Em março de 2020, a Motorola anunciou o lançamento do Moto G8 Power no Brasil por R$ 1.599. O aparelho chegou com a promessa de manter a super bateria do antecessor Moto G7 Power, mas com um upgrade nas câmeras e visual renovado.

Não dá para negar que os 5.000 mAh são o suficiente para ficar longe da tomada por até dois dias, dependendo do tipo de uso. No entanto, se você quer muita potência aliada à tanta energia, é melhor repensar a escolha pelo G8 Power.

Design, Display e Multimídia

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Joyce Macedo/The Enemy

Para manter um preço razoável, a Motorola precisou continuar com um acabamento plástico. As múltiplas câmeras traseiras alinhadas na vertical dão um toque moderno que chama atenção na roda de amigos.

O conector é USB-C e o leitor de impressão digital fica na parte traseira, no logo da Motorola. Ainda falando sobre a construção, o Moto G8 Power é resistente a respingos, mas nem pense em enfiar ele na água.

A Motorola escolheu um acabamento em tons metalizados (Azul Atlântico e Preto Titanium) que são um verdadeiro chamariz para as marcas de dedo, mas a empresa manteve sua recente tradição de já mandar uma capinha simples dentro da caixa do produto. Ponto positivo.

A bateria grande afeta diretamente o tamanho do aparelho, que é bem gordinho. Isso é uma questão física, o milagre da bateria gigante em um smartphone fino ainda não aconteceu - É só lembrar do histórico de tentativas como o daquele modelo que foi abolido dos anais da Samsung devido aos problemas com a bateria.

Só para efeito de comparação, o Moto G8 Power é alguns milímetros menor do que o G7 Power, mas em compensação é 0,3 mm mais espesso.

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Joyce Macedo/The Enemy

Completando o pacote multimídia temos dois alto-falantes Dolby, que oferecem um som estéreo muito interessante para quem gosta de mais imersão em jogos, por exemplo. O áudio sai nítido e, de acordo com a Motorola, 50% mais alto em comparação com modelos que trazem um único alto-falante. A entrada 3.5 mm para fones de ouvido marca presença na parte superior do aparelho.

Na parte frontal do aparelho, a câmera fica no canto superior esquerdo, seguindo as tendências do mercado e deixando o notch presente no Moto G7 Power de lado. A tela IPS LCD de 6,4 polegadas FullHD+ não é a tela dos sonhos, mas o brilho é alto e ela se sai bem até mesmo sob o sol. As cores são vivas e o tamanho do display é ideal para quem gosta de consumir conteúdo em vídeo e jogar no smartphone.

A resolução da tela teve uma melhoria em relação ao G7 Power, que passou de HD+ para Full HD+ no G8 Power. Isso significa mais consumo de bateria, mas nada tão absurdo e que não tenha sido otimizado com o upgrade no processador e no software.

Desempenho

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Joyce Macedo/The Enemy

O Qualcomm Snapdragon 665 que alimenta o Moto G8 Power é o mesmo processador do Xiaomi Redmi Note 8T, mas o conjunto da obra oferecido pela Motorola, que é associado a 4 GB de RAM, não oferece um desempenho cinco estrelas.

Nem quatro.

... Talvez três e meio.

O resultado não foge tanto do esperado para um intermediário que não tem como foco o poder de fogo, mas sim a bateria. A abertura imediata de um aplicativo ao clicar no ícone nem sempre acontece como esperado, assim como a troca entre um app e outro. O desempenho em jogos como Asphalt 9 não foi dos melhores, mesmo com uma baixa taxa de quadros por segundo. No entanto, consegui jogar Call of Duty sem presenciar nenhum travamento.

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Joyce Macedo/The Enemy

PUBG Mobile também rodou com uma taxa de quadros aceitável para não morrer logo de cara. Em poucas palavras, talvez você não consiga jogar seu título predileto com as configurações mais altas possíveis, mas ainda assim vai conseguir jogar.

A Motorola também passou a oferecer uma ferramenta chamada Gametime, que pode bloquear notificações durante a jogatina. No entanto, a novidade ainda não havia sido liberada para o G8 Power durante nossos testes.

Completando o pacote, o armazenamento de 64 GB também é modesto, mas pode ser expandido via microSD -- algo necessário, já que o que realmente sobra para o usuário é cerca de 51 GB.

Conectividade

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Joyce Macedo/The Enemy

Passando para o quesito conectividade, o Moto G8 Power não tem NFC, o que significa que os donos do modelo não podem aderir à tecnologia de pagamento por aproximação. Outro ponto negativo é a falta de suporte às redes Wi-Fi de 5 GHz, o que deixa o usuário preso às velocidades mais baixas do 2,4 GHz. Agora falando de um ponto positivo: o Bluetooth 5.0 é uma melhoria em relação ao 4.2 do G7 Power.

A presença do Android 10 direto da fábrica também é um ponto muito positivo e ajuda a dar mais fluidez ao aparelho. O software chega com as já conhecidas adaptações da Motorola para suportar seus gestos, mas sem grandes enfeites que atrapalham a experiência do usuário e entulham o sistema.

Bateria

A Motorola continuou com os 5.000 mAh que estrearam no G7 Power. O carregador que vem na caixa é um turbo power de 18W, que dá conta do recado, mas demora cerca de 2h30 para carregar totalmente o dispositivo, afinal são 5.000 mAh. Para quem tem mais pressa, dá para gerar cerca de 8 horas de uso moderado com 15 minutos de carregamento.

Agora quando o assunto é duração de bateria, o Moto G8 Power se destaca, como esperado. Os donos de smartphones premium saem por aí se gabando quando conseguem fazer a bateria durar um dia inteiro, mas esse intermediário conseguiu bater 31 horas de uso, sendo quase 11h deste período com a tela ligada.

Esse é um uso bem exagerado, o que significa que durante a rotina de uso padrão, ele dura tranquilamente dois dias longe da tomada.

Câmeras

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Em termos de câmeras, o Moto G8 Power traz a seguinte configuração

  • Câmera principal de 16MP f / 1,7
  • Câmera ultra-wide de 118 graus com 8MP f / 2.2
  • Câmera macro de 2MP f / 2.2
  • Câmera telefoto de 8 MP f / 2,2 2x
  • Câmera frontal de 16MP f.2.0

A Motorola pulou de uma para quatro câmeras traseiras em relação ao antecessor do Moto G8 Power. Mas, é sempre bom lembrar que uma maior quantidade de câmeras nem sempre significa qualidade absurda nas fotos.

Apesar da versatilidade oferecida pelo conjunto, que permite fazer fotos macro, com zoom e grande angular, a troca entre uma lente e outra é notável, algo que não costuma acontecer em dispositivos que têm a câmera como foco principal.

A lente macro possui apenas 2 MP, o que significa que não dá para operar nenhum milagre na riqueza de detalhes, mas funciona bem para fazer uma graça nas redes sociais com objetos a cerca de 2 cm de distância. A telefoto permite um zoom que tira a qualidade da imagem durante a aproximação, mas ainda assim permite fazer registros interessantes. A ultra-wide também marca presença e permite boas fotos de ângulo mais aberto em locais com boa iluminação natural.

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Joyce Macedo/The Enemy

A câmera principal de 16 MP é a que terá melhores resultados em todos os aspectos. Durante o dia, com boa iluminação, as fotos são bonitas, com bom contraste e certo nível de detalhamento. Mas quando anoitece, aí o bicho pega.

O modo de visão noturna não chegou aqui neste modelo, e faz muita falta. O sensor demora a achar um ponto minimamente confortável para capturar a foto, que sai com as luzes estouradas e sem um nível aceitável de detalhamento.

Passando para a câmera de selfies, são 16 MP Quad Pixel com abertura f2.0, um aumento em relação ao Moto G7 Power e seus 8 MP. O resultado é bom com boa iluminação, trazendo contraste agradável e um bom nível de fidelidade nas cores.

Para quem gosta de vídeos, o Moto G8 Power segue a tradição da nova geração de smartphones e filma em 4K.

Conclusão

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Joyce Macedo/The Enemy

A Motorola tem apostado nessa jogada de levar algumas características premium para aparelhos com preços mais acessíveis. Com isso, a fabricante ampliou significativamente a quantidade de smartphones lançados, seguindo uma linha parecida com a da Samsung: muitos modelos diferentes para todos os tipos de consumidores. E ela está certa, já que essa estratégia posicionou a Samsung no topo do ranking de maiores vendedoras de smartphones do mundo.

No Moto G8 Power, os pecados ficam nas costas do desempenho abaixo do esperado perante outros intermediários e da falta de NFC. Os alto-falantes estéreo são um ponto positivo nessa faixa de preço, e a câmera é OK o suficiente para não te deixar na mão se você tiver uma boa iluminação a seu favor.

No entanto, o foco aqui é bateria, e nesse quesito você não vai se decepcionar. Se para você a característica matadora em um celular é te manter longe da tomada o maior tempo possível, pode apostar no Moto G8 Power.

Apesar de manter os 5.000 mAh do Moto G7 Power, ele trouxe melhorias significativas que valem o investimento. Comparando com outros modelos disponíveis no mercado pela mesma faixa de preço do G8 Power, ele bate de frente com o Samsung Galaxy A50, por exemplo, mas sai na frente no quesito bateria.

Nota do crítico