No meio de todos os poderes sobrenaturais, alienígenas e mundos fantásticos dos jogos, também existe um espacinho para a realidade — seja misturada com ficção ou não. Estamos falando, evidentemente, de títulos como Assassin's Creed, Red Dead Redemption e This War of Mine.

Por isso, neste texto, apresentaremos 10 jogos que foram inspirados por eventos e pessoas da vida real. Fatos históricos, pequenas histórias e mistérios mal resolvidos.

10. Kholat (2015) | PS4, XOne, Switch, PC

O jogo Kholat é um walking simulator com survival horror que explora um caso trágico e ainda inexplicado que aconteceu na Rússia em 1959. Sete homens e duas mulheres faziam uma excursão por uma área de difícil passagem na montanha Kholat Syakhl, que significa “Montanha dos Mortos”. Eles foram encontrados mortos a 10 km do destino final e em circunstâncias bem estranhas, neste evento que ficou conhecido como “Incidente do Passo Dyatlov”.

Alguns dos corpos tinham fraturas na região torácica ou no crânio e um deles foi encontrado sem a língua. Isso deu margem para várias teorias e lendas, que consideraram a possibilidade das mortes terem sido causadas por avalanche, alienígenas, ataque de tribos mansi e até o Abominável Homem das Neves.

O jogo Kholat usa essa falta de conclusão pra inserir elementos sobrenaturais na história. Você controla alguém que retorna ao local da tragédia para tentar entender o que aconteceu. E olha só: a voz do protagonista é feita pelo ator Sean Bean, que curiosamente não morre nesse jogo. Ou será que morre?

9. A série Dynasty Warriors (1997-2018) | PlayStation, Xbox, Nintendo, PC, Android e iOS

Existem alguns poréns aqui, mas a franquia de jogos musou Dynasty Warriors é inspirada em episódios que aconteceram na China entre os séculos II e III depois de Cristo. Na verdade, ela é inspirada no livro “Romance dos Três Reinos”, que, por sua vez, é baseado no documento histórico “Registro dos Três Reinos”.

Dynasty Warriors fala de eventos que ocorreram durante a Dinastia Han e a chamada Era dos Três Reinos. Esse foi um dos períodos mais sangrentos da história da China em que três reinos lutaram pela hegemonia da na4ção até se destruírem mutuamente depois de décadas de guerra. Os games mostram esse conflito em uma versão que é bastante romanceada, cheia de melodrama e com lutas sem nenhum compromisso com a realidade.

8. That Dragon, Cancer (2016) | PC, Android, iOS

That Dragon, Cancer não fala de grandes eventos históricos, mas da história autobiográfica dos desenvolvedores Ryan e Amy Green. Essa experiência de narrativa interativa fala da breve vida de Joel, o filho do casal, que foi diagnosticado com câncer aos 12 meses de vida e acabou morrendo aos 5 anos de idade.

No jogo, você controla os pais de Joel em 14 segmentos que trazem mecânicas de gameplay simples, mas variadas, retratando momentos desses poucos anos de vida da criança. É um jogo carregado de emoção que aborda amor, luto e desespero com uma linguagem lúdica.

7. The Town of Light (2016) | PS4, XOne, Switch, PC

O thriller psicológico The Town of Light recria com muita fidelidade o Hospital Psiquiátrico de Voltaterra, na Itália dos anos 40, e coloca o jogador no papel de uma mulher chamada Renée, que relembra sua estadia no manicômio quando ela era uma menina.

A desenvolvedora italiana LKA fez uma pesquisa bem pesada sobre esse local sinistro, com livros, testemunhas e perfis psiquiátricos para misturar uma ficção arrepiante com documentação real sobre o sofrimento vivido no local pelos pacientes.

6. This War of Mine (2014) | PS4, XOne, Switch, PC, Android, iOS

This War of Mine, da desenvolvedora polonesa 11 Bit Studios, aborda a guerra de um jeito diferente: pela perspectiva dos civis. O jogo acompanha as dificuldades dos sobreviventes em uma cidade e nação que são fictícias, mas que foram diretamente inspiradas no sofrimento vivido durante o Cerco de Sarajevo, que aconteceu na Guerra da Bósnia, entre 1992 e 1996.

A população era obrigada a se esconder em casa durante o dia e a procurar por suprimentos nas ruas durante a noite. Por isso, no game, o jogador precisa gerenciar os níveis de saúde, fome e humor dos personagens enquanto eles conseguem mantimentos e lidam com ameaças externas.

5. Red Dead Redemption e RDR II (2010, 2018) | PS3, PS4, X360, XOne, PC

Por essa você não esperava, mas tem bastante coisa real em Red Dead Redemption. No primeiro jogo, por exemplo, a história de John Marston, sendo um ex-membro de gangue fora da lei, tentando viver a vida honestamente, foi inspirada por Frank James, que era irmão do famoso assaltante Jesse James. Frank se entregou ao governador do Missouri depois de ver que seu irmão foi morto e viveu seus últimos anos como fazendeiro. Familiar?

Já a Gangue Van der Linde foi inspirada na Wild Bunch, quadrilha do criminoso Butch Cassidy.

Em Red Dead 2, tem ainda vários personagens de missões paralelas que existiram, como por exemplo os Aberdeens, que são baseados nos irmãos Bender, que mataram e enterraram pelo menos oito pessoas na sua fazenda. E o serial killer Edmund Lowry Jr., baseado em um assassino em série da vida real chamado Stephen Richards.

4. Valiant Hearts: The Great War (2014) | PS3, PS4, X360, XOne, Switch, Switch, Android, iOS

Valiant Hearts é um dos pouquíssimos games de aventura já feitos até hoje que foram ambientados na Primeira Guerra. Esse projeto foi fundamentado em entrevistas e cartas escritas por soldados na época e também feito em parceria com documentaristas.

Os personagens do game são fictícios, mas foram inspirados por pessoas reais, assim como os desafios que eles enfrentam foram realmente os mesmos enfrentados por famílias que se envolveram na guerra contra sua própria vontade e se viram separadas. Outra coisa bem real é a emoção que ele provoca, e, se seu coração não for de gelo, você vai se sensibilizar.

3. A saga Brothers in Arms (2005-2008) | PlayStation, Xbox, Nintendo, PC

Eu poderia falar de vários shooters de Segunda Guerra nessa seleção, mas se é para escolher um que é preciso historicamente, escolho Brothers in Arms. A série vai para uma linha muito mais realista em narrativa e gameplay que os CoDs, Medal of Honors e tantos outros games do tipo lançados lá na quinta geração de consoles.

Os jogos focam no 502º Regimento de Infantaria da Centésima Primeira Divisão Aerotransportada do Exército dos Estados Unidos (tente falar isso rápido três vezes) — e que, sim, realmente existiu. Aí você vai com esses soldados na Invasão da Normandia, na Batalha de Carentan e na Operação Market Garden.

Além de uma representação fiel dos locais históricos, o jogo foi embasado nas histórias de soldados reais e em entrevistas com veteranos da guerra. Para se diferenciar dos shooters meio “super herói”, as armas do jogo são propositalmente imprecisas e você precisa também trabalhar coordenando seu esquadrão para flanquear os inimigos ou você não vai conseguir passar. A cereja do bolo é que é tudo contado naquela mesma pegada da série Band of Brothers.

Brothers in Arms tinha uma trama que deveria ser contada em quatro jogos, mas infelizmente só três deles foram desenvolvidos e o terceiro, que saiu em 2008, terminou em um gancho.

2. 1979 Revolution: Black Friday (2016) | PS4, XOne, Switch, PC, Android, iOS

1979 Revolution: Black Friday é um adventure que explora as ambiguidades morais da Revolução Iraniana quase como um documentário interativo. Você joga como um fotojornalista que retorna para casa e encontra seu povo protestando contra o Xá — não o de beber; o monarca, o rei iraniano.

Apesar de ser uma versão romanceada dos fatos, o projeto foi feito respaldado por uma pesquisa extensa dos fatos, entrevistas com historiadores e com iranianos que viveram a revolução. É uma aula de história em forma de videogame.

1. A série Assassin’s Creed (2007-2018) - PlayStation, Xbox, Nintendo, PC

Em primeiro lugar, é claro que a gente não podia deixar de fora Assassin’s Creed, que mesmo sendo sobre deuses alienígenas, artefatos mágicos e teorias da conspiração de dominação global, usa muita coisa retirada da vida real.

Além das recriações de lugares, roupas e costumes, a série é lotada de personagens históricos e alguns até tem papéis grandes, como Rodrigo e Cesare Borgia, que são os vilões principais de Assassin’s Creed II e Brotherhood.

Só pra citar alguns desses personagens mais conhecidos: Rei Ricardo, Coração de Leão; Nicolau Maquiavel; Leonardo Da Vinci; Benjamin Franklin; George Washington; Edward “Barba Negra” Teach; Napoleão Bonaparte; Charles Darwin; Rainha Vitória; Júlio César; Cleópatra; Sócrates e, literalmente, centenas de outros.

É claro que a franquia faz mais alusões históricas ligeiramente reais do que conta de forma rigorosa o que realmente rolou, mas é um jeito interessante de fazer o jogador se familiarizar com esses personagens enquanto lida com toda a parte fantasiosa.