O ano de 2016 foi meio chato para a Samsung. A empresa lançou os ótimos Galaxy S7 e S7 Edge no primeiro semestre, mas acabou terminando o ano com o fiasco do Galaxy Note 7 – que teve unidades com baterias problemáticas que superaqueciam e pegavam fogo.

Então, existia uma expectativa alta dos consumidores e do mercado em cima dos novos flagships sul-coreana: Galaxy S8 e Galaxy S8+.

E não há como negar, os dispositivos são, sim, os melhores smartphones já feitos pela Samsung e, se você tiver bolsos fundos para investir em um deles, são possivelmente os melhores smartphones que você vai achar atualmente no mercado – colocando a disputa dos smartphones flagships em um novo padrão.

Display e construção

Gabriel Pereira/The Enemy

Não tem como a falar da nova família S8 sem começar pelo display. Lembram do primeiro experimento da Samsung com uma tela curva, o Galaxy Note Edge, lá de 2014?

Então, a empresa apurou o conceito nas gerações passadas da linha Edge e chegou no display infinito: uma tela curva nas bordas, transbordando para os lados do smartphone e criando efeito contínuo que quase some com a moldura do aparelho.

Ponto positivo: é um efeito incrivelmente bonito para uma tela que já é excelente – um display Super AMOLED com resolução alta de 1440 x 2960 pixels e cores vibrantes.

Mas o formato curvo tem seus inconvenientes. Para mim, um deles é o reflexo de luz nas curvas, que não tem muito como fugir. O outro é um risco hipotético, mas: já imaginou essa bela tela curva em uma queda? Pois é.

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São dois tamanhos disponíveis: 5,8 polegadas no S8 e 6,2 polegadas no S8+.

Eles são um pouco mais altos e estreitos do que outros dispositivos 16:9 por conta da dimensão esquisita de 18,5:9. Na prática, isso faz a operação com uma mão só ser um desafio, mas o lado bom é que ele é um excelente display para consumo conteúdo - principalmente vídeo.

Vale destacar, no entanto, que a proporção nova acaba deixando alguns conteúdos quebrados, que exigem um ajuste na tela cheia. No caso de vídeos a Samsung colocou um botão conveniente que estica o conteúdo. Mas outros aplicativos, como foi o caso do Reddit ficam com barras em baixo e em cima. Não é o ideal.

Dando uma geral no restante do corpo do S8+, que foi a unidade que a Samsung nos enviou, temos um smartphone de 173g e 8,1 mm de espessura. O S8, como esperado, é um pouco mais fino e leve: 155g e 8 mm. Ambos trazem certificação IP68, o que significa resistência à poeira e à água.

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O acabamento do dispositivo é metálico nas laterais, com a gaveta do chip duplo ou chip + cartão microSD para expansão de memória na parte de cima; botão para desligar e ligar à direita; e à esquerda, botões de volume e do assistente Bixby, que falaremos mais tarde.

Abaixo, fica a entrada USB tipo C a uma boa saída de áudio, mas foi colocada naquela posição péssima que sempre acaba coberta pela mão. Vale destacar também que a entrada de fones de ouvido continua aqui, apesar de ser uma espécie ameaçada em flagships. Para melhorar a situação, o S8 ainda vem com ótimos fones da austríaca AKG -- que é parte da Harman, que agora é da Samsung.

Para encerrar a revisão do corpo do aparelho, temos um botão Home virou um botão virtual com sensor de pressão por conta do display infinito. O leitor de digitais, por sua vez, saiu da frente do S7 e foi parar  atrás - à direita da câmera. Esse não é o posicionamento ideal e você com certeza vai acabar colocando o dedo sobre a câmera toda hora que for desbloqueá-lo - ou ou acabar tendo que reposicionar o celular na mão para alcançar o leitor.

Se o leitor de digitais estiver muito chato para você, ainda há as opções de reconhecimento facial ou leitor de íris. Ambas foram experiências muito boas e desbloquearam o S8+ sem problemas e sem ter que ficar reposicionando o dispositivo na frente do rosto.

Mas se for para escolher entre as duas, opte pelo leitor de íris – bem mais seguro que o reconhecimento facial pode ser enganado por uma foto sua. 

Hardware e Software

O Galaxy S8+ e o S8 trazem tudo o que você esperaria de um smartphone de topo de linha em 2017.

O processador é o Exynos 8895 em todos os lugares do mundo – com exceção dos Eua, onde os novos S chegaram com o Qualcomm Snapdragon 835.

Há também 64 GB de memória interna e 4 GB de RAM, o que é o suficiente para aguentar a bronca de qualquer tipo de aplicativo ou game e de enfrentar a bronca de vários apps abertos ao mesmo tempo – e devem manter o bom desempenho por mais alguns anos.

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Falando agora do software, precisamos reconhecer que a Samsung aprendeu com erros do passado e a TouchWiz traz uma interface elegante nos S8 e S8. O design espacial é agradável e vários dos apps integrados, são bem úteis. O próprio painel edge é exemplo disso, trazendo alguns atalhos como contatos frequentes, gaveta de apps e ferramentas que facilitam a navegação com uma só mão – algo importante em um celular grande.

O que também colabora com a boa interface é o fato de que quase tudo na experiência de usuários é customizável: desde a ordem dos botões virtuais do Android até as imagens que podem ficar no display Always On.

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As novidade do software se estendem também às câmeras, que trazem o software já conhecidos, mas algumas novidades interessantes, como filtros à la Snapchat e Instagram. As câmeras aliás, receberam apenas uma atualização modesta em relação à geração anterior: a traseira vem com os mesmos 12 megapixels e abertura de 1.7 do S7, e a frontal passou de 5 MP para 8 MP, agora também com abertura 1.7 e com autofoco – o que não se encontra em muitos aparelhos na câmera de selfie.

Por fim, a bateria: no S8+ nós temos 3.500 mAh, e 3.000 mAh no S8, o que é o suficiente para um dia inteiro de uso comum e não muito além disso. Usando usando no dia-a-dia, conseguimos chegar em casa no fim do dia com cerca de 20% de bateria. Nada surpreende, e em linha com outros Android da atualidade.

Bixby

A grande não-novidade dos novos smartphones fica por conta do Bixby, assistente inteligente desenhado pela Samsung e que estreou no S8 e S8+ Porque não-novidade? Bom, porque, por enquanto, não há muito o que se fazer com ela aqui no Brasil.

Você ganha uma aba lateral de cards que traz algumas funções que o Google Now, tecnicamente, já forneceria, como infos do tempo e acesso à suas fotos. O mais legal, na verdade, é a função embarcada para reconhecimento de rótulos de vinhos, que deve ser uma função ótima para se usar na França, mas convenhamos que não é útil para todo mundo aqui no Brasil.

Há também um botão dedicado para te levar à página Hello Bixby, mas ele é meio mala, na verdade. Pela localização, algumas vezes acabei apertando a tecla sem querer achando que era o botão de volume. Além disso, também é impossível customizá-lo para ter outra função, o que também é meio mala.

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Os comandos de voz, que seriam o principal chamariz da Bixby e o que colocaria o assistente na disputa direta com Google Assistant e Siri, no entanto, ainda não existem. Mesmo nos Estados Unidos, o smartphone foi lançado sem esse suporte e ainda pode levar um booom tempo para chegar aqui no Brasil, já que além de habilitar o suporte, seria necessário uma localização em português brasileiro...  Então, melhor esperar sentado.

Conclusão

Como eu falei lá no começo, não dá para discutir que o S8 e o S8+ são os melhores smartphones da Samsung: o display infinito é um design inovador que destaca o smartphone do restante de outros dispositivos Android. Aliado a isso, está o hardware excelente e o software bem acabado, resolvendo o que era um problema crônico da Samsung.

Mas, os novos Galaxy ainda sofrem com a síndrome brasileira do preço altíssimo, e chegaram ao Brasil por R$ 3.999, no caso do S8, e R$ 4.399 pelo Galaxy S8+, valores são muito mais altos do que o brasileiro gasta em média em um novo aparelho.

Mas e aí, vale a pena?

Se você tiver a prata disponível, a resposta é sim: vai fundo no S8, na briga no setor Android, coloca todo mundo para trás.

Na comparação com iPhone 7, você ainda pode argumentar que a Apple teria algumas vantagens, como atualizações de software. Mas, em aspectos do display e hardware, o novo flagship da Samsung está no páreo.

 

Nota do crítico