Lançado exclusivamente para Xbox 360 em 2010, Alan Wake é lembrado até hoje com muito carinho por seus fãs. Completando dez anos de idade, o game pode ser considerado pioneiro em questões de enredo e temática dentro dos games; não somente, sua influência em outros títulos permanece bem clara.

Desenvolvido pela Remedy, o game foi o primeiro título do estúdio depois de Max Payne 2: The Fall of Max Payne. Com sete anos de diferença entre cada um e um processo de desenvolvimento repleto de problemas, Alan Wake teve sua cota de sinais de alerta ao seu redor; atualmente, entretanto, fica claro que o jogo serviu como catalisador para que o estúdio conquistasse o seu lugar entre os mais relevantes da indústria.

Brincando com a realidade

O grande trunfo está na estrutura narrativa do game: o enredo não tem medo de se aprofundar nas referências em outras mídias, bebendo da fonte de Twin Peaks e Twilight Zone, séries de televisão que abordam o sobrenatural.

Não é somente nas séries que a Remedy encontrou inspirações: Stanley Kubrick, Alfred Hitchcock e Stephen King também entram para a lista de referências que influenciaram a ambientação de Bright Falls.

A premissa por si só já mostra que o jogo viaja bastante em seus temas paranormais: Alan é um escritor que não encontra inspirações há algum tempo, e sua esposa Alice tenta ajudá-lo com uma espécie de retiro em Bright Falls, uma cidade afastada em Washington, nos Estados Unidos.

Ao chegar na cabana que alugaram, Alan descobre que Alice trouxe uma máquina de escrever consigo, sugerindo que o autor deveria se esforçar para escrever algo durante essa viagem. Ofendido, ele sai para uma caminhada e imediatamente escuta sua esposa gritando.

Alice é puxada para o lago ao lado da cabana por uma força maligna, e Alan misteriosamente desmaia ao tentar resgatá-la. Ele acorda uma semana depois, sem quase nenhuma memória dos acontecimentos e passa a encontrar inúmeras forças sobrenaturais em seu caminho.

A partir daí, o roteiro começa a brincar com a realidade: Alan pode acreditar naquilo que está vendo, ou estaria tendo um surto psicótico? Nem mesmo o próprio jogador pode dizer com certeza se o que está passando em sua tela é real ou apenas uma ilusão criada pelo cérebro do protagonista.

Essa ousadia com Alan Wake abriu espaço para tantos outros estúdios e títulos se aventurarem no surreal: Sinking City e Blair Witch são dois exemplos de jogos recentes que também confundem o jogador com suas nuances na realidade.

Também é impossível falar do jogo sem lembrar de War, música da banda Poets of the Fall que dita o tom de alguns dos momentos mais importantes da trama.

Legado dentro da Remedy e a espera por uma sequência

A história de Alan Wake não para na versão básica do game. O enredo continua por meio de duas DLCs e uma espécie de continuação, intitulada Alan Wake’s American Nightmare, que apesar de prosseguir com os eventos do jogo, é considerada como uma história individual.

Apesar da boa recepção de todas essas pinceladas de enredo, entretanto, nunca recebemos uma continuação. A Remedy já chegou a apontar que Alan Wake não pararia no primeiro game, mas após o anúncio de Quantum Break, a empresa disse que o game não teve sucesso financeiro suficiente para ganhar uma continuação completa.

Mais recentemente, a Remedy se tornou um estúdio independente da Microsoft e adquiriu de volta os direitos de distribuição de Alan Wake. Com isso, Sam Lake, o criador do jogo, chegou a afirmar que gostaria que a sequência fosse desenvolvida, mas há alguns obstáculos no caminho.

Precisa ser feito da maneira certa, se algum dia for feito. Tudo precisa entrar no lugar certo, o que é realmente difícil de fazer acontecer. Para esses jogos serem aprovados, muitas coisas precisam se alinhar. Mas tenho esperança de que algum dia...”, disse ao IGN em julho de 2019.

De um jeito ou de outro, a importância de Alan Wake para a Remedy é mais do que clara: Quantum Break foi declaradamente lapidado em torno de um projeto de Alan Wake 2. Apesar de não ser tão sombrio, o game traz um mundo fantasioso e ainda tem estrutura similar no gameplay em terceira pessoa.

Control, seu título mais recente, tem temáticas um pouco mais sóbrias, mas ainda assim tem muito da paranormalidade do jogo de 2010 - afinal de contas, Control fala sobre um mundo onde eventos sobrenaturais são comuns.

Isso sem falar na trilha sonora, que também utiliza Poets of the Fall - sob o pseudônimo de Old Gods of Asgard - em uma das sequências mais empolgantes de seu gameplay.

Claro, também é impossível não falar de que o game possui mais de um easter egg referente a Alan Wake: dois documentos colecionáveis abordam os eventos de Bright Falls, dando um pouco mais de contexto e até mesmo explicando alguns dos acontecimentos do game.

Por fim, a expansão Altered World Events deve ser o crossover máximo entre os dois jogos. Tudo indica que o enredo de Alan Wake entrará diretamente em contato com as aventuras da diretora Jesse Faden, mas ainda não há nenhum trailer ou detalhe sobre o que esperar para a DLC.

Fora do mundo dos games, Alan Wake terá uma série em live-action produzida pela Contradiction Films. Anunciada em 2018, a produção é comandada por Peter Calloway, de Legião e Manto & Adaga, mas não recebe novidades desde então.

Mesmo sem uma sequência, Alan Wake segue sendo influente e bastante lembrado por seus fãs. O game fez parte da retomada da Remedy aos grandes estúdios do mundo, e suas nuances permeiam os jogos da desenvolvedora até hoje.