Poucos gêneros se adequem melhor ao estilo de “jogo-filme” quanto o terror. Os elementos cinematográficos se aliam bem a uma jogabilidade onde a interação se resume a escolher diálogos e tomar decisões em um curto espaço de tempo. Não à toa, a Supermassive Games se tornou expoente desse tipo de game, com Until Dawn e, mais recentemente, Man of Medan.

Little Hope, segundo jogo da antologia The Dark Pictures (a mesma de Man of Medan) segue o mesmo caminho, mas coloca boa parte dessas conquistas a perder em um roteiro menos inspirado do que o habitual para o estúdio.

Little Hope coloca os jogadores na pele de um grupo de estudantes que retorna de uma viagem ao lado de seu professor, mas o ônibus sofre um acidente, que os leva para a cidade que dá nome ao game. Ao longo do caminho, os protagonistas começam a ter visões de sósias no passado, na época em que o local vivia uma caça às bruxas.

Andrew (Will Poulter) é o fio condutor da narrativa, como o único do grupo a buscar soluções alternativas para os misteriosos acontecimentos de Little Hope. Entretanto, as desavenças com os demais integrantes mina a cada momento a confiança entre todos - algo influenciado diretamente pelas ações do jogador, e que tem influência no futuro.

Completam o grupo o trio de jovens o casal Taylor (Caitlyn Sponheimer) e Daniel (Kyle Bailey), em dúvida sobre assumir o próprio relacionamento e céticos sobre os mistérios do local; a amedrontada e arredia Angela (Ellen David), uma aluna mais velha que os demais; e o arrogante professor John (Alex Ivanovici).

Enquanto os protagonistas tentam desvendar os segredos do local, eles são interrompidos com frequência por aparições de uma garotinha chamada Mary (Holly Smith) e de um misterioso transeunte chamado Vince (Kevin Hanchard), que parece ignorar os perigos vividos pelo grupo. O Curador, vivido por Pip Torrens, liga o jogador à história, quebrando a quarta parede para comentar seu progresso.

O jogo segue a mesma dinâmica de Man of Medan, com a história sendo conduzida alternadamente por cada um dos personagens. O objetivo principal é mantê-los vivos em face aos crescentes perigos de Little Hope.

Ainda que não inove em relação a Man of Medan ou até mesmo a Until Dawn, Little Hope se destaca justamente nesses momentos de tensão e ao confrontar o jogador com suas escolhas. Isso fica ainda mais legal no multiplayer, em que você pode dividir o controle com até cinco pessoas, atribuindo a cada uma delas um “papel” dos protagonistas da trama.

Little Hope
Divulgação/Bandai Namco

Entretanto, a história coloca tudo a perder com uma decisão bastante questionável que esvazia o sentido de praticamente todas as escolhas feitas pelo jogador ao longo da história. Pouco do que você optou, ou os personagens que você lutou para manter vivos, fazem muita diferença na conclusão, que até faz sentido em uma história de terror convencional, mas é bem frustrante quando falamos de uma obra interativa.

Os problemas do desfecho de Little Hope dão pouco ânimo para continuar a história e mostram que, mesmo sabendo se aproveitar das características do terror para um jogo com cara de filme, a Supermassive traz um roteiro que coloca tudo a perder.

Uma das coisas legais de um jogo como Little Hope, e os demais produzidos pelo estúdio, é jogar várias vezes para tentar obter caminhos e desfechos diferentes para sua história. Porém, o final de Little Hope é tão desmotivante que nem isso vale a pena.

Little Hope
Divulgação/Bandai Namco
  • Lançamento

    30.10.2020

  • Publicadora

    Bandai Namco

  • Desenvolvedora

    Supermassive Games

  • Censura

    16 anos

  • Gênero

    Terror

  • Testado em

    PlayStation 4

  • Plataformas

    PC PlayStation 4 Xbox One

Nota do crítico