Depois do imenso sucesso de Pokémon GO nos smartphones, que atraiu um grande público novo para a já popular série de caçar monstrinhos, a Nintendo vem agora com Pokémon Let's Go.

A singela aventura exclusiva de Switch reinventa os primeiros episódios da franquia de forma a simplificar alguns processos e construir uma ponte entre a galera que conheceu a série (ou voltou a ela) por meio de Pokémon GO e também à turma mais hardcore, que nunca deixou de acompanhar os episódios principais nos videogames portáteis.

Let's Go Pikachu e Let's Go Eevee trazem mais uma vez a jornada por Kanto, o primeiro território apresentado na série Pokémon e já explorado em Red, Blue, Yellow e nos remakes FireRed e LeafGreen (além, claro, da surpreendente reviravolta em Gold e Silver, em que é possível ir a Kanto depois de explorar Johto).

Sendo assim o escopo da brincadeira é menor do que na maioria dos episódios de Pokémon. Temos aqui apenas os 151 monstrinhos da primeira Pokédex, assim como suas versões de Alola e também o novato Meltan e a evolução dele, Melmetal. Os ginásios são oito e há um punhado de eventos paralelos, muitos familiares para quem jogou os primeiros games ou viu o início do anime de Pokémon.

O grande diferencial de Let's Go fica por conta da maneira como muitos processos foram simplificados para proporcionar uma experiência de jogo mais fluida, que possibilita explorar mais o mundo, conhecer melhor os monstrinhos e seus poderes e não travar tanto durante a jornada.

Nesse aspecto, a maior mudança é o sistema de captura de Pokémon. Não é mais necessário lutar contra eles, enfraquecer e aí sim jogar a PokéBola para tentar capturar: é só começar o confronto e lidar com um sistema similar ao do mobile Pokémon GO, em que um círculo aparece no alvo e quanto menor ele for na hora de jogar a bolinha maior a chance de capturar a criatura.

Jogando com o Switch conectado à TV ou em modo tabletop é possível usar também os sensores de movimento dos Joy-Con para imitar o movimento de jogar uma PokéBola - aliás, um método menos preciso do que simplesmente apertar o botão quando se joga no modo portátil.

Já que estamos falando de controles, Let's Go apresenta um confuso cardápio de opções. A opção mais tradicional (e provavelmente confortável para jogadores mais experientes) é no modo portátil, com dois Joy-Con acoplados. Com o vídeo em modo TV ou tabletop só é possível controlar o game usando apenas um dos Joy-Con.

Caso você pegue o da esquerda fica sem o botão Home para voltar ao menu principal do Switch enquanto jogar com o da direita tira de você o Share, para capturar imagens e vídeos do jogo. Com o acessório Poké Ball Plus você perde tanto o Home quanto o Share mas ganha um sensor de movimentos um pouco mais preciso para arremessar Pokébolas - mas a alavanca analógica do periférico não é nada confortável.

Por fim, é muito estranho que o jogo não tenha suporte ao Pro Controller, que poderia perfeitamente funcionar da mesma maneira que o game no modo portátil com dois Joy-Con encaixados. Felizmente, parecem detalhes que podem ser corrigidos no futuro por meio de atualizações caso a Nintendo opte por algo assim.

Ficam de fora os combates aleatórios, tão tradicionais na franquia, já que agora os Pokémon aparecem na tela e cabe a você decidir quais quer tentar capturar e fugir daqueles que não te interessam (como as hordas de Zubat que infestam as cavernas). E não é mais necessário ficar guardando Pokémon em caixas virtuais em computadores espalhados pelo mundo. Todos eles estão acessíveis a qualquer momento no seu inventário, incentivando naturalmente a testar mais monstrinhos e combinações de equipes.

A experiência de jogo flui melhor, mas isso resultou também em um jogo mais fácil. Seja com Pikachu ou Eevee, companheiro definido com base na edição do game que você jogar, o mascote é muito forte e vence com facilidade os treinadores adversários, incluindo os mestres de ginásio. Capturar Pokémon e participar de duelos rende pontos de experiência para toda a equipe, agilizando ainda mais a evolução das criaturas.

Em tempo, fluidez e facilidade não significam simplicidade. Let's Go apresenta novas maneiras para evoluir os atributos dos monstrinhos e capturar versões Shiny que vão deixar mesmo os mais hardcores ocupados após terminar a jornada e ver todas as surpresas que os games reservam.

A epopéia toda fica ainda mais prazerosa graças aos gráficos e músicas encantadores de Let's Go. O humilde mundo pixelado de Kanto ganha vida com gráficos 3D coloridos em alta definição, que dão ainda mais detalhes a esse universo já explorado por tantas pessoas. As trilhas clássicas retornam com o mesmo capricho, embalando bem a jornada. Vale notar, enquanto Pikachu e Eevee têm vozes ao estilo do anime os outros Pokémon preservam grunhidos mais primitivos, como ouvimos nos games portáteis.

Confesso que fiquei um pouco frustrado com a tão alardeada conexão com Pokémon GO. A opção é habilitada muito adiante na jornada, ao chegar em Fuchsia, e acaba sendo melhor aproveitada só por pessoas mais dedicadas aos dois games - seria interessante algum tipo de opção mais convidativa e acessível, que ajudasse a evoluir ou conseguir Pokémon de baixo nível, por exemplo.

Ainda assim, as qualidades superam os problemas e fazem de Let's Go uma aventura divertida e acessível tanto para quem está mais acostumado com Pokémon GO quanto para veteranos dos cartuchos de Game Boy e DS. Enquanto Nintendo e Game Freak continuam testando novas ideias e preparando o caminho para a próxima geração de Pokémon, prevista para 2019 no próprio Switch, Pikachu e Eevee promovem um agradável festival de nostalgia.

  • Lançamento

    16.11.2018

  • Publicadora

    Nintendo

  • Desenvolvedora

    Game Freak, Nintendo

  • Gênero

    RPG

Nota do crítico