Battletoads é um jogo estranho e muito corajoso. Quando ele não vai tão bem a confusão é grande e pode afastar fãs mais saudosistas, mas quando acerta a diversão é garantida.

Felizmente, colocando tudo na balança, os acertos são um pouco mais numerosos do que os vacilos.

Desenvolvido pela Dlala Studios com suporte da Rare, este novo Battletoads chega também em um momento curioso, ao lado de outro revival de um beat'em up clássico do início dos anos 90.

Streets of Rage 4 seguiu por um caminho de repetição e aperfeiçoamento, trazendo de volta a fórmula de sucesso com um nível incrível de profundidade, complexidade e capricho. Já Battletoads segue trilha oposta e investe na experimentação e bagunça para surpreender o tempo todo - às vezes de forma empolgante, mas nem sempre.

O jogo de Xbox One e PC começa com um beat'em up tradicional, mas arregaça as mangas logo após o final da primeira fase com um nível que é um minigame. Ou talvez seja um QTE. Até tinha um sistema de pontuação ali, mas antes de eu entender o que estava acontecendo... a fase acabou!

Essa alternãncia segue durante todo o jogo, intercalando fases de porrada ao estilo tradicional com outros gêneros, como shooter de naves, fases de plataforma com puzzles e até joquempô (saudades, Alex Kidd!).

Às vezes os minigames são curtinhos e passam rápido, só pra dar um ar de loucura e velocidade a essa aventura maluca, ainda mais aliados aos gráficos totalmente estilizados, que lembram desenhos animados de sucesso recentes na tv a cabo.

Em outros momentos os minigames são longos até demais, repetindo ideias sem muita variedade ou desafio empolgante. Pessoalmente, sinto que isso acontece nas fases de motos voadoras, que parecem forçar uma certa dificuldade injusta só para honrar o legado que o game original carrega.

Quando o beat'em up se impõe a diversão é grande, seja sozinho ou no multiplayer para até 3 pessoas. A renovação não é tão boa como a de Streets of Rage 4, mas traz de volta com estilo, desafio e empolgação a pancadaria com os sapos Rash, Zitz e Pimple.

Os grupos de inimigos não trazem muita variedade entre as fases, mas os controles funcionam bem e é prazeroso encher os vários monstros de porrada, ainda mais com as diferentes transformações malucas que os heróis têm. Gostei particularmente de um comando de dash que possibilita se mover rapidamente pelas arenas e desviar dos golpes dos adversários, algo muito útil dado o fato de que os sapos se movem bem lentamente.

Para costurar toda a experiência o jogo traz várias cenas em desenho animado (apenas com legendas em português, nada de vozes em nosso idioma) que dão o ar cômico e insano que esse resgate de Battletoads carrega. Pessoalmente, gostei bastante das animações e foi uma surpresa divertida, dá para imaginar facilmente essa nova versão da franquia ganhando uma animação para TV ou internet.

É uma pena, porém, que seja uma experiência tão curta e sem muitos incentivos para jogar de novo. Em menos de 4 horas dá para terminar a campanha e há alguns poucos colecionáveis para coletar pelas fases ou conseguir terminando os níveis rapidamente.

Apesar dos problemas, ainda acho o saldo positivo para este tão demorado retorno de Battletoads. Logo de cara o jogo deixa claro que aposta na zoeira para entregar uma aventura maluca e super variada que nem sempre vai bem, mas quando acerta o resultado é legal. Fico feliz pela ousadia que justifica muito mais a volta da série do que se tentasse ser apenas um beat'em up mediano - que ainda sofreria muito mais nas inevitáveis comparações com o excelente Streets of Rage 4.

  • Lançamento

    20.08.2020

  • Publicadora

    Microsoft

  • Desenvolvedora

    Dlala Studios, Rare

  • Censura

    14 anos

  • Gênero

    Ação

  • Testado em

    PC

  • Plataformas

    PC Xbox One

Nota do crítico