Vingadores, Guardiões da Galáxia, John Wick, Marshmello. Todos esses nomes são gigantes do entretenimento que já fecharam parceria com Fortnite, possivelmente o maior fenômeno do mundo dos games nos últimos anos.

Encontrar o significado e o futuro dessas parcerias é uma missão complicada. Ao entrar em contato com a Epic Games, a desenvolvedora prefere não responder perguntas mais incisivas sobre esse tema, limitando-se a funcionar como uma ferramenta de “fact-checking” para parcerias que já existiram.

Essa “não-resposta”, por si só, já indica que há planos para o futuro, além de detonar sua grande confidencialidade.

Dentro do jogo, o Battle Royale não dá sinais de que vai parar. Nos últimos dias, uma marca de vestuário foi anunciada como parceira do game: a Jordan Brand, do ex-jogador de basquete Michael Jordan, distribuiu seus famosíssimos tênis como se fossem skins de Fortnite.

Uma plataforma para Hollywood

Em questões de gameplay, Fortnite conquistou uma base de jogadores incrível graças a seu formato de Battle Royale, que já fazia sucesso com H1Z1 e PUBG. Sua jogabilidade polida e as grandes possibilidades customização completaram a equação para um jogo de sucesso, mas com tantos jogos incríveis no mercado, por que Fortnite foi o que se tornou um monstro do entretenimento?

O título da Epic ultrapassou as barreiras da jogatina aos poucos, começando com uma forte presença nos canais de streaming, fornecendo bastante material para criação de conteúdo. Figuras como Tyler “Ninja” Blevins e Turner “Tfue” Tenney ajudaram a construir uma comunidade muito forte, que foi a base para uma expansão sem precedentes.

Desde então, o jogo se aproveita de eventos da vida real para dar mais conteúdo a seus jogadores. O cross-over com Vingadores: Guerra Infinita, onde um jogador poderia encontrar a Manopla do Infinito e se transformar em Thanos, foi um dos primeiros exemplos marcantes, mas haveria ainda mais por vir.

Parceria por parceria, Fortnite tornou-se uma plataforma de entretenimento, uma expansão de conteúdos que já existem por si só.

Uma boa comparação, mas que não obteve um sucesso tão unificado, é o fenômenos dos jogos inspirados em filmes: quem é que não se lembra de jogos bizarros inspirados em Os Incríveis no PlayStation 2? Indo ainda mais ao passado, existiam os jogos de Tarzan e Hércules para o primeiro PlayStation.

Títulos assim perderam bastante espaço no mercado atual de games, dominado por AAAs que são desenvolvidos durante anos.

Sem os jogos inspirados em filmes, Hollywood ficou quase sem presença em uma indústria que gerou US$ 135 bilhões em 2018, de acordo com a Games Industry. Fortnite ocupa justamente esse espaço vazio, servindo como plataforma de publicidade para conteúdos externos.

Claro, as propagandas não são feitas de maneiras descaradas. O esforço da Epic em criar conteúdo divertido é notável, mas é impossível discutir que um evento de John Wick 3, por exemplo, serve como ferramenta de promoção para o filme.

Outras mídias

O impacto cultural de Fortnite não se limita apenas aos filmes. O maior exemplo, certamente, é o show de Marshmello feito dentro do game: com mais de 10 milhões de espectadores virtuais, a apresentação se tornou o concerto com o maior público da história.

Não foi apenas o DJ que se aproveitou do game como forma de promoção. A banda Weezer, conhecida justamente por ser composta de nerds, ganhou uma ilha customizada com seu logo no Modo Criativo do Battle Royale. Além disso, as músicas do Black Album, seu disco que estava para ser lançado à época, eram a trilha sonora do local.

Com o lançamento da parceria com a Jordan Brand, a função de Fortnite como outdoor de outras marcas ficou apenas mais descarada: o próprio teaser é recheado de logotipos da Nike, empresa mãe da Jordan Brand. Isso sem falar nas parcerias externas, com Monopoly e Nerf, que ganharam versões de seus produtos inspiradas em Fortnite.

O grande diferencial da Epic Games está em produzir conteúdo com sua publicidade, e não apenas jogá-la na tela de seu público. Com campanhas bem espaçadas e interessantes, as propagandas deixam de ser desinteressantes e passam a ser consideradas como simples cross-overs, feitos para agradar os jogadores.

Tudo isso é feito sem que o jogo perca sua identidade: seu modo principal sempre será o Battle Royale, e as parcerias com outras instituições geralmente possuem tempo limitado e estão em um modo separado de jogo.

Com o lucro de US$ 3 bilhões somente em 2018, Fortnite foi o primeiro desta geração a explorar, com tanta eficiência, outros mercados dentro do mundo dos games. O Battle Royale estará sempre disponível, mas a Epic parece cada vez mais aberta a encontrar outras maneiras de encher os bolsos.