Overwatch chegou ao Nintendo Switch em 15 de outubro, após ter sido oficialmente confirmado em uma apresentação do Nintendo Direct.

O port, feito pelo estúdio Iron Galaxy e publicado pela Blizzard Entertainment, oferece todos os heróis, cenários e modos de jogo lançados até o momento, além de uma série de novidades voltadas especialmente para o console híbrido - mas também com uma série de contrapartidas e perdas de qualidade técnica.

Após testar a nova versão, a impressão que fica é de que, especialmente para quem nunca tenha jogado Overwatch anteriormente, o shooter oferece uma experiência boa, ainda mais levando em conta as especificações da plataforma.

Porém, caso já tenha um histórico longo com o game (como eu), as sessões de jogatina serão apenas frustrantes.

O Overwatch de Switch traz como uma de suas principais novidades o uso de controles (opcionais) de movimento. Isso significa que você pode mover o console em suas mãos no modo portátil e, com isso, o boneco também vai movimentar a câmera dentro do jogo.

Outra diferença é o fato de que esta versão não permite que jogadores participem da atual temporada competitiva (as famigeradas partidas ranqueadas), já que o game saiu há pouco tempo. Por isso, ainda é necessário que os gamers se ajustem aos controles no novo console - um ponto completamente válido, já que realmente leva algum tempo para se acostumar à jogabilidade na plataforma.

Mais uma novidade: Overwatch no Switch tem chat de voz nativo. Basta conectar um fone de ouvido compatível (e com microfone, claro) para começar a interagir com as pessoas do grupo. Ao tirar o acessório, a conversa automaticamente é encerrada, o que torna o recurso extremamente prático.

Mas, se por um lado agora está mais fácil conversar e esquematizar táticas com os colegas de equipe em meio às partidas; por outro, não é possível gravar os famosos Jogada da Partida quando eles são exibidos no final dos jogos.

Estas são, basicamente, as novidades presentes no game - não considerando a questão das taxas de quadro e downgrade gráfico, das quais falaremos mais adiante. Por hora, vale afirmar que, com exceção dos itens comentados acima, o jogo é o mesmo.

Os problemas, porém, começam a se mostrar claros comparando-se as diferentes versões de Overwatch com o jogo no Switch.

Como tenho costume de jogar Overwatch no PlayStation 4, vou levar o console da Sony em consideração para comparar minha experiência com o videogame da Nintendo... E posso adiantar que as jogatinas no Switch não me divertiram nem um pouco.

Primeiramente, os servidores demoram muito para encontrar jogadores. Infelizmente, não estou brincando quando digo que o game demora muitas vezes de 5 a 10 minutos para encontrar uma partida no modo Jogada Rápida. Algumas vezes, isso chegou a 15 minutos - sim, quinze!

Tudo bem que a nova formação 2-2-2 obrigatória (ou seja: 2 personagens de dano, 2 tanks e 2 suportes) pode não estar ajudando, então as filas para encaixar os jogadores nesses papéis podem estar um tanto caóticas ainda. Ainda assim, conforme passam os dias, essa situação parece não melhorar.

E nem mesmo no modo Arcade escapou: a demora foi a mesma, mesmo em pleno evento de Halloween. Infelizmente Essas terríveis demoras para encontrar partidas me desanimaram bastante para continuar jogando Overwatch no Switch.

Conversando em redes sociais sobre o assunto, outros jogadores parecem ter passado por situações semelhantes. O usuário Armando Toda, inclusive, relatou que quando jogou em servidores europeus, praticamente não houve demora. Em contrapartida, quando ele migrou para os servidores da América Latina ao voltar para o Brasil, a demora passou a ser constante.

(Talvez não existam jogadores o bastante nesse servidor para formar partidas? Ainda não sabemos.)

De toda forma, outro aspecto que pode atrapalhar um pouco a experiência é a taxa de quadros. O game roda a 30 fps no Switch, enquanto que no PC, Xbox One e PS4, este número pode chegar a até 60 fps.

A versão para Switch, inclusive, teve algumas quedas na taxa de quadros visíveis, mas ao menos durante minhas partidas, não foram frequentes.

Sendo assim, a jogatina se torna muito mais dinâmica nos outros consoles em comparação ao Switch, onde ela parece mais demorada, até mesmo mais arrastada. Obviamente, novos jogadores podem não se incomodar com esse aspecto, mas não pode-se dizer o mesmo de quem já experimentou Overwatch em outras plataformas.

Somado a isso, o downgrade gráfico é nítido: os bonecos não parecem tão bem finalizados e algumas texturas aqui e ali podem incomodar devido ao polimento mal executado - o game roda a 900p quando encaixado no dock do Switch e a 720p no modo portátil, afinal.

(O vídeo acima, do Digital Foundry, mostra mais explicitamente as diferenças técnicas entre as versões de Overwatch, confira:)

Quanto aos Joy-Cons, mesmo quando acoplados ao Switch, a sensação é de que eles não foram feitos para Overwatch. E isso se agrava ainda mais quando você está controlando personagens que exigem uma mira mais precisa (como a Ana, por exemplo).

Vale o registro de que não tive oportunidade de testar o game com um Pro Controller. Ainda assim, os controles de Overwatch no Switch certamente necessitam de um tempo para que o jogador se acostume, veterano da franquia ou não.

Por fim, a cereja do bolo das decepções é não poder transportar o progresso, recompensas e cosméticos de outras versões para o Switch. Sim, a Nintendo já havia confirmado que isso não seria possível, pois o game sequer possui cross-play. Todavia, se o jogador (assim como eu) já experimentou e acumulou itens em alguma outra versão, o sentimento que fica ao começar um novo perfil no Switch é angustiante.

Não há, sequer, uma recompensa ou um mimo que seja para quem já é veterano e adquiriu o game no híbrido da Nintendo recentemente.

Reprodução

A conclusão é que Overwatch para Switch é, certamente, uma experiência gratificante e divertida para jogadores de primeira viagem. Afinal, o port mantém praticamente tudo que já existe do game em outras plataformas, só que em escala menor.

O gameplay continua dinâmico e a curva de aprendizado é realmente fácil; a variedade de heróis ainda ajuda a manter a experiência equilibrada e diversificada; a direção de arte continua chamativa e ainda apresenta cores vibrantes e um estilo cartunesco que salta aos olhos (especialmente quando o game é jogado em modo portátil)... enfim, tudo está lá!

Os problemas podem ser somente técnicos, mas caso o Overwatch de Switch seja adquirido por alguém que já o jogou em outro console, essas questões logo se tornarão visíveis e, por tabela, podem prejudicar a experiência como um todo.

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