FIFA 22 é o primeiro jogo da franquia com desenvolvimento voltado para a geração de consoles do PlayStation 5 e Xbox Series X|S (FIFA 21 teve apenas uma versão melhorada disponibilizada posteriormente).

Com a promessa de diversas novas tecnologias como a Hypermotion, que combina a captura de movimentos reais com a inteligência artificial para produzir novas animações, adicionando mais de 4 mil movimentos - a maior atualização na história do FIFA.

Além disso, tivemos diversas mudanças significativas nos modos já conhecidos e algumas novas mecânicas.

Muitos costumam falar que os jogos de futebol são apenas atualizações da versão anterior, mas isso não é o que realmente acontece, e FIFA 22 não faz nada de revolucionário, mas consegue renovar e reformular diversos aspectos problemáticos das edições anteriores, de aspectos da jogabilidade ao modo Carreira — tanto do jogador quanto treinador.

Novos consoles, novo começo

FIFA 22
EA Sports/Divulgação

Como todos os anos, é tradição iniciar o jogo diretamente em uma partida, seja da Champions League ou de alguma liga europeia.

Porém, no FIFA 22 isso foi totalmente reformulado e tive uma agradável surpresa.

Começamos com uma cutscene em que você cria o seu avatar e com uma "pequena" história, e que faz você pensar que a experiência terá início com uma partida do Modo Volta. Mas, ao invés disso, vamos para o Parc Des Princes, estádio do PSG, para um treinamento comandado pelo ídolo francês Thierry Henry.

Com ele, você vai aprendendo algumas das novas mecânicas presentes no jogo, incluindo um novo jeito de mudar a seleção de jogadores. Logo após isso, a história continua com o craque da capa, Kylian Mbappé, te convidando para assistir a um jogo da Champions, e nesse intervalo vemos algumas caras conhecidas no mundo esportivo e do entretenimento em geral, como o heptacampeão Lewis Hamilton da F1, que já deu as caras na franquia da EA pelo Modo Volta.

E é só aí que voltamos à partida que dá início ao jogo.

Pode parecer besteira, mas isso ajuda a dar uma dimensão um pouco maior do que a EA pode vir a acrescentar ao game no futuro — e que mostra que não é uma simples reskin do modelo do ano anterior.

Não, FIFA 22 não é igual FIFA 21

FIFA 22
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FIFA 22, como todos os jogos da franquia costumam parecer no início, tem a sensação de um jogo mais cadenciado em relação a seu predecessor — e nada mais natural, já que estamos vindo de um FIFA recém finalizado, com todos os jogadores com velocidade máxima.

Por isso mesmo, já vale deixar claro que a qualquer momento tudo pode mudar, visto que a EA sempre faz atualizações e geralmente esse ritmo mais realista acaba ficando para trás.

Durante essa primeira semana em que estive testando o jogo — e em todos os modos — pude utilizar laterais que não tivessem 90 de velocidade e se mostraram úteis pela marcação e força, até atacantes mais "pesados" que fizeram com maestria a função, algo impossível de replicar em FIFA 21.

Outra clara mudança foram nos goleiros, com diversas novas animações de defesas adicionadas, o que até tornou o processo de furar esse bloqueio mais complicado... Até, é claro, encontrar uma forma de burlar isso na forma dos chutes colocados de fora da área usando o Timed Shot, uma mecânica que era bem pouco utilizada, torna qualquer goleiro um mão de alface.

Porém, fora esse problema dos chutes de fora da área, achei essa mudança extremamente necessária, e com bem poucos ajustes os goleiros vão ficar muito bem colocados.

Ainda em jogadas de ataque, os passes longos estão funcionando muito bem, e atrapalhando zagueiros que tem um mau posicionamento ou que sobem mais do que deveriam.

Uma boa estratégia de ataque envolvendo os defensores, inclusive, é utilizar também as famosas viradas, puxando os jogadores do adversário para o outro lado do campo, essas jogadas acabam sempre abrindo algum buraco no meio campo.

Falando de bolas paradas agora, senti que as faltas em FIFA 22 são uma extrema raridade. Talvez por eu não ser um juiz, fica difícil ter algum critério para isso, mas como torcedor, vi algumas entradas criminosas que deixaram passar.

Defensivamente temos a já citada nova mecânica de mudança de jogador, que é claramente a melhor adição. Agora, ao apertar os dois analógicos em cima de quase todos jogadores próximos da bola, aparece um direcional do analógico direito pelo qual você pode escolher qual deles você quer controlar, facilitando muito a vida dos jogadores.

Na parte da marcação, as trombadas são as mais efetivas. Muitas vezes os zagueiros dão uma bela de uma pancada nos atacantes e acabam ficando com a bola, menos se o seu atacante for o Lukaku, que aí a disputa fica boa.

Um grande problema do FIFA 21 era os bloqueios automáticos dos chutes, isso é impossível de não existir mas com certeza aconteceu com bem menos frequência e em momentos que realmente deveriam acontecer aquilo, um grande ponto positivo.

Infelizmente, quando a gente fala de jogabilidade de FIFA, daqui uma semana ou um mês tudo isso que eu citei aqui pode nem existir mais. E sim, é lógico que tudo pode melhorar, mas quem já conhece a série sabe muito bem que as chances são boas de piorar - embora verdadeiramente espero que isso não aconteça.

RPG de jogador de futebol?

O modo carreira como jogador havia sido totalmente esquecido pela EA nos últimos anos, mas felizmente nesta edição a situação mudou: temos um modo com diversas mudanças significativas, que torna a experiência quase como um RPG - tirando a parte que você continua só dentro de campo ainda.

Mas agora, ao invés de ter que alcançar certas "marcas" como por exemplo acertar 25 passes para ganhar um boost, temos XP. Ganhamos essa experiência realizando treinos bem sucedidos e cumprindo missões dentro de cada jogo, algo que saiu do falecido Modo Jornada.

Essa experiência também é utilizada para sua Árvore de Talentos, podendo escolher qual atributo do seu jogador você quer melhorar, além de ganhar Arquétipos, que dão algumas melhorias extras como aumentar a qualidade da perna ruim ou então das skills do seu personagem.

FIFA 22
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Temos também 3 Melhorias, que são uma espécie de Buffs, que como o nome indica podem melhorar qualidades individuais ou então melhorar aspectos do seu time após certos pontos de virada, como ao potencializar a defesa da equipe depois de tomar um gol.

Apesar de acrescentar bastante conteúdo, o modo ainda tem lá seus problemas. Iniciei minha carreira no Leeds United, mas ainda na primeira janela de transferência times como Bayern de Munique já tinham me oferecido um contrato - mesmo sem meu personagem jogar nenhuma partida.

Isso não seria tão ruim não fosse o fato de que, ao final de uma temporada completa e sendo o melhor jogador da Premier League, nenhuma proposta foi feita. Levando em consideração os dois momentos que meu jogador estava, é um pouco frustrante receber propostas boas sem entrar um minuto em campo e, depois de ser artilheiro, não ter nada em termos de oferta.

Além disso, durante as partidas notei alguns problemas em relação às posições dos jogadores, como em algumas partidas em que nosso querido El Loco Bielsa colocou o volante do time como Atacante, e momentos em que meu jogador vinha da reserva e não como titular, eu era colocado em posições que não eram a que eu realmente jogava.

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Tudo isso acaba afetando, nem que minimamente, a experiência de vivenciar uma carreira.

Tivemos também a adição de algumas cenas no vestiário após os jogos, que podemos ver a alegria ou então a tristeza dos jogadores. Mas em compensação, algumas cenas cinemáticas são muito repetitivas, então ganhar a FA Cup ou a Premier League rendem as mesmas animações, só mudando o troféu que você recebe.

Mas em relação aos últimos anos, tivemos uma evolução incrível

Alô, professor!

Um dos modos mais amados pelos fãs de FIFA é o modo carreira como Treinador e, especialmente neste ano, tivemos uma mudança incrível e que era pedido por todos: agora você pode criar o seu próprio time!

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Primeiro você precisa escolher um Nome, depois colocar ele em alguma liga e escolher o seu rival. E aí chegamos em uma parte legal: montar o seu uniforme, que tem 80 modelos disponíveis para escolher e customizar para deixar das cores que te agradarem.

Em contraponto, depois você parte para a criação do emblema, o que pra mim deixou muito a desejar: apesar de ter bem mais de 150 modelos diferentes, você só pode personalizar as cores deles.

E sabemos que a EA tem potencial pra mais, afinal quem jogou F1 2021 sabe muito bem que o jogo da Codemasters conta com um sistema de criação de emblemas com bem mais liberdade.

Logo em seguida você escolhe seu estádio, podendo colocar o nome que quiser nele e ainda editá-lo para ter todas as cores do seu time.

Depois de tudo isso, a brincadeira começa de verdade com o processo de montar o elenco do time: Você precisa escolher a Classificação Geral, que vai influenciar nos Overalls de seus jogadores. Se for um elenco de uma estrela, temos jogadores entre 60 e 70. Já um time de cinco estrelas, temos jogadores entre 80 e 93. E as nacionalidades dos jogadores geralmente são baseadas na Liga em que você vai estar presente, com a opção de gerar novamente os jogadores caso alguma coisa não te agrade.

Há ainda mais aspectos como a idade do elenco, as verbas de transferência — que vão de um milhão até um bilhão — e, para finalizar, as expectativas da diretoria para a primeira temporada do clube.

Para a tristeza de muitos, não podemos criar o time e criar também os jogadores em si. Mas, quem sabe no futuro, isso não seja possível.

Enfim, pode não ser lá uma grande renovação no modo, mas com certeza cria muitas possibilidades para os fãs.

FIFA 22
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E, até o momento eu também não vi nenhum time que realiza transferências muito absurdas no que diz respeito às necessidades de cada clube, como já aconteceu no passado.

Volta cada vez mais perto do FIFA Street

Quando o modo Volta apareceu pela primeira vez, a esperança de termos o retorno de nosso querido FIFA Street ficou mais viva do que nunca. Porém, a realidade acabou sendo outra.

... Mas, no FIFA 22, algumas mudanças tentam ao máximo chegar lá.

Tivemos a adição de três "poderes": A Bomba que te faz dar chutes fortíssimos; a Pura Raça para correr mais que o Usain Bolt; e a Dividida Agressiva que te faz dar trombadas de deixar o Pepe com inveja.

Temos também o Medidor de Habilidade, que conforme ele vai aumentando, o seu — ou o do adversário — próximo gol vai valer mais que um.

Mas a melhor e principal mudança é a adição do Volta Arcade, que embora tenha o adicional de chatice ao acontecer apenas durante o final de semana, traz diversos mini-games para jogar com os amigos, como Queimada ou Fute-Tênis.

FIFA 22
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Este ano também não temos o modo história dentro do Volta — não que isso faça muita diferença, já que era indiferente para a grande maioria.

A grande máquina de dinheiro da EA

Antes de irmos para os finalmentes, não poderia deixar de falar sobre o Ultimate Team, o modo que mais dá dinheiro para a EA Sports e que com certeza é o grande apreço dos fãs hoje em dia, além de também servir como o modo competitivo do jogo.

Algumas das principais mudanças necessárias para o modo foram atendidas: uma reformulação no Division Rivals e no FUT Champions. Agora a nova casa do competitivo é o Division Rivals, com a Divisão Elite servindo como centro para classificação para os eventos oficiais da EA — além de terem adicionado diversas novas premiações tornando o modo um pouco mais interessante para se jogar.

FIFA 22
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Já as mudanças no FUT Champions — ou a conhecida WL — foram bruscas. Agora existe a necessidade de garantir os pontos pelo Division Rivals, e com isso jogar um mata-mata para se classificar nas chamadas Finais do FUT Champions, onde você tem 20 partidas para jogar, com as vitórias e derrotas somando pontos para a sua classificação.

Cada vitória te dá 3 pontos, enquanto derrotas contam como 1 ponto. Depois das 20 partidas, a sua pontuação dita a classificação final e as recompensas que você irá receber.

Essa é uma mudança muito boa ao meu ver, pois na época do FIFA 17 achava 40 jogos absurdo, e mesmo depois da redução para 30 ainda era mais do que devia, principalmente falando em termos de jogadores casuais.

Tivemos também adição relativamente pequena de novos Ícones, com somente 4 neste ano — incluindo o brasileiro Cafu. Mas, para compensar isso, tivemos a introdução dos FUT Heroes, que são cartas para celebrar alguns grandes nomes do futebol, mas que não estão em um patamar necessariamente lendário.

Algo que sempre é motivo de reclamação é a qualidade dos servidores e a conexão das partidas. No primeiro dia em que tive acesso ao jogo, todas as minhas sete partidas tiveram algum momento com lag ou alguma travada, mesmo com a minha internet totalmente estável e de boa qualidade.

Durante os outros dias, porém, não tive mais nenhum problema quanto isso, e as partidas funcionaram perfeitamente.

Coragem, Felipão!

Aparentemente o FIFA 22 jogou com três volantes e jogou com medo. Fazendo alterações certeiras e sem arriscar muito o jogo vai agradar grande parte do público.

Para a tristeza dos fãs do Pro Clubs, tivemos poucas mudanças: a árvore de habilidade e as Melhorias do Modo Carreira Jogador também estão aqui, além de algumas customizações extras, mas nada que realmente torne o modo mais atrativo ou que demonstre mais consideração da EA.

E lembrando novamente que diversas atualizações na jogabilidade estão por vir, e que com certeza tudo pode mudar, mas por enquanto o primeiro jogo da franquia focado na nova geração fez um trabalho simples e bem feito.

Agora é esperar e ver se a EA aprendeu com os erros no passado e não transformar totalmente o FIFA 22 em algo que é insustentável para os jogadores.

Nota do crítico