Nos anos 1990 e início dos 2000, um salto enorme em complexidade visual marcou milhões de jogadores. A geração protagonizada por Nintendo 64, PlayStation e Sega Saturn foi absolutamente fantástica. Depois dessa, vieram ainda os jogos de Dreamcast, PlayStation 2, Nintendo GameCube e Xbox, que concretizaram a tridimensionalidade como o novo padrão da indústria.

"Isso é um jogo ou um filme?!", nos perguntávamos. É verdade que a evolução nunca parou, mas as gerações seguintes (X360/PS3 e XONE/PS4) não chegaram a nos chocar tanto quanto o que se viu na transição da era 2D para o período de consolidação da era 3D. Aquele choque dificilmente acontecerá novamente... Embora The Matrix Awakens demonstre que algo semelhante nos aguarda no horizonte.

Água em The Matrix Awakens.

Dá pra voar um pouco sobre a água.

Antes dos jogos completos e totalmente funcionais, é comum que empresas conhecidas pelos motores gráficos lancem pequenas demos que mostrem o potencial das novas tecnologias. The Matrix Awakes é exatamente isso, embora nos dê uma liberdade surreal para explorar uma versão digital de "Nova York".

Você pode até pensar, no início, que a experiência é só legal. Vemos Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss, atores de Neo e Trinity em Matrix, respectivamente, andando por cenários brancos e conversando com a câmera. De fato, a qualidade das expressões faciais é impressionante, mas o primeiro modelo de personagem de Keanu Reeves já anda como qualquer outro personagem que conhecemos.

Cidade em The Matrix Awakens.

Olha o nível disso, sério. É surreal... Irreal (desculpa).

O que realmente nos choca é a transição para a parte interativa da tech demo. Nela, vemos a versão jovem de Neo bem de perto e, sem exagero algum, é absolutamente compreensível se perguntar, a princípio, se aquilo é um filme ou um jogo.

Depois de ver a boca do personagem se mexendo, assim como a dos demais, percebemos que ainda existe bastante artificialidade no movimento, mas a primeira impressão é absolutamente bizarra de tão positiva. Se esse é o futuro dos jogos, temos muitos motivos para nos alegrar.

NPCs confusos.

Tudo bem, algumas coisas assim ainda acontecem.

Tudo bem que, em termos de interatividade, a demo não nos oferece tantas opções assim. Na primeira "missão", temos apenas as opções de escolher em quais carros vamos atirar (com o analógico) e, de fato, prosseguir com a ação (atirar). Não sabemos quão viável é criar um jogo plenamente funcional com aquele nível de realismo visual, mas nossa senhora... Essa breve perseguição de carro já é a minha perseguição favorita dos jogos.

Dezenas de carros no campo de visão do jogador, explosões acontecendo onde mal podemos enxergar, personagens pulando de um veículo em outro, ótimos efeitos de sombra e reflexo. Sério, a abertura da experiência interativa de Matrix só não é melhor do que ser largado, de fato, para andar (ou voar, com a câmera) pelo "mundo aberto".

Colisão em The Matrix Awakens.

Isso aqui é perfeito. 

Sem grandes pontos artificiais se destacando, uma captura de tela do jogo pode ser facilmente confundida com uma foto de uma cidade real. Não bastassem os prédios incrivelmente detalhados, existem carros suficientemente diversos andando pelas ruas — e o jogador pode dirigir! Aliás, quando acidentes de trânsito acontecem, é surreal como o surgimento das partes amassadas do veículo acontece. Sério, esqueça GTA, Cyberpunk ou qualquer outro jogo situado em cidade. Não há sequer comparação.

The Matrix Awakens foi o primeiro "jogo" a me mostrar o potencial da nova geração de consoles, que pode, depois de muito tempo, representar um salto de qualidade visual quase tão chocante quanto o da transição que ocorreu entre os anos 1990 e 2000.

Unreal Engine 5, por favor, nos revele todos os seus segredos.