Divulgação/Codemasters
Review: F1 24 usa padrões da EA para gamificar política do paddock
Novo modo Carreira incorpora dinâmicas de equipe para adicionar desafios
Em 2021, a EA comprou a Codemasters e, com isso, tornou-se responsável pela publicação dos jogos oficiais da Fórmula 1. Três anos depois, F1 24 promove a primeira grande reformulação na série desde a chegada de seus novos donos: a reformulação de um modo Carreira que, finalmente, traz algo que já era comum em vários outros simuladores de esporte: a possibilidade de jogar como os pilotos e decidir o seu futuro.
O resultado é um modo que troca firulas por mais desafios e sistemas interligados em um microgerenciamento que reflete as dinâmicas de um piloto dentro da equipe. Mas, ao mesmo tempo, também aproxima (e muito) a progressão da temporada de outra grande franquia de esportes gerenciada pela EA.
Vão embora as entrevistas e momentos de escolha em cutscene com pilotos fictícios (embora você ainda possa, se quiser, criar o seu próprio avatar), e entra um sistema mais meticuloso no qual cada piloto tem pontuações individuais para suas habilidades, que culminam em uma pontuação geral.
À medida que a temporada progride, seus resultados na temporada podem aumentar ou diminuir esse número. Isso, claro, levando em conta apenas sua posição no Grande Prêmio. Mas também é possível realizar objetivos opcionais durante os treinos livres e classificatórios para turbinar esse desenvolvimento.
Se isso te parece muito similar a EA FC (ou, para os mais velhos, FIFA), você não se enganou: o novo modo é basicamente a carreira do game de futebol transportada à realidade da Fórmula 1, focada na carreira de um piloto. Mas a falta de originalidade também serve a bons propósitos. Mesmo com várias similaridades, essa nova estrutura também traz novidades bem-vindas.
A primeira delas é a rivalidade com o seu colega de equipe, na qual seu desempenho pode fazer com que a escuderia favoreça a sua carreira em vez do outro piloto. Isso se aplica principalmente ao sistema de desenvolvimento de tecnologia, no qual você e seu companheiro de time determinam quais peças do carro devem ser aprimoradas.
Sua habilidade geral também é monitorada pela equipe, que estipula um mínimo para a perspectiva de renovar o contrato. Ao longo da temporada, você também recebe convites para reuniões secretas com times rivais, o que pode servir ao seu favor ou fazer você ser mal visto no paddock.
Tudo isso traz reflexos do lado político da Fórmula 1, na qual o trabalho próximo com a equipe e as disputas para garantir um lugar no grid do ano seguinte sempre foram tão (ou às vezes mais) importantes do que as corridas. Com a espetacularização dos bastidores da F1 promovidos na gestão da Liberty Media, que levou a modalidade de vez para o digital por meio do YouTube e da Netflix, o próximo passo era permitir que o público vivesse esses momentos de forma gamificada.
Um dos lados mais afetados por essa reformulação acabou sendo a Fórmula 2, categoria de acesso na qual você pode iniciar a sua carreira. Antes agraciada com modos história e cutscenes, essa divisão se limita a uma série de corridas e menus mais burocráticos, sem o mesmo jogo político implementado na categoria principal.
O resultado é um modo que representa, de forma mais completa, o circo da F1, em uma clara tentativa de pescar fãs da modalidade que jogam videogame. É uma estratégia válida e positiva, mas, para quem vem no sentido contrário - o público que gosta mais de games de corrida do que da Fórmula 1 em si - é impossível não se sentir jogando uma versão automobilística do EA FC.
A comparação fica ainda mais evidente quando se leva em consideração os modos multiplayer do jogo, em especial o F1 World, que transporta para o jogo de corrida não apenas a estrutura de gameplay como as microtransações do Ultimate Team. Neste ano, a principal novidade é o Fanzone, uma liga de curto prazo que ecoa a Weekend League.
Ainda no sentido de deixar o jogo mais atraente aos fãs da modalidade, vem também a nova funcionalidade alardeada pela Codemasters: o sistema de controle dinâmico, que, nas palavras da desenvolvedora, tem como objetivo aumentar o realismo de aerodinâmica e aderência dos pneus ao se jogar tanto no volante quanto no controle.
Todos os meus testes foram realizados utilizando apenas o controle e, vindo de uma perspectiva mais leiga, o jogo pareceu bem balanceado, onde mesmo com as assistências da dificuldade padrão ligadas, ainda havia um certo desafio na hora de encontrar o tempo certo de frear e acompanhar o traçado da pista.
Na hora das corridas, isso também me exigiu prestar atenção para encontrar os momentos certos de ultrapassagem, de modo a não sobrecarregar o carro e obrigar uma parada nos boxes. Ainda no sentido de incluir a dinâmica das corridas dentro de um gameplay mais casual, seus diretores de equipe também se comunicam no rápido impondo desafios entre voltas, como evitar o superaquecimento de pneus, fazer voltas mais rápidas ou não
Mesmo com as novas funcionalidades, F1 24 não é um jogo radicalmente diferente do seu antecessor, algo esperado de uma franquia anual de jogos, na qual o tempo de desenvolvimento costuma jogar contra a implementação de melhorias mais profundas. Do ponto de vista da EA e da Codemasters, não faltam incentivos para segurar o freio nessa área, já que a Fórmula 1 terá um novo regulamento em 2026, que deve mudar a estrutura dos carros e, por consequência, exigir mudanças de gameplay mais profundas.
Sendo assim, F1 24 entrega uma experiência em linha com os últimos anos da série, especialmente se você se atrai mais pelo que acontece fora das pistas do que dentro delas. Caso a sua vontade seja entrar na pele de um piloto em busca de um lugar no grid, esta edição do jogo da Codemasters pode ser uma boa pedida.
- Lançamento
31.05.2024
- Publicadora
Electronic Arts
- Desenvolvedora
Codemasters
- Gênero
Corrida
- Testado em
PlayStation 5