Nos últimos anos a Asus cresceu consideravelmente aqui no país com bons dispositivos acessíveis, mas que também sofriam com alguns problemas crônicos – como os bateria humilde na época dos processadores Intel e a antiga interface poluída da ZenUI.

Para o novo Zenfone 4, no entanto, a taiwanesa parece ter adotado aquela velha máxima do menos é mais. Simplificando o design e a interface do próprio dispositivo, a empresa parece ter focado no que realmente interessa: um modelo com bom hardware, boas câmeras e que entrega o que é esperado de um intermediário moderno.

Corpo

The Enemy/Gabriel Pereira

O corpo do Zenfone 4 e segue a mesma linha introduzida pelo Zenfone 3 no ano passado, com laterais metálicas e acabamento frontal e traseiro em vidro, mas adota uma linguagem que parece mais compacta e minimalista.

Na cor preta a uniformidade do modelo é tanta que, de longe, é praticamente impossível notar se ele está de frente ou de costas – o que, no fim das contas, acaba sendo uma opção bem elegante que casa com o posicionamento intermediário para premium do dispositivo.

Foi embora o módulo volumoso de câmera do ano passado, que virou duas discretas lentes canto superior esquerdo – ao lado do flash. O sensor de digitais também passou da traseira para um posicionamento melhor, na parte inferior dianteira do modelo, ao lado dos botões capacitivos retroiluminados.

A modelo tem boa pegada e não incomoda em termos de peso ou dimensões, mas vale lembrar que, assim como todo smartphone com acabamento em vidro, ele é um colecionador de digitais.

Ah, vale lembrar, o Zenfone 4 também não conta com certificação IP68 – então cuidado com seu uso no banheiro, porque o modelo é um tanto quanto escorregadio e não está equipado para sobreviver a um mergulho na privada. Ao menos, a Asus inclui uma capinha básica na embalagem, o que ajuda.

Em termos de som, também vale destacar que temos uma situação meio... esquisita: o Zenfone 4 vem com um alto-falante na parte de baixo que é beeem alto e com grave bem marcado, ainda que levemente metalizado. Mas para criar o efeito estéreo, o segundo alto-falante a própria saída usada para ligações de voz, que é muito mais baixo quando comparado ao inferior e, na prática, acaba criando um som desnivelado.

The Enemy/Gabriel Pereira

Hardware

Zenfone 4 vem com um ótimo display. Ele não é AMOLED, como o modelo Zenfone 4 Pro – que não veio ao Brasil –, mas não deixa a desejar. ISP LCD, a tela Full HD de 5,5 polegadas traz um ótimo brilho e tonalidade levemente puxada para cores quentes –, mas nada que não possa ser ajustado para um balanço melhor.

O modelo que testamos vem com 6 GB de memória RAM e 64 GB de armazenamento interno, e o ótimo processador intermediário Qualcomm Snapdragon 660, que tem um desempenho próximo à série de topo de linha 800, mas melhor consumo energético.

Reprodução
The Enemy/Gabriel Pereira

A combinação garante um desempenho tranquilo para qualquer tipo de uso do dia-a-dia, seja em produtividade ou em navegação da web e redes sociais – e sem engasgos também na hora da jogatina. Veja os resultados dos principais testes de benchmark abaixo:

Combinado com a bateria de 3300 mAh, a boa eficiência energética do 660 também garante longevidade ao Zenfone 4. Após um dia comum de trabalho, incluindo reprodução de música pro streaming no 4G e navegação por redes sociais e vídeo no Wi-Fi, o Zenfone 4 próximo aos 30% de bateria.

Software

Agora que tiramos os principais elementos do hardware do Zenfone 4 da frente, vamos partir para o software – que é, historicamente, onde a Asus mostrava problemas com sua ZenUI inchada.

A boa notícia é que a taiwanesa parece finalmente ter ouvido entusiastas de um Android mais limpo e fez um bom trabalho para tentar simplificar a mais nova versão da sua customização do sistema operacional – a chamada Zen UI 4.0.

As mudanças são notáveis já ao puxar a barra de notificações, que mostra o design mais limpo e minimalista dos ícones. Foram embora também as “bolhas” coloridas da ZenUI 3.0 para adotar desenhos mais simples. O mesmo vale para os ícones dentro de menus.

Também dá para notar que a empresa resolveu acabar com aplicações que, para muita gente, eram só bloatwares desnecessários. Um exemplo é o Selfie Master, que reúne funções de antigos aplicativos separados da Zen UI 3.0 em um app só.

Ainda existem, sim, alguns elementos de gosto duvidoso aqui e ali: como colocar um símbolo de um foguete como o indicador da limpeza de aplicativos abertos – um simples “Limpar tudo” serviria. 

Mas não é de todo mal. Existem pessoas que gostam desse tipo de graça no seus dispositivos, então é válido. É um design mais sóbrio do que a empresa apresentava no passado e bem mais agradável, com uma interface intuitiva de navegação que não polui tanto a experiência do usuário.

Mas resumindo: tudo isso significa que a Zen UI 4.0 está próxima de um Android Puro? Não, não significa.

A empresa ainda modifica pesadamente o sistema operacional tem identidade visual bem marcante, mas é preciso reconhecer a melhora aqui: finalmente, a ZenUI deixou de ser um incômodo. Então, pontinho positivo aqui.

Câmeras

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Assim como todos os outros modelos da linha o Zenfone 4 chega com uma dupla de câmeras, a principal, de 12 megapixels e abertura f/1,8; e uma secundária, grande angular de abertura f/2,2 e 8 megapixels.

The Enemy/Gabriel Pereira

A lente principal tem um bom desempenho em quase qualquer situação, mesmo em locais sem uma boa iluminação, com boa nitidez e cores até em ambientes escuros.

A coisa complica um pouco na câmera secundária, onde a queda de qualidade é notável por conta da capacidade menor de captura de luz  Mesmo com um campo aberto sem muita distorção nas laterais, a granulação é bem perceptível em fotos noturnas.

Na parte da frente, por sua vez, há uma câmera de selfies de 8 megapixels que tira boas fotos e ainda conta com o recurso Modo Retrato simulado por software, que faz boas imagens desfocadas mesmo sem um sensor auxiliar.

Conclusão

Agora que nós já passamos por todo o hardware e software do Zenfone 4, vamos às conclusões: ele vale à pena?

Bem, os novos modelos chegaram ao Brasil no começo de outubro por preços um pouco salgados: no caso deste aqui, o Zenfone 4 com o Snapdragon 660 e 6 GB de RAM, ele chegou por R$ 2.499.

Isso coloca o Zenfone 4 em desvantagem quado comparado lado a lado com alguns outros modelos da mesma categoria, ou até com smartphones de topo de linha que foram lançados por valores bem mais altos, mas já podem ser encontrados abaixo dos R$ 3 mil reais no país.

Mas se o preço não foi um problema para você, o Zenfone 4 mostra que a Asus aprendeu com alguns dos seus erros dos últimos anos e lançou um modelo sólido.

Nota do crítico