“Esse é um jogo perfeito para jogar com minha irmãzinha” — essa foi a frase que me marcou quando quando sentei para jogar Knack 2 com minha namorada. E eu não poderia concordar mais.

A sequência do primeiro jogo é muito carismática e leve para se jogar em família. A proposta continua a mesma: você assume o papel do pequeno Knack, um experimento com vida própria capaz de coletar relíquias da natureza e se adaptar para resolver vários quebra-cabeças e desafios pela sua frente. Uma versão moderna e engraçadinha com pecinhas de montar.

Mas, entre artefatos e pancadarias, Knack 2 esconde pontos fortes e fracos. Assim como o pequeno personagem, vamos jogar elas no chão e juntar uma por uma.

Ajudando o amiguinho

Nem sempre é fácil encontrar jogos para crianças ou mesmo para unir a família em um mesmo sofá com o videogame em destaque. Knack 2 consegue realizar isso. Os gráficos são bonitos, leves, coloridos e alegres. Além de sua proposta digna de um filme de animação para os pequenos, as mecânicas são pensadas para um jogador ajudar — ou ensinar — o outro.

Para começar, navegar pelas fases implica em enfrentar diversos inimigos, resolver quebra-cabeças ou passar por obstáculos. Em casos de dois jogadores, o jogo entrega opções para um player “teleportar” para o outro e evitar uma morte iminente. Ou, ainda, acelerar o processo quando um deles não conseguir pular uma série de armadilhas.

O design dos cenários é pensado nesse aspecto. Um dos jogadores observa um caminho secreto que o outro não descobriu, liberando algo que não seria descoberto com apenas um jogador. Alguns quebra-cabeças envolvem ação conjunta: como puxar um pedaço de pedra para o segundo jogador passar, e o primeiro “teleporta” para o companheiro e continua a jogatina.

A dificuldade é equilibrada. Em modos mais difíceis, haverá a necessidade dos dois se coordenarem para atacar os pontos fracos dos inimigos, especialmente os “chefões”. O sistema de batalha é criativo: você pode combinar socos, chutes e suas habilidades para “detonar” sem dó os inimigos. Mas, no resto das fases, muito da jogatina consiste em apenas socar os inimigos e passar por um quebra-cabeça, desafio ou sequência de "Quick Time Event". E repetir o processo.

O ritmo de inovações incomoda principalmente nesse aspecto. Quem é acostumado com jogos de plataforma vai encontrar desafios muitas vezes repetitivos e com uma dificuldade pouco crescente.

No início de uma fase, você descobre uma nova mecânica de Knack capaz de dar um soco extremamente poderoso. Durante os próximos 30 minutos, você usará incessantemente ela para atacar pontos fracos semelhantes dos adversários, variando apenas o número de adversários.

É claro que, quando você está com pais, irmãos ou filhos, essa experiência é dissolvida com conversas, brincadeiras e outras distrações. A trama contribui nesse aspecto — embora ainda seja “inocente” e digna de uma sessão de desenhos, Knack 2 desenvolve de forma envolvente os personagens, as conversas e o mundo com uma ameaça global e cada vez mais ameaçadora dos goblins.

Mas, para os jogadores mais assíduos, o ritmo pode enjoar rapidamente e a experiência se tornar uma luta contra as expectativas de terminar logo a fase e encontrar coisas novas.

As peças que não se encaixam tão bem

Durante toda a aventura, é possível observar que há mecânicas dentro do game que poderiam ser melhor exploradas.

O acúmulo de peças de Knack, sua característica mais marcante, é utilizada para crescer a barra de vida do protagonista e desbloquear habilidades e certas partes do cenário. No entanto, por vezes se torna óbvio que, se Knack está ganhando peças, é porque um novo desafio ou obstáculo está há poucos minutos na sua frente. Não há algo relacionado com isso na exploração e todo esse sentimento de “crescimento” é reiniciado em uma nova fase — e esses dois fatores que me deixaram ligeiramente decepcionado.

Há, no entanto, várias recompensas para a exploração. Você consegue juntar energia destruindo caixas e usa os níveis para desbloquear muitas habilidades e golpes novos. Relíquias aleatórias estão dispostas em caixas escondidas pelo mapa que também liberam funções novas. Quebrar cristais amarelos acumula uma outra barra que, em certos momentos, pode ser usada para liberar todo o poder do nosso protagonista.

Knack 2 tenta envolver um pouco mais os jogadores de plataforma com rankings de corrida contra o tempo, exploração cooperativa e algumas mecânicas novas e ampliadas. Mas só isso não se sustenta para um jogo do gênero cativar os fãs mais exigentes — principalmente que dispõe de vários outros títulos disponíveis no mercado e na própria plataforma.

Em uma jogatina descontraída ou em família, Knack 2 é extremamente divertido e reúne pais, filhos e irmãos em torno de uma aventura leve e sem compromissos. Como um game de plataforma, a sensação final do jogo é que ele tenta seguir a mesma ideologia do seu simpático protagonista — mas, no final, o jogo não cresce totalmente a ponto de combater seus próprios defeitos e adversários.

Knack 2 está disponível para PlayStation 4. O jogo foi testado em um PlayStation 4 padrão. Clique no nome das plataformas para conferir o preço em suas versões digitais.

Nota do crítico