Yara é um mundo único no universo de Far Cry 6. Com tantos soldados espalhados pelo mapa, a voz de Antón Castillo sendo transmitida por caixas de som e uma sensação de que há mais pessoas do lado do jogador desta vez do que em qualquer outra, o jogo da Ubisoft trouxe um país dividido no qual só há esperança por meio da luta. Surpreendentemente, você realmente compra a briga desta vez, ao contrário do que acontecia em Far Cry 5, no qual o tema parecia ser mais profundo do que realmente era.

Seguindo a tendência histórica da série, a maior parte de Yara, na versão que o The Enemy pôde jogar a convite da Ubisoft, é composta por vegetação. Dani Rojas precisa atravessar florestas densas prestando atenção tanto em inimigos humanos quanto na fauna local, que é extremamente agressiva. Cortando a mata, existem algumas estradas de asfalto que nos levam por pequenos vilarejos, algo semelhante ao que acontece quando viajamos para o interior. Sabe? Em certos pontos da estrada surgem algumas casas e bares, onde npcs relaxam acompanhados de metralhadoras e carros antigos. Será um cenário absolutamente familiar para quem tem o costume de viajar de carro.

Antón Castillo e Diego, filho do vilão.

Visualmente, Far Cry 6 impressiona. Não digo pelas cenas cinematográficas, mas pelas paisagens e efeitos de iluminação, que são verdadeiramente encantadores. O contraste do pôr-do-sol com imensos lagos habitados por perigosos tubarões é incrível, mesmo que a versão testada não seja a final. Nem sei quantas vezes parei a jogatina apenas para girar a câmera de um lado até o outro, absorvendo cada detalhe do que a natureza tinha a oferecer. Nas cenas de diálogo da história, os modelos de personagem ainda devem passar por alterações para que fiquem um pouco menos artificiais, mas o resultado parcial já está satisfatório. Inclusive, o/a protagonista aparece em terceira pessoa o tempo inteiro durante as cutscenes, para a alegria de quem gosta de investir bastante em personalização.

Você não sabia?! Sim, Far Cry 6 terá muitas opções de customização, seja para armas ou personagem. Com diferentes tipos de equipamento que trazem as próprias vantagens, é possível adaptar Dani Rojas a qualquer estilo de jogo. E, obviamente, muito mais relevantes do que os atributos trazidos com peças de vestimenta são as armas e dispositivos usados por Dani ao longo da jornada. Desta vez, podemos ir desde bolinhas para arremessar e chamar a atenção dos inimigos até mochilas lotadas de mísseis que voam em direção a tanques de guerra e os destroem sem muita dificuldade. Todo o caos que podemos causar nas lutas combina com o clima revolucionário do título, em que é necessário derrubar o ditador Antón Castillo.

Primeira pessoa em Far Cry 6.

Quase que involuntariamente, Dani Rojas entra para um grupo de resistência liderado por Clara Garcia, uma ex-jornalista que passou a se dedicar à guerra. Com numerosos aliados, o jogador conhecerá uma série de coadjuvantes com os próprios truques e aprenderá alguns deles, como personalizar armas (potência, capacidade de munição, velocidade ao carregar), usar um paraquedas ao saltar de grandes alturas e muito mais. Inclusive, esse paraquedas é fundamental. Com tantas montanhas espalhadas por Far Cry 6, é natural que jogadores tenham preguiça de descer tudo com cuidado toda vez. É muito mais fácil pular e abrir o paraquedas, no maior estilo paraglider de The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Ainda bem que adicionaram esse item.

A exploração pode ocorrer ainda por meio de carros e helicópteros, além de cavalos. No começo, os cavalos e carros bastam, mas, conforme o mundo se torna maior e as possibilidades do que fazer aumentam, o helicóptero se torna mais atraente. Ainda mais quando temos um paraquedas eterno para usar em conjunto. Invadir bases inimigos pelo alto pode não ser sempre a decisão mais inteligente, mas a reação dos inimigos a um invasor de paraquedas é sempre maravilhosa. Eles ficam incrédulos e expressam isso antes de começar a atirar. Sempre que jogadores chegarem à conclusão de que a furtividade não está funcionando, recomendo essa abordagem completamente descuidada. Se Dani estiver com os equipamentos certos, vai funcionar tranquilamente. Só seria melhor se existissem respostas visuais mais precisas a respeito se quais tiros realmente acertaram o alvo. Às vezes, jogadores nem sabem dizer se atingiram o oponente ou não.

Antón Castillo em Far Cry 6.

Quando falamos em furtividade, aliás, não espere por raciocínios tão sofisticados dos inimigos. Se jogadores arremessarem uma bolinha em um ponto x, depois em um ponto y e quiserem atrair o inimigo até algum lugar, ele seguirá a trilha sem questionar. A menos que você esteja muito perto e ele veja o objeto sendo arremessado, é fácil guiar os adversários até um local seguro para o abate. E que delícia é usar facas de arremessar para dar fim a cada um deles. O sentimento se assemelha ao dos melhores Assassin's Creed, quando Ezio contava com uma série de armas furtivas que podiam ser usadas à distância. Inclusive, saudade do dardo que deixava o inimigo maluco e fazia ele matar os próprios companheiros.

A verdade é que, de forma geral, se você já jogou os últimos Far Cry, saberá exatamente o que fazer. Basta ir até os pontos de interesse no mapa, interagir com algum membro da resistência e ir cumprir uma missão. Como lidar com cada objetivo depende apenas do que os jogadores escolhem fazer. Mais do que nunca, Far Cry 6 é cheio de possibilidades e jogadores com certeza encontrarão caminhos completamente diferentes uns dos outros para prosseguir com invasões ou eliminar certos alvos. Afinal, existem aqueles que se contentam com simplesmente eliminar o inimigo mais importante e aqueles que fazem questão de acabar com todo o mundo ao chegar em algum lugar.

Arma enorme em Far Cry 6.

Talvez a melhor adição ao novo jogo da Ubisoft sejam os Supremos, armas absurdamente poderosas com habilidades especiais que só podem ser usadas quanto uma barra de especial é carregada. Essas habilidades podem ir dos já citados mísseis até ataques de eletricidade em área que afastam os oponentes e veículos em um raio extremamente longo. É absolutamente importante não hesitar ao perceber que a barra de especial está cheia, já que isso salvará a vida do jogador em inúmeras ocasiões (e os efeitos são incríveis).

Muitos dos combates são acompanhados por uma trilha sonora que pode ser reproduzida tanto por meio de rádios espalhados pelos cenários quanto de maneira mais tradicional. É divertido como combates extremamente intensos, às vezes, acontecem enquanto uma música super alegre está tocando. O caos está instaurado, pessoas morrem para todos os lados, mas você ouve "oh bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao" e segue como se estivesse tudo bem.

Dani Rojas e Juan Cortez em Far Cry 6.

Além das missões e armas, Far Cry 6 ainda conta com outras atividades paralelas, como já era de se esperar. Inclusive, para os fãs de dominó, saibam que existe uma versão desse clássico jogo em alguns pontos do mapa. E os NPCs sabem jogar surpreendentemente bem, então, aproveite para investir algum tempo nessas atividades, caso se interesse. Pode ser bom dar uma pausa na matança, às vezes.

Mesmo com todas essas possibilidades, o mundo de Yara continua sendo, majoritariamente, um lugar assustador (e assustadoramente realista, infelizmente, já que temos protótipos de Antón Castillo espalhados pelo mundo inteiro, incluindo até mesmo o Brasil). Aliás, Giancarlo Esposito acertou em cheio mais uma vez interpretando o mesmo arquétipo de personagem que ele já interpretou em outras três franquias diferentes. A presença dele nas poucas cenas em que se destaca nunca passa despercebida. É algo fora do normal.

Inimigos em Far Cry 6.

Dani Rojas não sabe, a princípio, se deve aderir à causa ou não. Contudo, é fato que alguns acontecimentos testemunhados de perto tendem a despertar uma vontade imensa de lutar em qualquer pessoa. Ainda bem que, nesta aventura, não bastassem os companheiros humanos, podemos contar também com os famosos bichinhos (ou Amigos) para enfrentar os oponentes. Perdi a conta de quantas vezes fiz carinho no meu jacaré e mandei ele atacar guardas desatentos, por exemplo.

Falando em parceria, também é possível jogar Far Cry 6 online com mais um jogador. No caso, os dois assumem o papel de Dani Rojas, mas podem agir individualmente durantes as missões e exploração. Os personagens apenas são duplicados. De qualquer forma, o mais importante é ter alguém para explodir as coisas junto contigo e contar com essa pessoa para nos ressuscitar quando necessário.

Far Cry 6 é promissor. Trazendo um tema absolutamente atual como pano de fundo para toda a destruição e os tiroteios, pode ser que a Ubisoft cumpra, desta vez, o que não conseguiu em Far Cry 5: propor um debate realmente relevante em vez de se limitar à superficialidade da "polêmica" para atrair alguns jogadores. O jogo final será lançado em sete de outubro para PS5, Xbox Series, PS4, Xbox One e PC.