Falar de smartphones da Sony aqui no Brasil é sempre uma tarefa complicada.

Isso porque a empresa costuma trazer dispositivos caríssimos para o país, que às vezes até podem ter funções bem interessantes, mas, quando comparados com preços praticados por concorrentes, acabam fatalmente ficando para trás.

Com seu novo flagship, o Xperia XZ Premium, a Sony, no entanto, traz alguns elementos interessantes e dá e sinais que indicam a coisa pode começar a mudar daqui para frente.

Corpo

Gabriel Pereira/The Enemy

Quem olha para o Xperia XZ Premium não precisa de muito para perceber que ele é um smartphone da Sony. O dispositivo é bem semelhante a quase tudo que a empresa lançou nos últimos anos, com ângulos bem retos que dão um visual imponente ao flagship – inclusive, ele fica de pé sozinho.

Com seus 195 gramas, o dispositivo parece um pouco mais pesado do que a média dos flagships atuais nas mãos e fica um tanto quanto incômodo com sua falta de curvas. As bordas altas na parte de cima e de baixo e as laterais, relativamente largas para padrões de 2017, também podem incomodar alguns.

Nós vamos falar daqui a pouco sobre o display 4K que o XZ Premium traz, mas já vale adiantar que ele vem com 5,5 polegadas e dimensões padrões, de 16:9 – ou seja, não aquela proporção mais alta e estreita, como é o caso dos 18:9 do LG G6 ou 18,5:9 do Samsung Galaxy S8 e S8+, que tem começado a dar as caras nos principais smartphones de topo de linha de 2017.

A construção do smartphone, no entanto, é bastante sólida: a borda de cima e de baixo tem acabamento metálico, enquanto as laterais, infelizmente, vêm em plástico. A parte da frente e a traseira são em vidro Gorilla Glass 5, que é resistente à riscos e tem também uma boa funcionalidade extra de poder ser usado como um espelho – além de ser um dos maiores imãs de digital que já experimentamos.

Ao menos, o material também parece ser bastante oleofóbico, então basta uma passada na camiseta para tirar as marcas de dedo – temporariamente, né, porque elas vão voltar no segundo seguinte.

Passando para as portas do Xperia XZ Premium, temos uma gaveta para entrada de um chip + um cartão microSD na esquerda; uma porta USB tipo C embaixo; uma entrada para fones de ouvido acima; e um lado direito bem congestionado – com botões de volume com um feedback de clique meio frouxo, um botão dedicado ao obturador da câmera, que discutiremos mais para frente nesse review, e um muito bem posicionado botão de bloqueio e desbloqueio com sensor de digitais – que é uma ótima posição para quem usa algum tipo de apoio para deixar o smartphone de pé no dia-a-dia.

Vale destacar também a dupla de alto-falante frontais que estão bem posicionadas em um local que direciona o som estéreo diretamente para o usuário e sem mãos no meio do caminho, mas, ainda assim, poderiam ter um som um pouco mais alto.

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Display

Mas vamos falar do display, que é o que mais chama a atenção por aqui: o display IPS LCD 4K é um dos principais destaques do Xperia XZ Premium e, como era de se esperar, entrega uma qualidade incrível de imagem, com bons ângulos de visualização, brilho e contraste – principalmente por conta da tecnologia HDR embarcada, semelhante a embarcada em TVs Bravia da Sony. Seja para leitura, consumo de vídeos ou de jogos tela do XZ Premium entrega capacidades excelentes.

Dito isso, é importante tirar um minutinho para falar um pouco sobre esse 4K: o que aqui é hype e o significa, na prática, ter esse display no seu bolso.

Apesar de realmente trazer suporte a resolução 3840 x 2160, na maior parte do tempo o Xperia XZ Premium vai renderizar aplicativos e interfaces em resolução Full HD, não 4K nativo.

Isso tem dois motivos: o primeiro é que nem todo o conteúdo disponível por aí está adaptado para o 4K, e, o segundo, é o fato de que se o smartphone fosse rodar absolutamente tudo o tempo todo em 4K, sua bateria sofreria consideravelmente.

Dito isso, existe, sim, conteúdo que pode ser visto nesta resolução – ele só não é tão vasto.

Entre os apps com suporte para a 4K estão o YouTube, e o aplicativo Álbum da Sony – mas não o Google Photos. O Amazon Prime Video tecnicamente seria outra destas opções, mas não aparenta disponibilizar essa resolução no Brasil – mesmo quando baixamos vídeos do serviço para o celular, o conteúdo continua em 1080p.

Gabriel Pereira/The Enemy

Se você realmente quiser que o smartphone rode o tempo todo em 4K, existem formas de fazer que isso aconteça usando o SDK do Android, mas essa review não vai entrar nesse aspecto.

Hardware e Software

Para combinar com o acabamento premium e o display 4K, a Sony colocou tudo que se espera de um topo de linha atual no Xperia XZ Premium.

Reprodução

O processador é um Qualcomm Snapdragon 835, que é o chip mais poderoso da fabricante no momento, aliado à 4 GB RAM e 64 GB de armazenamento interno.

Como seria esperado de um dispositivo com essas configurações, o Xperia XZ Premium desliza tranquilamente por qualquer tipo de navegação e uso do smartphone, sem esbarrar em nenhum engasgo – seja na reprodução de vídeos 4K, em jogos ou durante uma sessão com múltiplos apps abertos.

Nos nossos testes de benchmark, o Xperia XZ Premium registrou uma pontuação de 14215 no Ice Storm Extreme do 3D Mark e de 1918 no single-core e 5640 no multi-core de Geekbench 4.

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A Sony também fez um bom trabalho para resolver os problemas de superaquecimento que afetou alguns de seus smartphones no passado. O Xperia XZ Premium ainda parece aquecer um pouco mais do que a média durante uma sessão longa de jogos com brilho no máximo, mas longe de ficar desconfortável ao toque ou sofrer com soluços por causa da temperatura.

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Já o Android é embarcado na versão 7.1.1 Nougat, mas com algumas customizações e aplicativos embarcados da Sony, como é o caso do app do PlayStation, as capacidades de realce e ajuste fino das cores do display e uma funcionalidade para melhorar o som em fones de ouvido.

Câmeras

Nós falamos nesta borda superior alta do Xperia XZ Premium e parte do motivo dela estar aí deve ficar por conta dos módulos de câmera traseiro e dianteiro do smartphone, ambos com uma boa milhagem de megapixels a oferecer.

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Na frente, temos uma câmera de selfie de 13 MP e abertura f/2.0. Já atrás, a câmera principal vem com 19 MP e abertura  f/2.0 – com a lente protegida por um pequeno aro metálico ao redor. A câmera faz boas imagens bastante nítidas e é um pouco mais generosa na abertura focal do que a maior parte dos smartphones.

De acordo com a Sony, a câmera traz uma memória embutida que garante um “buffer” maior na hora de clicar uma imagem, garantindo maior velocidade de processamento. Na prática, isso dá acesso à chamada captura preditiva: um sistema que analisa o momento do seu clique para selecionar o melhor instante de captura para uma foto não tremida.

Mas o que a Sony quer mesmo usar para chamar a atenção com a câmera traseira é o Super Slow Motion, que tem capacidade de fazer imagens com até 960 frames por segundo. Nas experiências que tivemos, no entanto, a função foi bem menos empolgante do que soa.

Primeiro porque o Slow Motion só vai funcionar de verdade de vocês estiver fazendo imagens em um ambientes extremamente bem iluminado: caso contrário, o resultado é um borrão escuro. Em segundo lugar porque a função limita sua captura a 720p e só registra cerca de 5 segundos de slow motion por vez, o que exige uma série de tentativas e erros antes de filmar o momento certo.

Bateria

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Por fim, o XZ Premium  traz uma bateria honesta de 3230 mAh em seu corpo de 7,9 mm.

Após um dia inteiro de navegação no wi-fi para o trabalho, redes sociais e consumo de vídeos, vimos constantemente um smartphone chegando em casa com cerca de 30% – o que fica em linha com outros dispositivos da categoria.

No nossos testes de reprodução de vídeo por streaming, ele foi capaz de durar cerca de quatro horas com brilho no máximo, conectado no Wi-fi e no modo de voo.

Vale destacar também duas outras vantagens do XZ Premium no departamento de bateria: o já conhecido Quick Charge da Qualcomm, que agiliza a recarga, e os Modo Stamina e Ultra Stamina, que reduzem o consumo de dados de apps abertos e diminuem o brilho do display.

Conclusão

Passando a régua para fechar a conta dos XZ Premium, o que podemos tirar de tudo isso? Bem… Por mim, é um “quase lá, Sony”.

Quase lá porque a gente precisa reconhecer que a empresa se esforçou em alguns aspectos com esse flagship, trazendo um senhor hardware e um display 4K HDR que ainda não havia sido visto no mercado.

Porém, ele ainda deixa a desejar em alguns aspectos, principalmente no departamento de design – com suas bordas largas e laterais em plástico, o XZ Premium pode parecer levemente datado para alguns e uma peça antiquada de museu para outros. A Sony dá sinais de que precisa evoluir aí.

Quanto ao preço, vamos ser honestos aqui: o XZ Premium não é, nem de longe, um dispositivo barato, chegou no Brasil por R$ 3.999 – o que é o mesmo patamar dos preços de lançamento do Samsung Galaxy S8 e LG G6.

Mas, se levarmos em consideração o histórico mercenário da Sony, ele é uma passo na direção certa: o seu preço hoje está mais próximo do que um consumidor em busca de um dispositivo de topo de linha espera encontrar no Brasil, o que, no final das contas, faz do XZ Premium uma boa alternativa de nicho para alguns consumidores, mas não necessariamente um smartphone que vá agradar todo mundo. 

Nota do crítico