Muitos anos atrás, existiam fliperamas espalhados por todo o Brasil em que jogadores poderiam subir numa prancha de Snowboard para descer montanhas virtuais a toda velocidade. Hoje, isso é bem mais incomum, mas os esportes radicais continuam vivos graças a séries como Tony Hawk's Pro Skater e ao novo jogo da Ubisoft, Riders Republic.

Sim. Pode parecer difícil de acreditar, mas Riders Republic é mais do que apenas um jogo esportivo genérico com muitas pessoas online. Trazendo corridas e disputas de pontos, além de eventos especiais para quando estamos mais avançados em nossas modalidades, o título é um constante convite para que os jogadores sejam mais e mais criativos na execução das próprias manobras.

Manobra de Snowboard.

Não se tratam de simples disputas repetitivas nas quais fazemos exatamente as mesmas coisas com os mesmos equipamentos. Conforme o jogador avança, novas opções de bicicleta, ski, snowboard e traje de voo surgem, de forma que sentimos nossa evolução constantemente. E, olha, a frequência com que recebemos recompensas na forma de novos equipamentos é impressionante.

Reunindo biomas absolutamente variados, que estão até incoerentemente próximos uns dos outros (mas isso faz parte da magia), Riders Republic permite que, de tempos em tempos, jogadores encontrem novas preferências e priorizem diferentes modalidades conforme sentem que devem.

Manobra de bicicleta.

Essa sensação de liberdade é revigorante. Não estamos presos em ciclos pré-determinados de competições que obrigam jogadores a completarem desafios antes de escolherem para onde vão. Passada a introdução do jogo, somos livres para priorizar o que bem entendermos.

Todos os esportes seguem lógicas semelhantes para a execução de manobras, com exceção das disputas de voo. No caso das provas em que estamos voando, inclusive, sinto que houve uma queda notável na minha disposição para seguir em frente com os desafios, mas isso é uma questão de preferência pessoal.

Carrinho de neve para locomoção.

Agora, quando o papo era bicicleta ou snowboard/ski, não havia disputa em que eu não buscasse uma maneira de conquistar todas as estrelas possíveis — para ganhar estrelas, é necessário cumprir tarefas específicas durante a partida em vez de simplesmente chegar em primeiro lugar.

Provas na neve, especificamente, foram as minhas favoritas. Há algo de especial nas manobras que fazemos em alta velocidade conforme descemos montanhas completamente tomadas pelo gelo. Os personagens ficam mais destacados, os giros verticais parecem mais orgânicos. É simplesmente incrível.

Ski a jato para locomoção.

Visualmente, os modelos de personagem, de forma geral, são muito simples. Aliás, o sistema de criação, logo no início do jogo, é bem mais limitado do que deveria ser. Ainda assim, ver sua versão virtual fazendo todas aquelas poses típicas de competições de esportes mais "extremos" é legal o bastante.

O verdadeiro destaque fica para os cenários, que são absurdamente maravilhosos — alguns aliás, são inspirados em lugares que realmente existem. Não há uma paisagem ali que eu não tenha vontade de visitar no mundo real, agora que este período horroroso de pandemia parece estar chegando ao fim, graças às vacinas.

Segurando a bicicleta no ar.

Meu maior problema com Riders Republic não está na jogabilidade ou mesmo na já citada limitada criação de personagens. A coisa mais irritante que existe nesse jogo é a linguagem de televisão escolhida para nos apresentar ao mundo em questão.

Apresentadores cheios de gírias aleatórias, conversas que simulam entrevistas de programas esportivos com um tom de sátira. Até faz sentido, mas o jogo funcionaria muito bem sem esse quê de cringe (já se tornou cringe dizer que algo é cringe?).

Rampa em U de Ski.

Quando falamos em disputas online, também são necessárias algumas melhorias. É ótimo ver todos os jogadores compartilhando um ambiente mesmo quando estamos fora de competições, mas algumas provas específicas, como as que reúnem dezenas de jogadores, passam por problemas técnicos com certa frequência. Pode ser questão de tempo até que esse aspecto seja resolvido, mas ainda é algo que merece atenção.

Ah, e não podemos deixar de citar alguns bugs irritantes que acontecem enquanto navegamos pelo mundo.

Para se dirigir até outras provas naquele mapa imenso de Riders Republic, jogadores têm liberdade para escolher um modo de locomoção (ski a jato, bicicleta, snowboard ou a pé, por exemplo). Contudo, chegar até o destino final pode ser muito mais difícil do que parece.

Correndo de bicicleta a toda velocidade.

É comum que o personagem bata em pedras e a tela fique em preto e branco, como ele você tivesse caído. É bem comum também que jogadores de fato acabem caindo por terem apertado um botão de fazer manobra sem querer, mas isso faz todo o sentido. Agora, quando damos um pulo e vamos parar no meio de objetos que nos prendem... A coisa começa a ficar meio chata.

Assim como acontece durante as partidas, jogadores podem voltar no tempo quando fazem algo de errado para que tentem corrigir os próprios erros e prosseguir. Entretanto, é bem irritante ter de fazer isso enquanto você está simplesmente andando de um lado para o outro no mapa. Acaba sendo muito mais fácil usar a Viagem Rápida e pronto. É uma pena, porque, como falei, o mundo de Riders Republic é muito aconchegante. Dá vontade de continuar ali por bastante tempo.

Se você busca jogos esportivos que sejam boas maneiras de matar o tempo, Riders Republic é uma opção absolutamente válida. O preço não ajuda, é verdade. Mas a Ubisoft costuma ser generosa com descontos. Portanto, talvez seja questão de tempo até você embarcar nesse mundo compartilhado cheio de colecionáveis, equipamentos e esportes radicais. Quem sabe um dia desses não nos encontramos nas montanhas?

Nota do crítico