Quando surgiu no mercado de games, em 1998, Rainbow Six se destacou por oferecer um contraponto ao que os jogos de tiro ofereciam. Sua jogabilidade cadenciada e calcada em pensamento tático o distanciava bastante da movimentação intensa e a matança exagerada de colegas de gênero como Quake ou Doom. Em 2015, Rainbow Six: Siege, o mais novo game da franquia, faz mais ou menos a mesma coisa.

Previsto para outubro, mas adiado para dezembro, mês normalmente evitado por games de alto orçamento, Siege fecha um ano dominado por FPS futuristas - temática que vigora no gênero desde Titanfall, diga-se de passagem. O atraso, entretanto, foi uma bênção disfarçada. Ao chegar por último, o novo Rainbow Six vê seu contraponto ao estilo vigente em Call of Duty e Halo ser ainda mais evidenciado por uma jogabilidade na qual entrar na louca em uma sala é pedir para morrer - algo que só fui perceber depois de tomar a quinta ou a sexta bala na cabeça.

Rainbow Six: Siege divide os jogadores em dois times - um ataca, outro defende, com objetivos variados: explodir um local, resgatar um refém (ou protegê-lo de terroristas), entre outros. Em todos os modos de jogo, a movimentação estratégia e a aproximação cautelosa predominam, e ganham outra dimensão por conta de sua principal mecânica nova: a possibilidade de destruir ambientes.

A novidade, anunciada com pompa como algo de “nova geração” durante a E3 2014, é impressionante do ponto de vista visual, mas vai muito além do efeito estético. Você pode invadir ambientes fazendo rapel, ou detonando as paredes - por outro lado, quem defende pode montar barricadas e colocar armadilhas, tornando cada partida em um xadrez onde a preocupação com as rotas de ação de cada equipe é fundamental.

De olho nos eSports

A Ubisoft já havia dado pistas de uma vontade de se inserir no cenário competitivo com Rainbow Six: Siege, mas o produto final revela que esta é provavelmente a intenção da empresa com o game. Além de ser quase inteiramente dedicado ao multiplayer - o único modo para um jogador só e o de Situações, um tutorial de 11 fases -, o game tenta adaptar para os FPS vários elementos que deram certo nos MOBAs.

Siege dá nome, rosto e história de origem a cada um de seus personagens, denominados Agentes, que têm características únicas no campo de batalha, indo de funções clássicas de FPS estratégicos, como médicos, montadores de torretas e defensores com escudos balísticos, a opções mais modernas, como personagens que detectam os oponentes pelo batimento cardíaco ou controladores de drones que dão choques.

Mas não foi apenas na composição dos personagens que a Ubisoft se inspirou no gênero do momento do cenário competitivo. Não é possível repetir Agentes em um mesmo time e eles não estão disponíveis ao jogador logo de cara. Você precisa desbloqueá-los com Credibilidade, a moeda do jogo, obtida jogando - ou com dinheiro de verdade.

Siege é quase inteiramente dedicado à experiência multiplayer - e a faz muito bem -, adotando um modelo de negócio típico dos jogos free-to-play, mas é vendido como um jogo de preço cheio. Eu sei que a Ubisoft tem contas a pagar, mas este é um jogo que provavelmente se beneficiaria de um número muito maior de jogadores se tivesse adotado um modelo similar ao de League of Legends.

Independentemente da maneira como o conteúdo é disponiblizado ao jogador, Rainbow Six: Siege é um sopro de ar fresco em um gênero dominado por games de ritmo frenético. Seu combate tático e os ambientes destrutíveis o tornam um dos melhores jogos de tiro de 2015.

Rainbow Six: Siege está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC. A versão testada foi a de PlayStation 4.

Nota do crítico