"Blood and Wine" é a segunda expansão de The Witcher 3: The Wild Hunt. E expandir é exatamente o que ela faz! Poucas produtoras são tão preocupadas em melhorar continuamente seus produtos quanto a CD Projekt Red, esses poloneses maravilhosos que há um ano estão tornando ainda mais vasto e diversificado o mundo de Geralt de Rivia.

Tudo em Blood and Wine é novo. A região de Toussaint, inabalada pelas guerras ao norte, segue belíssima, verdejante, fértil e preocupada com a cultura e qualidade de vida de seus habitantes. Há uma nova - e longa - quest principal, uma investigação sobre assassinatos violentíssimos de cavaleiros, que mistura investigação, intrigas, batalhas épicas e introduz ao mundo dos games um vampiro conhecido dos livros que inspiraram a série, além de dezenas de novas criaturas - algumas bastante assombrosas.

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A jornada dessa narrativa é surpreendente e os inquietos criativos da CD Projekt Red não poupam esforços para que ela seja distinta do que já foi vivido até aqui em The Witcher. Há novas mecânicas, como um segundo nível da mutação de Geralt, que destrava mais espaço para mutagenos e amplifica as habilidades de seus poderes. Outro interesse é a possibilidade de manter uma propriedade rural em Toussaint - que deve ser restaurada e pode incorporar funcionalidades práticas (mesas de armas, armaduras e alquimia) e vantagens para o caçador de monstros, como bônus diversos por descanso.

O maior interesse, porém, é na qualidade de algumas missões secundárias. Como tudo no mundo de Geralt, as decisões travam ou destravam quests. Há momentos memoráveis reservados a quem se propõe a procurá-los. A maldição das colheres segue minha favorita, ainda que seja difícil ignorar a diversão dos testículos roubados da estátua em busca da virilidade ou a espetacular, irônica e crítica quest burocrática dentro de um banco (que para ser ainda mais especial só deveria ter bloqueado o uso do "skip" nas cutscenes - não use!)

Parte da diversão do jogo continua residindo em medir as consequências de seus atos e discutir com outros jogadores o que eles fizeram, comparando decisões. Trocar histórias é, organicamente, o componente mais social de um game criado para ser uma experiência totalmente isolada. Para tanto, o interesse na qualidade das missões, que se desenrolam como pequenos contos, é fundamental. Cada canto do mundo pensado por ele pulsa aqui com um detalhadamento preocupado em encantar e entreter.

A ideia de que esta será a última vez que Geralt de Rivia aparecerá nos games, promessa da empresa, é triste. Mas a CD Projekt Red não poderia ter deixado um desfecho mais empolgante para sua saga. Resta agora aguardar os próximos passos dessa criativa companhia, que certamente ainda tem muito o que surpreender e influenciar, seja criativa ou empresarialmente, a indústria dos games.

The Witcher 3 - "Blood and Wine" está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC (Steam). O game foi testado em um PlayStation 4. Clique no nome das plataformas para ver o preço em suas versões digitais.

Nota do crítico