O ano é 1940. Nesta realidade alternativa, o Japão não está alinhado com o Eixo na Segunda Guerra Mundial; em vez disso, o país vive um período de certa prosperidade... até que os ataques demoníacos da década anterior recomeçam. Agora, cabe à troupe teatral imperial e seus robôs gigantes a missão de salvar Tóquio da ameaça sombria.

A trama do novo Sakura Wars pode não fazer muito sentido para nós ocidentais, mas, no Japão, pode até mesmo ser considerada previsível demais.

O novo jogo da Sega para o PlayStation 4 é parte de uma lendária franquia que nasceu no Saturn em 1996. Misturando elementos de combate, visual novel e simulador de encontros, o Sakura Wars original conquistou legiões de fãs em seu país de origem, e recebeu inúmeras sequências, spin-offs e adaptações para outras mídias. De tudo isso, apenas um único jogo deu as caras no Ocidente: o esquecido Sakura Wars: So Long, My Love, lançado nos EUA para Wii e PlayStation 2 em 2010.

E agora, pela primeira vez em alta definição, a série tenta mais uma vez ultrapassar os limites de seu sucesso anterior com uma espécie de 'reboot' da história original.

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Divulgação/Sega

Conhecido no Japão como 'Novo Sakura Wars', o jogo de PS4 se passa 12 anos após os eventos dos jogos clássicos. O segredo dos atores de teatro que utilizam armaduras móveis steampunk chamadas Kobu para enfrentar demônios já é conhecimento público, e seus feitos são celebrados em enormes competições internacionais que lembram a Olimpíada.

No início da aventura, o ex-capitão da Marinha Seijuro Kamiyama é contratado para ser o novo chefe da Flower Division da guarda imperial em Tóquio. O protagonista deve então coordenar os esforços de uma nova geração de heroínas - não apenas em combate, mas também em cima do palco.

Na linguagem de marketing oficial, Sakura Wars é descrito como uma 'aventura dramática'. Na prática, isso significa que o game é basicamente um anime jogável. Tanto que a ação é dividida em episódios, e cada episódio termina com uma prévia narrada do que acontecerá em seguida.

Durante a maior parte do tempo, o jogador acompanha os diálogos entre Seijuro e suas subordinadas - a espadachim Sakura Amamiya, a sacerdotisa Hatsuho Shinonome, a ninja Azami Mochizuki, a atriz Anastasia Palma e a nobre Clarissa Snowflake. Em determinados momentos, é preciso selecionar diferentes escolhas de diálogo. Dependendo das respostas dadas pelo jogador (ou de seu silêncio, já que é possível deixar o cronômetro passar e não dizer nada), a afeição das heroínas pelo herói cresce ou diminui.

A qualidade gráfica do jogo torna estas cenas muito mais envolventes do que nos jogos clássicos, e dá bastante abertura para que o humor entre em cena. Como em qualquer bom anime desse estilo, Seijuro é constantemente jogado em situações desconfortáveis e engraçadas - algo que ajuda a equilibrar o clima em oposição ao melodrama de quando a história precisa progredir.

É nestes trechos focados em diálogos que o jogador pode conhecer melhor as personagens, explorar as instalações do teatro imperial atrás de itens colecionáveis e coordenar a atuação das heroínas em cima do palco.

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Divulgação/Sega

Quando os demônios batem à porta, porém, Seijuro e companhia assumem o controle de seus robôs gigantes e o ritmo do jogo muda completamente. Os embates acontecem em tempo real, com uma mecânica que lembra a da série Dynasty Warriors: os robôs precisam realizar sequências longas de ataques para enfrentar hordas inteiras de oponentes.

Dependendo da missão, é possível alternar livremente o controle de vários personagens. Cada um deles tem combos e fraquezas diferentes no detalhe, mas que funcionam de maneira bem semelhante.

É aqui que o novo Sakura Wars mais foge da tradição: em capítulos antigos da série, o sistema de combate lembrava mais o de um RPG tático por turnos. A mudança pode desagradar aos fãs das antigas, mas o sistema que existe no novo jogo funciona bem, principalmente nas cenas de batalhas contra chefes, que cobram estratégia e reflexos rápidos.

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Divulgação/Sega

No fim das contas, a sua reação inicial ao termo 'anime jogável' já diz tudo o que você precisa saber para decidir se Sakura Wars é ou não um jogo para você.

Caso a ideia pareça atraente, é possível ter a segurança de que o game é muito bom em tudo o que se propõe a fazer. A história é envolvente (ainda que, talvez, longa demais), os personagens são carismáticos e os gráficos são surpreendentemente bonitos. Para mim, ficou marcado ainda como, apesar de ter elementos de simulador de encontros, o jogo demonstra maturidade incomum no gênero ao tratar com respeito todas as suas heroínas.

Sakura Wars já está disponível para compra e é exclusivo do PlayStation 4.

  • Lançamento

    28.04.2020

  • Publicadora

    Sega

  • Desenvolvedora

    Sega

  • Censura

    16 anos

  • Gênero

    Visual novel

  • Testado em

    PlayStation 4

  • Plataformas

    PlayStation 4

Nota do crítico