Eternamente subestimada, a série de RPGs de ação Ys chega a seu nono capítulo numerado jogando seguro. Monstrum Nox reaproveita todos os sistemas de seu bem-sucedido antecessor – divertindo, mas sem surpreender muito.

Iniciada em 1987, a franquia da Falcom nunca promete mais do que pode cumprir. Os jogos não têm os melhores gráficos e apresentam suas narrativas de uma maneira que parece presa no tempo, mas são construídos em cima de um sistema de batalha envolvente, que é ao mesmo tempo relaxante e desafiador.

Após revitalizar a fórmula da série em 2016 com Ys VIII: Lacrimosa of Dana, os desenvolvedores se mostraram adeptos da teoria de que não se mexe em time que está ganhando. Para quem jogou o título anterior, Ys IX é uma experiência familiar até mesmo nos menores detalhes, incluindo tanto os pontos positivos, quanto os negativos.

Divulgação/NIS America

Como praticamente todos os demais jogos da série, Ys IX acompanha as aventuras do espadachim rubro Adol Christin. Após sobreviver a inúmeros desafios em partes inóspitas do mundo, o herói e seu companheiro Dogi retornam à civilização e em instantes acabam tragados por mais uma confusão. Adol acaba sendo preso, e logo se envolve com uma facção de guerreiros misteriosos chamados Monstrum, que são vistos com maus olhos pelas autoridades, mas secretamente trabalham na surdina para derrotar monstros de outra dimensão que ameaçam a cidade de Balduq.

Marinheiros de primeira viagem não precisam se preocupar: ainda que a série siga uma linha narrativa constante, cada jogo individual conta uma história própria, com começo, meio e fim. Mas Monstrum Nox tenta agradar os fãs assíduos mais do que o normal por reconhecer e fazer referências diretas aos jogos anteriores, principalmente através de personagens que ouviram falar dos feitos de Adol pelo mundo. É algo que não atrapalha os novatos, mas recompensa os veteranos.

Enfim: Adol acaba sendo transformado em um Monstrum contra sua vontade, ganhando novos poderes especiais, e precisa enfrentar enormes monstros ao lado de seus novos companheiros, ao mesmo tempo em que interage com os novos personagens para conhece-los e entender o que exatamente está acontecendo em Balduq.

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Em termos de mecânicas de combate, Monstrum Nox é praticamente idêntico a Lacrimosa of Dana – o que é excelente. Seja contra monstros comuns ou chefes, os embates sempre vão direto ao ponto. Adol deve desferir sequências de ataques comuns e habilidades, procurando por fraquezas e desviando ou bloqueando os inimigos nos momentos certos para ganhar breves períodos de ‘bullet time’, em que o tempo corre mais lentamente para os oponentes.

Com o pressionar de um botão, o jogador troca rapidamente o controle de um personagem para outro. Cada herói tem o próprio conjunto de forças e fraquezas, de maneira que alternar constantemente entre as opções é essencial para o progresso.

A cada ação tomada em combate, uma barra de especial vai sendo preenchida. Quando ela está cheia, o jogador pode ativar um modo de combate especial, que aumenta temporariamente todos os atributos do herói e o permite realizar um ataque final.

Monstrum Nox tem cinco níveis diferentes de dificuldade, que cobrem todo o território entre “isso é um passeio no parque” e “vou jogar meu controle na parede duas vezes consecutivas.” Em qualquer uma das opções, porém, as batalhas são o destaque: a Falcom sabe dar o peso certo a todos os movimentos dos personagens, de uma maneira que o tempo passa voando.

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Infelizmente, o mesmo não pode ser dito a respeito dos trechos de história. Ainda que seus personagens sejam interessantes e as reviravoltas da trama surpreendam, a maneira como a narrativa se desenvolve é profundamente cansativa. Monstrum Nox cai em todas as velhas armadilhas que assombram os RPGs japoneses há anos: diálogos truncados, cutscenes lentas e muita enrolação.

Outro aspecto do jogo que não é tão acertado quanto o combate é a nova mecânica de exploração livre. Na medida em que Adol recruta a ajuda de outros Monstrum, o jogador vai ganhando acesso a novas habilidades de movimentação, como um teletransporte para pontos específicos, a capacidade de correr nas paredes, ou até mesmo um planador à la Breath of the Wild. Ainda que a liberdade adicional seja bem-vinda, não é incomum esbarrar em paredes invisíveis e outros obstáculos que parecem limitar a movimentação de maneira arbitrária.

A falta de diversidade de cenários no ínicio da jornada – principalmente em comparação com Lacrimosa of Dana, que se passava em uma ilha deserta com paisagens surreais – também é um problema: a maior parte das primeiras 10 horas se passam nos corredores acinzentados de Balduq e seu subterrâneo. Felizmente, as perspectivas melhoram a partir de um certo ponto da história.

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Ys IX: Monstrum Nox é aquele “mais do mesmo” que é bem-vindo. RPGs de ação velozes como a série da Falcom ainda são raridade, então o foco no aperfeiçoamento da fórmula é uma escolha preferível a uma revolução completa. Para um jogo que flui tão bem em movimento, porém, é uma pena que os elementos narrativos da experiência pareçam estar em slow-motion.

(O jogo já está disponível para PlayStation 4, e ganhará versões para PC e Nintendo Switch ainda em 2021.)

  • Lançamento

    02.02.2021

  • Publicadora

    NIS America

  • Desenvolvedora

    Nihon Falcom

  • Censura

    12 anos

  • Gênero

    RPG de ação

  • Testado em

    PlayStation 4

  • Plataformas

    PlayStation 4 PC Nintendo Switch

Nota do crítico