Em 2019, me esforcei para experimentar jogos em gêneros fora de minha zona de conforto. Testei simuladores de corrida, jogos de estratégia 4X e até mesmo mergulhei, enfim, as pontas dos meus pés nas intermináveis planilhas que dão forma ao mundo de EVE Online.

Foi um bom ano. Encontrei o que eu estava procurando em alguns dos lugares onde menos esperava. Para 2020, meu plano é continuar explorando (com Animal Crossing sempre ao meu lado, claro.)

Final Fantasy XIV: Shadowbringers

Poder aproveitar ao máximo o triunfo que é Final Fantasy XIV: Shadowbringers é um privilégio. Diferente dos demais jogos nessa lista, este é um título cujo preço de admissão é maior do que apenas o custo do disco ou da versão digital. Também é necessário pagar a assinatura mensal que garante acesso aos servidores, assim como atravessar as histórias acumuladas no jogo desde a estreia de A Realm Reborn em 2013.

Mas como vale a pena. Shadowbringers é ao mesmo tempo evolução e revolução para o legado de Final Fantasy. Enquanto algumas tradições da série são seguidas à risca até suas conclusões lógicas, outras são subvertidas de maneiras que chocam fãs da franquia em níveis diretamente proporcionais ao total de títulos Final Fantasy que cada um já jogou.

Mas não é só na narrativa que o jogo brilha. A trilha sonora é genial, e mistura a familiaridade de temas antigos da série com toques de estranheza vindos de um mundo desconhecido - algo que também vale para os próprios cenários inéditos. Os calabouços e chefões são alguns dos mais engenhosos já vistos no gênero. E o vilão do game consegue ser odioso como os piores de seu tipo, mas também amável como os mais queridos protagonistas.

Divulgação/Square Enix

Kingdom Hearts III

É difícil julgar de maneira objetiva um jogo pelo qual eu estou aguardando ansiosamente por aproximadamente metade da minha vida. Kingdom Hearts III é um jogo lindo e mágico, mas também esquisito e desequilibrado.

Enquanto subiam os créditos, eu chorava copiosamente.

Mesmo com todos os seus tropeços, Kingdom Hearts III conseguiu satisfazer em mim um fã que tinha mais de uma década de expectativas acumuladas.

Divulgação/Square Enix

Slay the Spire

Slay the Spire é o suprassumo do bom jogo indie: gráficos simplórios, interface tosca, tradução horrenda para o português do Brasil, e uma ideia genial executada com muito esmero.

A proposta simples do game esconde sua surpreendente profundidade: trata-se de um card game roguelike. O jogador precisa avançar por uma série de batalhas por turnos e escolhas de diálogos até chegar ao fim do calabouço, coletando artefatos e novas cartas para seu baralho no caminho.

A grande sacada do game, que o separa de jogos como HearthStone, é a maneira como você monta um baralho diferente a cada nova partida. Isso elimina as partes mais tediosas do estilo de jogo, e ainda dá mais liberdade para que o jogador experimente diferentes estratégias o tempo todo - afinal, se der errado, basta começar uma partida nova.

Divulgação/Mega Crit Games

Ace Combat 7: Skies Unknown

Antes de começar Ace Combat 7: Skies Unknown, eu achava que minha relação com a clássica franquia da Bandai Namco era uma de meros conhecidos - daqueles que não pensam um no outro, mas que se cumprimentariam caso trombassem na rua qualquer dia desses.

Mas a verdade era outra: eu sentia muita falta das perseguições aéreas que me conquistaram lá nos tempos do PS1. Eu só não sabia disso.

Ace Combat 7 é um deleite, e reavivou meu interesse pelo gênero. Os diálogos à la anime do jogo tecem poesias sobre como o ser humano só pode ser verdadeiramente livre quando está dentro de um cockpit. E a mecânica do jogo em si dá credibilidade ao argumento.

Divulgação/Bandai Namco Games

Sayonara Wild Hearts

Um álbum de música pop jogável, Sayonara Wild Hearts não tem excessos. Curtinho, o jogo tem exatamente a duração que precisa ter para criar uma experiência audiovisual única, capaz de surpreender várias vezes a cada minuto do começo ao fim.

A maneira como as músicas e as mecânicas do jogo se entrelaçam é tão natural que faz parecer com que o desenvolvimento do título foi moleza - mas é evidente que não foi bem assim.

Sayonara Wild Hearts transborda com personalidade. É daqueles jogos que tornam possível sentir o carinho investido pelos desenvolvedores no projeto. Imperdível.

Divulgação/Simogo