto, nenhum anúncio foi feito até o momento.

Os times, vale citar, costumam ser compostos por ex-jogadores de CS ou de Overwatch que decidiram dar a chance a outra modalidade. Por mais que a impressão inicial seja de que Valorant funciona como um “refúgio” para esses atletas, é questão de tempo até que novos talentos sejam revelados.

Valorant é um dos primeiros grandes jogos a surgirem quando os esports já são algo consolidado. Ao contrário de League of Legends e Counter-Strike, o shooter chega em um mundo que já está acostumado com as audiências gigantescas dadas aos esportes eletrônicos.

Claro, Rainbow Six Siege, Overwatch, Rocket League e até mesmo Fortnite foram lançados quando o contexto de esports já existia, mas Valorant ainda assim traz uma aura diferente, deixando mais claro do que todos os outros que seu foco é apenas no cenário competitivo.

Em Battle Royales, principalmente, é fácil perceber que as publishers demoraram a encontrar um caminho para seus cenários - Fortnite, por exemplo, levou anos para conseguir emplacar sua Copa do Mundo. Apex Legends, PUBG e outros do gênero também podem ser enquadrados nisso.

Até mesmo Rainbow Six Siege sofre com isso: o game já é bem consolidado entre os esportes eletrônicos, mas acaba de passar por uma reformulação gigantesca procurando expandir sua base e criar um ecossistema mais coeso.

A Riot, por sua vez, sai na frente ao possuir uma expertise extensa adquirida tanto no League of Legends, quanto em observar o que o rival CS:GO tem feito ao longo dos anos. O reflexo disso está justamente no interesse amplo das equipes em formar elencos de Valorant, além de campeonatos que aconteceram mesmo quando o game estava em beta.

Dito isso, apenas o futuro dirá se o game será engolido por seus antecessores, ou se será um dos primeiros a quebrar essa díade formada por LoL e CS.