Desde o primeiro jogo, lançado em 1996, Pokémon só cresceu. O que começou com Charmander, Squirtle e Bulbasaur se tornou uma das franquias mais lucrativas na história dos jogos, com produtos em todos os tipos de mídia imagináveis.

Abaixo, o The Enemy ranqueou todos os jogos da série principal de Pokémon do pior ao melhor. Não incluímos os spinoffs porque são tantos que valeriam uma lista à parte. Aproveite para deixar nos comentários caso você queira essa lista, inclusive.

11. Pokémon Omega Ruby & Alpha Sapphire (2014)

Capa de Pokémon Omega Ruby.

Não existem jogos ruins na série principal de Pokémon. Até mesmo em seus piores momentos, a série é capaz de manter o brilho de sua mecânica de coleta e combate central, assim como o charme das criaturinhas que dão nome à experiência.

Nesse cenário, talvez o pecado de Pokémon Omega Ruby e Alpha Sapphire seja ainda pior: os remakes de Nintendo 3DS são completamente fáceis de se esquecer.

Quase como se fossem feitos no modo automático, os jogos revisitam a região de Hoenn de uma maneira previsível e rasa. A exceção é o Delta Episode – um epílogo jogável que é verdadeiramente surpreendente, mas também curto e que serve para colocar ainda mais em perspectiva quão comum o resto do jogo é.

10. Pokémon X & Y (2013)

Logo de Pokémon X e Y.

Se era só isso que a Game Freak tinha a oferecer após completar a transição para o mundo 3D, talvez fosse melhor que a série nunca tivesse abandonado o 2D.

Em muitos aspectos, foi assim que eu me senti jogando Pokémon X & Y pela primeira vez em 2013. E em retrospecto, eu ainda acho que eu estava certo.

Em nome de simplórios gráficos tridimensionais e de uma movimentação que agora incluía revolucionários passos na diagonal, a Game Freak precisou fazer cortes e concessões em todo o resto da experiência. Em comparação com os jogos Pokémon de DS, X e Y mais parecem betas incompletos – formas vazias, cujo conteúdo ainda estava por vir.

Não me entenda mal: o jogo teve boas ideias, como a bem-vinda adição dos Pokémon tipo Fada, que acabou com a supremacia dos Dragões no competitivo, e até a controversa, porém divertida mecânica de Mega Evoluções. Mas ele também gastou tempo com coisas como batalhas aéreas e contra hordas, cujo único propósito real era provar que, sim, o Nintendo 3DS é capaz de rodar um jogo Pokémon a menos de 10 quadros por segundo.

O fato de que a história da região de Kalos gira em torno de um maluco xarope que resolve destruir o mundo porque descobriu que a Semana Fashion de Paris só dura uma semana é um agravante que merece ser mencionado.

9. Pokémon FiredRed & LeafGreen (2004)

Capa de Pokémon FireRed e LeafGreen.

Os primeiros remakes da franquia, Pokémon FireRed e LeafGreen retornaram à região de Kanto no Game Boy Advance para uma jornada que já era nostálgica em 2004. Os gráficos e os combates renovados à altura do que já existia em Ruby e Sapphire eram motivo suficiente para revisitar a aventura que deu início à série.

Mas em comparação com os demais jogos Pokémon, FireRed e LeafGreen eram perfeitamente inofensivos – para o bem e para o mal. Os remakes recriaram bem demais as origens humildes da série, e faziam com que o jogador sentisse que tinha entrado em uma máquina do tempo para 8 anos antes. É um intervalo pequeno de tempo, mas que foi marcado por avanços enormes no mundo de Pokémon.

Um destaque engraçado em retrospecto: a grande novidade de FireRed e LeafGreen era um adaptador que permitia aos jogadores trocarem Pokémon e batalharem com amigos sem precisar de cabos pela primeira vez na franquia. 

8. Pokémon Ruby & Sapphire (2002) + Emerald (2004)

Capa de Pokémon Ruby e Sapphire.

Eu tenho quase certeza de que esse é o momento desse Rankeado que mais vai me render xingamentos. Eu consigo até sentir a decepção da galera que começou a jogar Pokémon no GBA através da minha câmera. Mas... eu garanto que a decepção que vocês podem estar sentindo não é tão grande quanto a de quem já era veterano de Pokémon quando Ruby e Sapphire saíram.

Não me leve a mal: eu amo Ruby e Sapphire. Água e Wingull pra todo lado, saxofone a semana inteira, cataclismas climáticos: os jogos são muito bons. A terceira leva de novos monstrinhos provou que a Game Freak continuaria sendo capaz de criar Pokémon novos bons sem perder o charme, e a reinvenção do sistema de combates da série foi tão acertada que persiste até hoje.

Mesmo assim, como um salto de gerações para a série, Ruby e Sapphire eram similares demais ao que tinha vindo antes. Pense como pensávamos na época: considerando os avanços que Gold e Silver trouxeram para a franquia sem nem precisar mudar de plataforma, imagine o que os novos jogos conseguirão fazer em um portátil de nova geração! Isso mesmo: pegadas na areia.

Em todo caso, a versão expandida Pokémon Emerald merece um carinho especial por ter um dos melhores endgames da série até os dias atuais na forma da Battle Frontier, que era capaz de garantir centenas de horas de diversão para quem mergulhava de cabeça nas batalhas Pokémon de alto nível.

7. Pokémon Sun & Moon (2016) + Ultra Sun & Ultra Moon (2017)

Arte de Pokémon Sun.

É bem claro pra mim que Pokémon Sun & Moon são os jogos mais divisivos da franquia. Por um motivo ou outro, parece ser um jogo que convida opiniões fortes – ou você ama, ou você odeia. E eu vejo méritos suficientes nele pra me identificar mais com o primeiro grupo.

Pokémon Sun e Moon têm dois problemas principais muito claros e difíceis de contornar: eles são a aventura menos desafiadora da série, e também a mais travada por conta do foco narrativo. É cutscene pra todo lado, em praticamente todas as áreas novas – e isso deixa o jogo com um ritmo estranhamente lento.

Mas em todo o resto, a jornada pela região tropical de Alola é refrescante como uma brisa do mar. Ele é o primeiro e único jogo da série que deixa de lado a progressão tradicional da busca por insígnias em ginásios, rendendo algumas boas surpresas. Ele também tem uma das mais criativas novas levas de monstrinhos, personagens carismáticos e gráficos 3D à altura do poder técnico do 3DS.

No geral, Sun e Moon me parecem ser uma sementinha que ainda não germinou completamente. A Game Freak conseguiu provar que um jogo Pokémon pode ser bom mesmo que cause rupturas de alguns de seus elementos mais clássicos. Só falta a coragem para retornar a esse conceito e tentar algo ainda mais maluco no futuro.

6. Pokémon Sword & Shield (2019)

Arte de Pokémon Sword & Shield.

Se esse Rankeado estivesse sendo planejado logo após a estreia de Pokémon Sword & Shield em 2019, o jogo certamente estaria umas boas posições pra trás no ranking. É indiscutível que o jogo é um avatar para todos os maiores problemas do momento atual da franquia: fraqueza técnica, uma fórmula cansada, confusão na narrativa... E isso sem falar no trauma do Dexit, que pela primeira vez na história da série deixou alguns Pokémon de fora da brincadeira.

Felizmente, Sword & Shield conseguiram encontrar uma certa forma de redenção em seus DLCs – especialmente o segundo, Crown Tundra, que conseguiu transformar a caçada a Pokémon lendários em um passatempo divertido e acessível.

Em sua forma completa, a região de Galar mistura trechos de progressão linear com três grandes áreas abertas, que escondem segredos, missões opcionais e formas diferentes de interagir com outros treinadores no modo online. É fácil imaginar maneiras com as quais a experiência do jogo poderia ser melhor, mas ela ainda é uma que vale a pena.

Pokémon está em uma encruzilhada, e Sword e Shield nos dá uma janela para vislumbrar as possibilidades do futuro da série – possibilidades essas que, inclusive, podem já dar as caras em Legends Arceus. A promessa é a de um jogo de mundo aberto que recrie no 3D a sensação de imersão e exploração que os melhores jogos Pokémon já fizeram tão bem no 2D. Sword e Shield ainda não chegaram lá, mas deram os primeiros passos.

5. Pokémon Red, Blue & Green (1996) + Yellow (1998)

Charizard em Pokémon Red.

E por falar em primeiros passos, aqui estamos. Em 2021, Pokémon Red e Blue são jogos lentos, simplistas, com sprites esquisitíssimos e Zubats demais. Mesmo assim, jogá-los em 2021 ainda é uma delícia.

Os jogos que começaram tudo, abrindo as porteiras para a franquia mais rentável da história do entretenimento, eram pequenos milagres em forma de cartuchos. Eles saíram no Japão em 1996, em uma época que a Nintendo já se preparava pra trocar o Game Boy por um sucessor mais poderoso.

Mas o sucesso dos RPGs foi tamanho que a empresa mudou completamente seus planos, abandonando a ideia de um Game Boy 2 por um Game Boy com tela colorida e prolongando a vida do portátil em mais meia década.

Apoiando-se no charme das criaturinhas chamadas Pokémon, os RPGs encontraram uma maneira de ensinar a jovens do mundo inteiro o prazer de jogar videogame com os amigos. Donos de Red podiam capturar monstrinhos que não existiam no Blue, e vice-versa – então, o jeito era encontrar outras pessoas para fazer trocas e completar a coleção. E já que elas já estavam ali, por que não colocar seus times e estratégias à prova em uma batalha?

Críticos dizem que as similaridades entre os jogos atuais de Pokémon e os originais de 25 anos atrás provam a fraqueza da série, quando na verdade o que elas provam é a força do conceito original dos jogos de Game Boy, que acertaram um home run logo de primeira.

4. Pokémon Gold & Silver (1999) + Crystal (2000)

Arte de Pokémon Gold.

O maior trunfo de Pokémon Gold & Silver não era a incrível região de Johto, os 100 monstrinhos novos ou os gráficos mais bonitos e coloridos. O real brilho do jogo estava em como ele tinha encontrado maneiras de fazer com que o pequeno mundo virtual dentro do Game Boy parecesse vivo e pulsante.

Por mais ambiciosos que fossem, os RPGs da primeira geração de Pokémon eram bem simples. Mas Gold & Silver, não. O tempo corria paralelamente ao do mundo real, com monstrinhos noturnos aparecendo no mato alto após o pôr do Sol. Você podia plantar sementes para colher frutos dias mais tarde, ou então deixar seus Pokémon para treinarem sozinhos em uma creche. Que tal dar um golpe forte naquela árvore para ver se um Pokémon inseto raro não cai dos galhos? Pequenas interações contextuais como essa davam ao jogador uma sensação de pertencimento ao mundo mágico da série.

O jogo também merece pontos por ter sido criado por um time de desenvolvedores que achavam que aquele seria sua última chance de trabalhar com Pokémon. Todas as ideias que eles tiveram, eles deram um jeito de colocar nos cartuchos – incluindo o mapa inteiro dos jogos anteriores, repaginado com novos desafios para treinadores que venceram a liga de Johto.

Gold & Silver, e também o Crystal com seu foco narrativo, são jogos Pokémon de uma época em que os fãs não eram tomados por garantidos, e que estavam preocupados em dar à experiência da série a maior profundidade possível.

3. Pokémon Diamond & Pearl (2006) + Platinum (2008)

Artes de Pokémon Diamond e Pearl.

Que engraçado, né. Chegamos ao top 3 desse Rankeado e ainda não mencionamos nenhum jogo do Nintendo DS. Por que será?

Essa é provavelmente a única afirmação com qual todo fã de Pokémon concorda: os jogos tiveram sua era de ouro no portátil de duas telas. Completamente confortável na própria pele, a série atingiu a maturidade com Pokémon Diamond e Pearl focando naquilo que ela fazia de melhor: imersão.
E pela primeira vez, através da internet, essa imersão podia ser compartilhada online com pessoas do mundo todo.

A região de Sinnoh é tão coesa, divertida de explorar e cheia de atividades que era difícil encontrar uma hora de guardar o cartucho na caixinha e partir para a próxima. Entre batalhas, metas de treinamento, capturas de lendários e concursos, a sensação era a de que sempre existia um novo objetivo a ser alcançado.

Isso já valia para Diamond e Pearl, mas era ainda mais saliente em Pokémon Platinum, que trouxe ainda mais conteúdo para a experiência. E a questão não era necessariamente a quantidade de conteúdo, mas sim a densidade. Por mais repetitivas que as batalhas Pokémon parecem de fora, por exemplo, só quem monta estratégias capazes de revidar o maior número possível de times adversários no modo online sabe da profundidade dos sistemas em ação.

2. Pokémon HeartGold & SoulSilver (2009)

Capa de Pokémon HeartGold.

Um remake simples e direto ao ponto de Pokémon Gold e Silver provavelmente teria sido o suficiente, dada a qualidade dos jogos originais. Mas a Game Freak da época do DS tinha uma filosofia parecida com a dos tempos de Gold e Silver: eles nunca tomavam os fãs por garantidos.

Pokémon HeartGold e SoulSilver está lado a lado com o Resident Evil de GameCube no ranking dos melhores remakes de todos os tempos. São jogos que não apenas recriam a experiência original, como também a incrementam e melhoram onde possível, mas com todo o cuidado para não afetar a essência de tudo o que os fãs já curtiam antes.

Os remakes de Pokémon no DS aliam toda a experiência técnica e a densidade de conteúdo acumulada em Diamond e Pearl ao charme inabalável de Johto. São jogos que podem ser curtidos de maneira igualmente proveitosa por quem tem nostalgia pelo Game Boy e por quem é marinheiro de primeira viagem no mundo Pokémon.

A imersão proporcionada pela aventura era tamanha que extrapolava os limites da plataforma: com o acessório Pokéwalker, que vinha com todas as cópias do jogo, o treinador podia levar um Pokémon consigo onde fosse no mundo real para ganhar experiência e pontos de amizade.

HeartGold e SoulSilver foi tão monumental que a Game Freak demorou 10 anos para sair da sombra desses jogos em certos pontos – como na maneira que os monstrinhos seguem o treinador fora da Pokébola nos remakes, algo que demorou mais de 10 anos para retornar à série.

1. Pokémon Black & White (2010) + Black 2 & White 2 (2012)

Arte de Pokémon Black.

Foi necessária muita coragem para fazer um jogo como Pokémon Black & White. A última saga da Game Freak no Nintendo DS era a culminação de toda a experiência que a empresa tinha acumulado ao longo dos anos naquela plataforma. Além disso, existia um detalhe importante: os jogos cortavam muitos dos laços que a série tinha com o próprio passado.

Em Black & White, tudo é novo. Incluindo os monstrinhos que você captura. Pela primeira e única vez na série, todos os Pokémon que você encontra ao longo da jornada são inéditos. Você quer um Charizard no time? Tudo bem. Contudo, antes, terá de ver os créditos.

Black & White são a experiência definitiva de Pokémon. A região de Unova é diversa e instigante. A trilha sonora do jogo é viciante e surpreendente. Os gráficos misturando 2D e 3D são lindos. Até mesmo a história de Black & White é um ponto positivo, o que é chocante considerando a qualidade dos jogos mais recentes da franquia nesse quesito.

Se um dia a Game Freak quiser fazer um jogo à altura, é só seguir os passos que deu no passado e ter coragem de ousar novamente. Talvez vejamos isso acontecer um dia.