Sem dúvida a maior demanda de fãs brasileiros da Nintendo, a localização de jogos da produtora para o português brasileiro é uma novela que se arrasta há gerações e gerações dos consoles da produtora, mas que - com a exceção de alguns títulos mobile - ainda continua sendo apenas um sonho.

Com o anúncio da chegada oficial do Nintendo Switch ao Brasil ainda em setembro, este sonho ganha novos contornos de realidade, conforme a Nintendo sinaliza uma nova reaproximação do mercado nacional após bater retirada e abandoná-lo em 2015.

Em entrevista ao The Enemy, Bill van Zyll, diretor da Nintendo para a América Latina, reconheceu a importância da localização de jogos, compartilhou que a demanda é o “tópico número um” entre os pedidos de fãs à empresa, e sinalizou que a vinda do Switch para o país de forma oficial traz um novo peso à questão.

"Certamente faz o caso [para a localização] e certamente cria pressão e ímpeto nessa direção", comentou o executivo. Oficialmente, no entanto, a Nintendo afirma apenas estar “explorando” o tema, mas que não tem anúncios para fazer sobre jogos localizados.

"Todo o processo de localização, há muito envolvido, esse é o primeiro ponto", afirmou van Zyll ao ser questionado sobre o motivo por trás de jogos da Nintendo não serem localizados. "A outra coisa é que não basta só traduzir alguma coisa. Tem os componentes técnicos, e, a isso, você acrescenta a essência, a cultura e a mentalidade da Nintendo".

"E isso é algo que tendemos a ser muito cuidadosos, queremos sempre fazer as coisas certas, bem e de alta qualidade. E um desafio da localização, voltando à complexidade disso, está além de apenas traduzir palavras: é entender o contexto certo, é chegar ao humor certo. Isso é algo em que a Nintendo, ao trazer essa experiência de alta qualidade para o consumidor, está muito focada e conciente. Portanto, o resultado final é: tentar fazer isso com alta qualidade e a complexidade envolvida na localização, estes são os maiores obstáculos", complementou.

Ainda que já tenham sido vendidos no Brasil de forma oficial anteriormente, jogos first-party de console da Nintendo nunca contaram com localização para o português brasileiro – o que inclui títulos do Switch e do 3DS. O mais perto que o público nacional tem disso são jogos para o Switch produzidos por outros estúdios e publishers, como Mario & Sonic nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, da Sega.

Se levarmos em consideração apenas as iniciativas da própria Nintendo, os únicos jogos localizados pela companhia para o português brasileiro são títulos para smartphones, como Super Mario Run, Mario Kart Tour e Fire Emblem Heroes.

Esses jogos, aliás, são parte da explicação do porque a Nintendo já listou algumas vagas de emprego pedindo por tradutores de português brasileiro no passado. Questionado sobre o tema, van Zyll explica que a Nintendo tem "várias áreas" que precisam de tradução para língua nacional – e que isso não necessariamente significa que jogos localizados já estão em produção.

"Uma tem a ver com o serviço e suporte técnico", explicou, em referência à estrutura que a Nintendo está montando no Brasil para a chegada oficial do Switch Padrão. "A outra tem a ver com quando você vê o material embalado, os ativos da arte, a comunicação com o consumidor – isso é outro componente. E então, você também tem os jogos para celular".

"Pode não ser o jogo em si, no console, mas têm outras áreas que precisam do português brasileiro, e é isso que vocês estão vendo”, pontuou.