Astrônomos revelaram a primeira imagem de um buraco negro registrada pela humanidade nesta quarta-feira (10).

De acordo com o grupo de cientistas envolvido no projeto, intitulado Event Horizon Telescope Collaboration (EHT), o buraco negro está a 55 milhões de anos-luz da Terra e tem uma massa 6,5 bilhões de vezes maior que a do Sol.

O buraco negro se encontra no centro de uma galáxia chamada M87, e tem um "diâmetro" de 40 bilhões de km.

Buracos negros são objetos cósmicos infinitamente densos, com uma massa enorme e um tamanho compacto. Essas características fazem com que um buraco negro consiga deformar o espaço-tempo, criando uma atração da qual nem partículas que se movem à velocidade da luz conseguem escapar. O ponto em que a força da gravidade de um buraco negro é tão intensa que nem a luz consegue escapar se chama horizonte de eventos.

Buraco negro

Buraco negro da galáxia M87 está a 55 milhões de anos-luz da Terra

EHT Collaboration/Divulgação

"Ao ser imerso em uma região iluminada, como um disco de gás brilhante, esperávamos que um buraco negro criasse uma região escura similar a uma sombra - algo previsto na teoria da relatividade de Einstein que nunca vimos", explica Heino Falcke, professor da Radboud University, na Holanda, e presidente do conselho de ciências da EHT. "Essa sombra, causada pela dobra gravitacional e a captura da luz pelo horizonte de eventos, revela muito sobre a natureza desses objetos fascinantes e nos permitiu medir a enorme massa do buraco negro da (galáxia) M87".

Como a imagem foi registrada

A imagem foi capturada por uma rede de oito telescópios que trabalharam em conjunto utilizando uma técnica chamada Interferometria de Longa Linha de Base. O método permite que os vários telescópios se "combinem", formando um telescópio virtual com tamanho igual à distância máxima entre eles - neste caso, o tamanho da Terra.

Mais de 200 pesquisadores trabalharam no projeto por uma década, trabalhando com telescópios em locais de altitude elevada como vulcões no Havaí e no México, montanhas no estado americano do Arizona, no deserto do Atacama, no Chile, em Sierra Nevada, na Espanha, e na Antártida.

"Atingimos algo que se presumia ser impossível pela geração passada", afirma Sheperd S. Doeleman, diretor do projeto no centro de astrofísica de Harvard & Smithsonian"Avanços em tecnologia, conexões entre os melhores observatórios de rádio do mundo, e algoritmos inovadores se combinaram para abrir uma nova perspectiva sobre buracos negros e o horizonte de eventos".