Com seus 1,88 metro de altura, vozeirão de sotaque irlandês, cabelo arrepiado sobre as orelhas e cara de louco, o ator Peter Boyle poderia muito bem ter passado a carreira inteira interpretando vilões. Mas o seu perfil também servia às comédias - e ele será lembrado por elas. Boyle morreu ontem em Nova York, aos 71 anos.

O agente do ator veio a público informar o falecimento. Boyle já havia sofrido um derrame em 1990 e um infarto em 1999. Junto com os desdobramentos de um mieloma, tumor que compromete o esqueleto, vieram as complicações das doenças do coração. Ele estava internado no Presbyterian Hospital da cidade.

Além das duas filhas e da esposa, Loraine Alterman, com quem era casado desde 1977, Boyle deixa uma galeria de personagens imortais. A começar pelo simpático e sapateador Frankenstein do clássico de Mel Brooks O Jovem Frankenstein, de 1974. O papel do taxista Wizard em Taxi Driver, no ano seguinte, ajudou a colar em Boyle os personagens que transitam entre a quietude e a ira. Foi assim até a telessérie Everybody Loves Raymond, entre 1996 e 2005, na qual ele interpretava o pai ranzinza de Raymond.

Boyle foi o único ator na série cômica a não ganhar nenhum prêmio Emmy, o Oscar da televisão dos EUA. É o tipo de injustiça que, agora, com o adeus, muitos vão lamentar.