Blair Witch é surpreendentemente melhor do que eu esperava de um jogo baseado em um filme de 20 anos atrás anunciado há quase 3 meses atrás.
O novo game do Bloober Team, de Layers of Fear e Observer, utiliza da mitologia criada para o filme original - da própria lenda da Bruxa e os assassinatos na floresta de Black Hills, até o desaparecimento dos três jovens responsáveis pelo documentário - para explorar a narrativa de um homem conturbado pelo seu passado, e o cachorro que o acompanha.
O jogo da Bruxa de Blair acontece em 1996, poucos anos após o desaparecimento do trio Hannah, Mike e Josh nas florestas nos arredores de Burkittsville, Maryland. Desta vez, o jogador, no papel do ex-policial Ellis, explora a área em busca do jovem Peter Shannon, um garoto que desapareceu sob circunstâncias misteriosas.
Com o desenrolar da história, porém, é possível descobrir mais do passado de Ellis, sua relação com a família de Peter e seus traumas anteriores, que começam a ser manipulados e explorados pelas forças misteriosas que comandam a floresta.
Durante a sua busca, Ellis tem como principal parceiro Bullet, um cachorro capaz de farejar e detectar informações e perigos na região incluindo pistas, monstros, os icônicos bonecos de gravetos que estão espalhados pela área.
O combate, por assim se dizer, funciona nos moldes de Alan Wake, com o jogador jogando a luz de sua lanterna contra inimigos com base no posicionamento de Bullet.
Mas o que realmente chama a atenção no game, e seu grande ponto forte, é a forma com que o Bloober Team utiliza a ambientação da floresta para criar um ambiente assustador.
Embora o jogo dependa muito dos famigerados "jump scares" - que, pelo menos para mim, raramente funcionam ou causam algum impacto em mim -, os principais momentos de tensão vem justamente da sensação de estar perdido em um lugar estranho e inóspito, andando em círculos sem saber aonde você está indo.
... O que, é essência, o clima do filme original de Bruxa de Blair. Portanto, pontos para isso.
Relacionado à ambientação, os desenvolvedores também merecem aplausos pelo excelente design de som, que utiliza os sons da floresta (galhos quebrando, correntes de vento, ou até mesmo o silêncio puro) para potencializar a sensação de solidão e tensão da floresta, que às vezes nem um cão companheiro podem ajudar.
A narrativa também torna-se bem mais envolvente conforme o jogo vai se desenrolando, misturando um pouco de horror psicológico que lembrou, de certa forma, os antigos Silent Hill. Além disso, ao menos na minha sessão de jogo inicial, a equipe de desenvolvimento soube bem subverter as expectativas ao usar as mecânicas e objetos no mundo para a conclusão da história.
(Dizer mais seria entrar em território de spoilers)
Tendo jogado tanto no Xbox One original quanto no PC via Xbox Game Pass, o jogo até sofre com uma queda de qualidade gráfica no console, mas não teve problemas de performance graves na minha experiência. O PC, por outro lado, apesar de trazer visuais melhores (mesmo na minha já um pouco ultrapassada, mas ainda competente GTX 970), passou por alguns momentos de instabilidade e chegou a parar de funcionar por completo em alguns momentos.
De qualquer forma, Blair Witch é uma experiência relativamente rápida, mas que funciona ao utilizar os melhores elementos do filme para criar uma narrativa própria, que apesar de alguns sustos fáceis consegue trabalhar bem momentos de tensão e isolação.
Para fãs de horror que tenham um tempo livre, e sejam assinantes do Game Pass, é um título que merece uma chance.