Comparando com o morno ano passado, 2019 prometia bastante para os jogos de futebol: FIFA 20 chegaria com o modo VOLTA, uma espécie de sucessor espiritual para o finado FIFA Street; PES 2020 traria uma renovação de marca consigo, colocando o nome eFootball na frente de seu título.

Para o game da Konami, as novidades parecem ter sido mais sentidas. O game realmente trouxe menus reformulados e uma quantidade consideravelmente maior de conteúdo, além de aprimorar seu gameplay que já era sólido desde 2018.

No FIFA, entretanto, o VOLTA não surtiu o efeito esperado. O apelo do FIFA Street não chegava à página dois, e a história do futebol de rua era simplória demais - sem o ar de novidade que o The Journey possuía, o VOLTA acabou ficando mais esquecido pelos fãs.

Novo ano, novos problemas

FIFA 19 teve um ciclo de vida bastante complicado. Poucos meses depois de seu lançamento, jogadores de todos os níveis tinham inúmeros defeitos do game na ponta da língua: problemas nos servidores, jogadas apelonas no Ultimate Team e o quebradíssimo Timed Shot estavam na listinha de cada fã.

Com toda a hype do VOLTA em seu redor, FIFA 20 teve um lançamento mais tranquilo, com o gameplay voltando a ser elogiado. Mas, como já é de costume em jogos competitivos e com muito conteúdo, as partes ruins demoram um pouco a aparecer.

O reformulado Modo Carreira também vinha promissor - inclusive, elogiei o modo em meu Review - mas bastaram algumas semanas para que a comunidade percebesse campeonatos que passavam dos 70 jogos, sendo que deveriam ter 38. Times que entravam sempre com o elenco reserva, entre outros problemas graves.

Já o Ultimate Team trouxe o sistema de recompensas similar ao Passe de Batalha de Fortnite, mas não teve tantas alterações significativas além dessa. O modo competitivo do jogo segue adotando um sistema questionável de pay to win, e a EA não deve se incomodar com isso por vários anos.

A grande decepção não tinha como não ser o VOLTA. FIFA Street é uma franquia que alimenta as saudades de fãs há anos, e o vislumbre de um possível retorno aqueceu vários corações.

A realidade era totalmente outra: os dribles automáticos que conquistaram uma geração foram substituídos por animações de firulas. As verdadeiras fintas seguiram a mesma lógica do futebol de campo, com combinações de movimentos no analógico e nos botões superiores do controle.

No geral, FIFA 20 acertou em melhorar seu gameplay, mas decepcionou ao entregar suas maiores novidades.

Reformulação e mais próximo da concorrência

Com o nome eFootball representando um ponto de virada na franquia, PES 2020 impressionou desde a E3 deste ano, quando foi testado pela primeira vez pela equipe do The Enemy. Sua jogabilidade seguia como o principal pilar de sustentação, mas trazia aprimoramentos muito interessantes, principalmente no que diz respeito aos passes.

A principal mudança indicada pelo novo nome é o foco maior no cenário competitivo. Ainda é cedo para dizer se a nova mentalidade surtirá grandes efeitos, mas não é segredo para ninguém que PES é bem consolidado como eSport. O surgimento da eFootball League, com vários clubes europeus competindo, já pode ser considerado como um sinal de avanço.

Fora de campo, a preocupação em deixar o game mais palatável era nítida: menus com cores mais chamativas e design mais interessante aparecem desde a tela inicial do game, com destaque para a excelente interface da Liga Master - ou “Master Liga”, para os íntimos.

A Liga Master, inclusive, representou uma das maiores evoluções no PES: o modo de jogo traz cutscenes e a possibilidade de controlar jogadores lendários na posição de técnico. Maradona, Romário e outras personalidades estão entre os rostos disponíveis para comanar sua equipe.

Trazendo até mesmo uma aba de estatísticas, a Liga Master sai na frente do Modo Carreira de FIFA 20 por permitir um controle mais embasado de seu elenco, principalmente se você optar por simular todas as suas partidas.

Ainda assim, o caminho para o jogo da Konami é bastante longo. FIFA 20 traz uma quantidade avassaladora de conteúdo, e é muito bem estabelecido no setor onde o rival ainda busca uma identidade própria: o Ultimate Team segue muito superior ao myClub, que é confuso e passa longe da maleabilidade de seu concorrente.

No geral, o ano pode ser considerado uma vitória para Pro Evolution Soccer: gráficos melhores, mais elencos parceiros, exclusividades para o público brasileiro e uma reformulação visual completa são elementos que vão pavimentar o início do caminho para voltar a competir de igual para igual com FIFA.

Falando dos jogos de futebol como um todo, fica a decepção por nenhum dos dois ter trazido uma grande novidade ao cenário. O VOLTA ainda precisa evoluir muito para ser relevante, e a Liga Master de PES não traz tantas coisas novas para ser considerada como revolucionária.

Para o ano que vem, é essencial que FIFA resolva problemas básicos do Modo Carreira e siga repensando as maneiras de premiar os fãs do Ultimate Team. O PES deve seguir focando na produção de conteúdo, agora que o gameplay já está bem redondo.