Herdeiro da coroa de jogos de corrida em mundo aberto, Forza Horizon 4 é uma experiência familiar e confortante, mas que tenta inovar onde pode.

O The Enemy teve a oportunidade de testar as primeiras horas do jogo em um evento realizado pela Microsoft, em San Francisco, e saímos confiantes de que a fórmula de mundo aberto de Horizon tem, mesmo, muito a ganhar com o novo sistema dinâmico de estações.

O jogo será lançado para Xbox One e PC, totalmente em português do Brasil, em 2 de outubro. Fãs que adquirirem a Edição Suprema do game, porém, poderão jogá-lo a partir de 28 de setembro.

Trilhando o mesmo caminho de seus predecessores, Horizon 4 quer recriar a atmosfera divertida e descontraída de um festival de corridas, onde até mesmo rivais são amigos, que curtem sons como Beck e The Killers no rádio entre as disputas de alta velocidade pelas colinas de uma versão miniaturizada do Reino Unido.

Por mais natural que pareça de fora, a ideia de levar Forza Horizon para o próprio quintal era algo que não passava pela cabeça dos britânicos da Playground Games. “Se dois anos atrás me dissessem que colocaríamos um jogo da série no Reino Unido, eu diria, ‘sem chance’,” revela o diretor criativo do game, Ralph Fulton.

“Quando você passa sua vida inteira em um lugar, você acaba se acostumando demais com ele, e perde a noção das coisas que o tornam único. O Brasil, por exemplo – eu tenho muitas ideias de como poderíamos aproveitar o país como cenário. Mas o Reino Unido sempre me pareceu sem graça demais. E eu estava errado.”

Segundo Fulton, a ideia do cenário de Horizon 4 surgiu quando o time técnico revelou ter encontrado uma maneira de criar o sistema de estações dinâmicas. “Algo que o Reino Unido tem de especial é como as quatro estações são completamente distintas. Então encontramos o palco perfeito para o novo sistema,” diz.

O sistema de estações é o motor de Horizon 4. Por causa dele, as corridas ganham versatilidade: um pequeno lago que serve como obstáculo no outono pode se tornar um atalho quando congelado no inverno. Até mesmo a construção dos cenários foi feita de um jeito que privilegia as mudanças visuais entre cada estação – uma colina desinteressante no verão pode ter uma vista deslumbrante dos campos floridos na primavera.

Fulton vê no sistema uma maneira de melhorar não apenas a experiência de jogos de corrida, mas de mundos abertos em geral. “Queremos que as pessoas que jogarem Horizon 4 passem a olhar para um cenário de mundo aberto e se perguntem, ‘Por que é que as coisas nunca mudam por aqui?’,” afirma o diretor criativo.

As primeiras 8 horas de Horizon 4 servem como um prólogo, no qual o jogador pode ter um gostinho rápido de como são as disputas em cada uma das estações. Ao atingir certo ponto da história, porém, o game se abre, e a troca de estações começa a acontecer de acordo com a passagem do tempo. Cada estação durará uma semana no mundo real, e as mudanças ocorrerão simultaneamente para todos os jogadores.

Os gráficos fotorrealistas do game tiram muito proveito das diferentes estações, detalhando as quedas das folhas no outono ou os reflexos nas águas durante os dias mais ensolarados do verão. Mas, na prática, não percebemos grandes diferenças nas corridas proporcionadas por essas duas estações – ao menos não no nível das demais.

Na primavera, eventos off-road ganham uma dificuldade a mais, já que as chuvas constantes transformam a terra em lama escorregadia. E o inverno, além das mudanças visuais mais drásticas, traz também superfícies cobertas por gelo e neve, que proporcionam seus próprios desafios e cobram mudanças de estratégia por parte dos pilotos.

Explorar o mapa de Horizon 4 é tão libertador como nos capítulos anteriores da série. Os carros derrapam com facilidade pelas curvas até mesmo nas mãos de quem está utilizando um controle tradicional ao invés de um volante. Fora de eventos específicos, é divertido ignorar as instruções regradas do GPS e tentar chegar a um objetivo cortando pela grama alta entre as estradas.

Um menu extremamente intimidador com dezenas de opções avançadas de personalização de veículos permite que os jogadores deixem todos os detalhes de acordo com suas preferências.

Como seus predecessores, Horizon 4 nunca vacila ao passar a impressão de ser um pacote completo. Além de corridas tradicionais no asfalto, o game também oferece eventos em outras categorias, como off-road e disputas de rua. Missões da história quebram o ritmo com objetivos peculiares – o jogador pode fazer bico como um motorista dublê para um filme de ação, realizando catárticos saltos com seu carro.

As provas de exibição, por sua vez, adicionam uma pitada de espetáculo à experiência: logo nas primeiras horas, é possível disputar uma corrida contra um enorme hovercraft, que avança pelas colinas sem qualquer preocupação com o que está em seu caminho.

A Playground Games garante que acrescentará mais conteúdo grátis ao game com o passar das estações, e já revelou que também planeja lançar duas expansões pagas. E Ralph Fulton promete: mesmo que vários ciclos de estações já tenham passado, o jogador que comprar Horizon 4 meses após o lançamento terá acesso a todo o conteúdo disponibilizado até então para o game.

Apesar de jogos anteriores da série já terem mostrado uma preocupação em acolher pessoas com estilos de jogo completamente diferentes, Horizon 4 vai além neste esforço. O game registra estatísticas e progresso em mais de 20 diferentes categorias de atividades, representando tipos de corridas, objetivos secundários e até mesmo exploração.

Por conta disso, os jogadores podem acumular pontos de experiência e desbloquear recompensas, como carros e firulas cosméticas, das mais diversas maneiras. Ser um ás nas provas de rua é um exemplo. Percorrer o cenário em busca de pontos turísticos e vistas privilegiadas da paisagem é outro. Até mesmo transmitir partidas pelo serviço de streaming Mixer rende níveis e recompensas.

Ainda é possível utilizar créditos para comprar imóveis espalhados pelo mapa, que rendem outras recompensas e novas bases de operações.

Fulton garante que Horizon 4 quer ser um jogo de corrida para todos. O teste foi breve demais para determinar se esse objetivo será cumprido, mas longo o suficiente para ter  certeza de que ao menos quem já é fã da série não tem motivos para se preocupar.