Às vezes, proteger o mundo da corrupção causada por uma força demoníaca antiga é um assunto de família.

Lançado em setembro de 2019, Children of Morta é um RPG de ação nos moldes do clássico Gauntlet cuja história gira em torno de uma família de guerreiros. O jogo já era ótimo em seu lançamento original, mas ficou ainda melhor no início de maio com a chegada de uma enorme atualização de conteúdo, que acrescentou novas missões e um modo New Game+.

No game, seu objetivo é ajudar os membros da família Bergson a cumprir seu destino como guardiões de um antigo templo que mantém a influência do mal sob controle. Da experiente matriarca ao hiperativo filho mais novo, todos os Bergsons têm um papel a desempenhar na aventura.

A experiência de Children of Morta é dividida em duas metades: a primeira, mais óbvia, envolve a exploração de enormes calabouços repletos de monstros. Os jogadores podem assumir o controle de seis membros diferentes da família Bergson, sendo que cada um deles tem poderes e estilos de combate completamente distintos. Lucy, por exemplo, ataca à distância com feitiços como bolas de fogo, enquanto Kevin depende de sua agilidade para desferir golpes rápidos com adagas.

Divulgação/11 bit studios

Já a outra metade ocorre na segurança da casa dos Bergsons, aonde todos os personagens retornam após cada missão. Aqui, o jogador pode assistir a conversas e eventos interativos envolvendo os diferentes membros da família, cujos laços afetivos são fortalecidos ao longo da jornada.

Tanto a ação dos combates quanto as interações pacíficas entre os personagens são retratadas com muito esmero. O estilo gráfico do jogo é bem reminiscente a Superbrothers: Sword & Sworcery EP. Mesmo sem ter traços faciais, os personagens conseguem se expressar de maneira clara através das detalhadas animações.

Children of Morta tem um ritmo de progressão bem claro, com fases que devem ser exploradas em ordem linear e melhorias destraváveis permanentes, mas ainda é melhor descrito como um 'roguelike'. As fases onde a ação acontece são geradas processualmente a cada nova tentativa, e grupos de inimigos raros ou missões secundárias podem aparecer a qualquer momento de acordo com a vontade do gerador de números aleatórios.

A ação em si é simples, mas muito satisfatória. Cada personagem tem acesso a um esquema de ataque básico e duas habilidades especiais - uma ofensiva, e uma defensiva. Dependendo do Bergson que você escolher para controlar, sua experiência pode ser completamente diferente. Quando você está controlando alguém que ataca à distância, por exemplo, é importante avançar com calma e eliminar inimigos um de cada vez. Com os heróis de combate corporal, porém, é mais vantajoso partir para cima de grupos inteiros e tentar encontrar uma maneira de abatê-los rapidamente e de uma só vez.

Divulgação/11 bit studios

Em meu tempo com o jogo, me diverti bastante até mesmo jogando sozinho, mas tive a melhor experiência ao lado de um amigo no modo cooperativo local. Com dois heróis trabalhando paralelamente, a lista de estratégias possíveis para cada encontro com inimigos cresce exponencialmente.

Por conta do alto nível de dificuldade de certos chefes, porém, Children of Morta pode obrigar jogadores menos hábeis a repetir fases várias vezes em busca de valiosos pontos de experiência - o que pode causar frustração naqueles que gostam de sentir um ritmo constante de progresso na história.

Já disponível para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC, Children of Morta é um excelente herdeiro do legado de Gauntlet e Dungeon Explorer, e merece sua atenção mesmo estando lado a lado com tantos outros roguelikes de primeira lançados nos últimos anos.

Nota do crítico