Depois do sucesso de seus antecessores, Life is Strange 2 precisava corresponder à uma expectativa enorme. A história dos irmãos Sean e Daniel Diaz foi sendo revelada aos poucos pelos trailers, sempre mantendo uma pontinha de mistério.

O lançamento do primeiro episódio, Roads, encerrou o suspense, apresentando os jogadores a um game que não foge das suas origens, mas consegue contar uma história nova e igualmente envolvente.

Desde o início, a trilha sonora se destaca; Jonathan Morali retorna como compositor, e a ótima Into The Woods, que já chamava a atenção nos trailers, mostra toda sua força no game completo.

A simples e eficiente jogabilidade é aprendida facilmente. Muito intuitiva, ela tem seu papel na história do jogo: a tela sempre mostra o que cada botão irá realizar, e em alguns momentos, decidir o botão a ser apertado pode ter grandes impactos no futuro.

Somos apresentados à Seattle dos irmãos Diaz ao som de Lisztomania, da banda francesa Phoenix. É o momento em que paixões, festas e outros dramas adolescentes tomam conta do cenário. As angústias de Sean, o irmão mais velho que é controlado pelo jogador, se mostram de uma forma muito autêntica, e dão traços de Boyhood às primeiras cenas.

A relação com seu irmão e seu pai também é abordada logo de cara, mas de uma maneira mais sutil. Para realmente entrar na atmosfera de Life is Strange 2, vale a pena explorar cada canto da residência dos Diaz - videogames, mensagens de texto e fotos constroem o clima intimista em que Roads se baseia.

Entretanto, uma repentina reviravolta - a qual não irei detalhar para evitar os spoilers - força Sean e Daniel a fugirem de Seattle e marcharem rumo a Puerto Lobos, no México, cidade natal de seu pai. E é nesse momento em que o jogo mostra todo seu potencial.

De início, o relacionamento entre os irmãos Diaz pode parecer levemente monótono, mas, assim como na vida real, a felicidade de ambos está nos pequenos detalhes: eles podem estar exaustos pela viagem, mas a reação de Daniel ao ser presenteado com uma barra de seu chocolate favorito é ímpar.

É papel do jogador explorar esse laço, escolhendo caminhos que podem ser difíceis, mas que são os melhores a serem seguidos. Em meu primeiro playthrough, foi extremamente difícil me dissociar de Sean; eu me sentia responsável pelo garoto e também pelo seu caçula, de forma que minhas decisões sempre refletiam minha própria personalidade.

Apesar de trazer uma história improvável e elementos sobrenaturais, a mágica de Life is Strange 2 está na proximidade com o jogador. Não são os superpoderes ou grandes vilões que darão o ritmo à sua experiência, mas sim os momentos em que você se enxerga em Sean ou Daniel, torcendo para que ambos tenham sucesso em sua jornada.

Trazendo um final épico com direito a cena pós-créditos, Roads conta uma aventura que se sustenta independentemente dos próximos episódios. Claro, seu encerramento instiga a curiosidade sobre o futuro dos irmãos Diaz, mas o enredo deixa poucas pontas soltas, deixando um leve gosto de "quero mais" ao mesmo tempo em que satisfaz o jogador.

Life is Strange 2 está disponível para PlayStation 4Xbox One e PC. O jogo foi testado em um PlayStation 4 comum. Clique no nome das plataformas para ver o preço do jogo em sua versão digital.

Nota do crítico