O HyperX Cloud II talvez seja um dos acessórios mais reconhecíveis do mercado de periféricos para games.

Desde seu lançamento, em 2015, headsets melhores certamente surgiram (muitos vindo da própria divisão), mas o Cloud II trazia uma combinação invejável de estilo, qualidade e versatilidade, podendo se passar por um fone "comum" para se ouvir música em dispositivos móveis ou em longas viagens, e compatível com consoles e PC para uma experiência de jogo mais imersiva.

Não à toa, ele já vendeu 4 milhões de unidades desde que chegou ao mercado.

Agora, cinco anos depois, o Cloud II ganha nova vida em forma sem fio com o HyperX Cloud II Wireless, recentemente lançado aqui no Brasil, e mantém o nível de qualidade de seu predecessor, tanto no som quanto na ergonomia, mas agora com o benefício de não ter um cabo a seu lado a todo momento.

Por outro lado, e um tanto ironicamente, o fato de ser um headset sem fio via adaptador o torna menos versátil do que o antigo Cloud II, não tendo o mesmo nível de compatibilidade com aparelhos.

HyperX Cloud II Wireless
HyperX/Divulgação

Para quem já viu ou experimentou um Cloud II - ou mesmo outros fones da linha da HyperX -, esta nova versão não tem muito segredo, trazendo o mesmo formato e conforto que sua contraparte com fio.

O headset conta com amortecedores de espuma memory foam ao redor tanto dos fones em si quanto da alça ajustável que os conecta, mantendo o conforto de uso por um longo período de tempo.

Por serem circumaurais, os fones também cobrem as orelhas confortavelmente, bloqueando (na maior parte) os sons externos e potencializando o áudio vindo do periférico.

E, tal qual o original, há compatibilidade com som surround 7.1 virtual, mas agora via software, já que o modelo anterior trazia a função no controle do cabo.

É claro, nada disso seria de muito utilidade se o Cloud II Wireless não tivesse uma qualidade de som - e isso certamente não é o caso. Ao testar alguns jogos e plataformas diferentes com o headset, sua performance é genuinamente excelente, me fazendo imergir ainda mais nestes diferentes mundos.

The Legend of Zelda: Breath of the Wild
Nintendo/Divulgação

No Nintendo Switch, The Legend of Zelda: Breath of the Wild ganha camadas ainda maiores no que já era um jogo impressionantemente denso. Tendo-o jogado antes apenas na minha TV ou, em raras ocasiões, na versão portátil do console, os sons do jogo ficavam limitados aos seus respectivos alto-falantes.

Com o Cloud II Wireless, o áudio tornou-se uma parte ainda mais intrínseca da experiência. O som do vento reverberando no planador de Link, seus passos nos mais diferentes tipos de terreno soando tão diferentes, ou mesmo as mudanças nos barulhos das suas armas e itens dependendo do que está equipado no momento - tudo isso se potencializou e enriqueceu ainda mais.

O mesmo com Ghost of Tsushima rodando no PS4, com seus ventos, flautas, estalos de fogueiras, e sons agudos de espadas se batendo durante os duelos e combates entre Jin e seus inimigos.

Mesmo Disco Elysium, que não segue na linha desses outros dois jogos, ganha contornos mais ricos com o áudio de alta qualidade dos fones, desde as músicas de fundo até os sons de ambientação e as vozes de diálogo.

Ghost of Tsushima
Sony Interactive Entertainment/Divulgação

Para quem quiser algo além de jogos, o Cloud II Wireless também é uma ótima opção para quem quiser ouvir música ou assistir a algum filme ou série no PC ou nos consoles.

E, por funcionar via um adaptador wireless especial, o nível de latência na chegada do áudio é reduzida a essencialmente zero.

Sua bateria também tem um destaque por si só: a HyperX promete 30 horas de uso, e ela não parece estar exagerando. Tendo usado o fone em diversas circunstâncias por várias horas nos últimos dias, só acabei por colocá-lo para carregar enquanto escrevia este texto - e com o nível ainda nos 30%, de acordo com o aplicativo Ngenuity.

O microfone destacável, por outro lado, é... funcional, e nada muito além disso. Se você o utilizar principalmente para sessões de jogo ou mesmo reuniões e papos remotos, ele faz seu serviço apropriadamente e sem grandes problemas.

Se o precisar para coisas mais elaboradas, como gravações em áudio, o ideal é procurar outra alternativa. A qualidade do som gravado é bem baixa, e a compressão do áudio é extremamente perceptível na reprodução.

Sim, talvez seja pedir demais para um headset sem fio, mas tendo gravado várias edições do Ping com um Astro A40 - cujo microfone certamente não é ideal, mas tem uma qualidade até surpreendente para essas situações -, o comparativo da gravação acabou sendo bem gritante.

HyperX Cloud II Wireless
HyperX/Divulgação

É também importante notar que remover o cabo do Cloud II levou a HyperX a fazer concessões em termos de compatibilidade com aparelhos. Já que ele não tem uma função híbrida (podendo se "transformar" em um headset com fio com o plug-in certo), sem Bluetooth e por depender do adaptador wireless, seu uso está limitado ao PC, PlayStation 4 e Nintendo Switch sem algum outro tipo de gambiarra.

Enquanto o Cloud II com fio poderia funcionalmente (embora talvez não de forma muito prática) ser conectado por fio a dispositivos móveis e controles de Xbox, o mesmo não pode ser dito da versão wireless.

Isso acabou sendo particularmente frustrante para mim, que estou com o Xbox Series X da redação do The Enemy em casa, e acabou se tornando minha plataforma de jogos principal no momento. Mas, por uma decisão da própria Microsoft no design do console, o headset não funciona com ele.

Não necessariamente culpo a HyperX pela falta de compatibilidade, mas é sempre importante ressaltar o ponto: O Cloud II Wireless não funciona em consoles Xbox.

O valor também traz um gosto bem salgado à boca, com preço sugerido de R$ 1.049,90 no lançamento. Há certamente headsets wireless mais caros no mercado, mas eles também tendem a contar com algumas funcionalidades extras de software, customização e coisas do tipo do que o Cloud II Wireless.

Mesmo assim, mesmo com essas limitações, o HyperX Cloud II Wireless é uma excelente opção para quem procura uma experiência de headset sem fio de qualidade tanto estética e de conforto quanto, logicamente, pelo áudio em si.

Ele acaba não sendo tão versátil quanto sua versão cabeada, justamente por sua conexão limitada a três plataformas. Mas para quem quiser uma experiência voltada exclusivamente para os games sem a necessidade de um cabo para PC, PS4 ou Nintendo Switch - e que não se importe com o microfone limitado -, o periférico é uma ótima pedida.

Embora seja um pouco difícil recomendar sem ressalvas com o preço inicial, vale ficar de olho para eventuais promoções que surjam por aí com esta nova e promissora linha de produtos.

Nota do crítico