Há vinte anos, Mario Party repete uma fórmula simples e de sucesso para a Nintendo: misturar um elenco de personagens queridos pelo público com um jogo de tabuleiro virtual, salpicando alguns minigames no caminho para animar a disputa entre amigos.

Isso, é claro, não significa que a franquia não tenha seus tropeços – Mario Party 10, único jogo da série lançado para o Wii U, por exemplo, não está entre os favoritos de fãs.

Felizmente, esse não é o caso de Super Mario Party.

Lançado neste mês, o game faz a estreia da franquia no Switch como um ponto alto da série, equilibrando o divertido caos que esperamos de Mario Party com alguns elementos de estratégia para jogadores que sabem o que estão fazendo no tabuleiro.

Começando pela jogabilidade, Super Mario Party não tem grandes novidades: o forte do jogo ainda é seus tabuleiros para quatro jogadores do modo Mario Party, em que cada um deve se movimentar usando dados e coletar estrelas para vencer ao final da disputa. Como de costume, os espaços do tabuleiro contam com “eventos”, que inclui dar moedas ao jogador, retirar moedas, lojas de itens ou ativar eventos especiais.

Ao final de cada rodada, todos os jogadores participaram de um minigame sorteado aleatoriamente, que pode incluir partidas no formato cada um por si, em duplas ou até em três contra um. Os vencedores recebem uma boa quantidade de moedas, que são necessárias para comprar as estrelas da Toadette – que se movimenta pelo mapa sempre que alguém pega uma de suas estrelas.

Os tabuleiros do jogo são, na maior parte das vezes, a parte mais caótica da disputa e aquela com maior potencial de gritaria – afinal, não há nada como roubar uma estrela almejada pelo seu adversário ultrapassando-o no mapa antes de seu turno começar.

Mas ainda que a maior parte das movimentações estejam entregues à sorte, Mario Party ainda oferece algumas formas de se jogar estrategicamente, o que tem o potencial mudar o rumo do jogo em alguns turnos – ainda que o jogo balanceie isso ao final da partida com a distribuição de estrelas extras para personagens que atingiram metas arbitrárias, como menor distância percorrida ou maior número de moedas coletadas.

A primeira dessas formas é entender o tabuleiro em que o jogo está acontecendo. Em Super Mario Party, os tabuleiros têm efeitos especiais que são ativados quando jogadores param em alguns espaços específicos – no mapa King Bob-omb's Powderkeg Mine, por exemplo, é possível fazer o personagem no centro do tabuleiro explodir para que adversários presos na área de impacto percam suas moedas.

Na sequência, entram os dados especiais: além de um dado normal, cada personagem jogável do game conta com um dado de seis lados próprio, que não traz a tradicional sequência de 1 a 6, mas uma combinação de números que "especializa" o personagem.

Divulgação/Nintendo

Alguns destes dados focam em dar alguma previsibilidade para a jogada – como o dado do Shy Guy, que tem cinco faces com o número 4 e uma face com 0 – , enquanto outros têm risco alto, mas grande potencial de recompensa - com o de Bowser, que tem duas faces que tiram duas moeda do jogador, e faces de 1, 8, 9 e 10.

Por fim, também é essencial recrutar aliados no tabuleiro – algo que pode ser feito caindo em um espaço específico do mapa ou através de itens. Cada aliado dá ao jogador um bônus da hora de lançar os dados, além de disponibilizar seus próprios dados especiais para que o jogador lance e ajudar em alguns minigames.

Minigames e mais minigames

É claro, tecnicamente, nós ainda podemos contar os minigames como estratégicos, mas a verdade é que os 80 joguinhos disponíveis dentro Super Mario Party são consideravelmente diversos, e é sempre possível cair em um que depende de um pouco de sorte.

Os minigames, aliás, são o que garantem um bom “fator replay” a Super Mario Party, que conta apenas com quatro mapas no modo Mario Party e outros quatro no Partner Party – modo em duplas que conta com um tabuleiro não-linear, mas mantém boa parte da jogabilidade intacta.

Com essa quantidade de minigames, não é surpresa que a qualidade de cada um deles no quesito diversão seja bem variável – enquanto alguns são intensos e com o potencial de terminar amizades, com o jogo de batata quente Lit Potato, outros são apenas passáveis, como Social Climbers.

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Ainda assim, os minigames mostram bem dois elementos importantes de Super Mario Party, sendo o primeiro o bom uso que o jogo faz dos Joy-Cons. A Nintendo aproveitou a estreia da série no seu novo console para criar alguns minigames que fazem uso criativo do hardware de seus controles de movimento.

Com minigames como o de aviação Fuzzy Flight School, que exige que o jogador pilote o personagem em um avião “navegando” o Joy-Con no ar, o jogo mostra os controles são ideais para a série. Aliás, não só ideais, mas também obrigatórios, uma vez que cada jogador deve usar uma metade de Joy-Con em Super Mario Party – o que significa que uma partida com quatro pessoas exige dois pares dos diminutos controles do Switch. Nada de Pro Controllers por aqui.

O segundo elemento importante é que, apesar de ainda ser divertido quando não se tem nenhum amigo disponível para uma rodada de jogatina, Super Mario Party continua sendo, essencialmente, um jogo de galera.

As partidas que experimentei com outros três adversários controlados pelo jogo logo ficam chatas muito rapidamente – já que não há tanta graça em xingar a AI que acabou de roubar sua estrela – e esbarram frequentemente na inaptidão do computador em lidar com alguns minigames.

Um exemplo disso é o minigame de Matriosca, que vira essencialmente um jogo de sorte, ao invés de um jogo de habilidade, no qual jogadores humanos teriam que prestar atenção nas bonecas russas sendo embaralhadas para descobrir qual esconde a bonequinha menor em seu interior.

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Remando e dançando

Se a enxurrada de minigames e os quatro tabuleiros eventualmente ficam cansativos – e eles eventualmente vão ficar –, Super Mario Party tem mais duas surpresas na manga que estendem a vida útil do jogo de uma forma bem satisfatória.

O primeiro é o River Survival, um modo cooperativo que coloca quatro jogadores remando em sincronia com seus Joy-Cons e correndo contra o tempo para pontuar juntos e enfrentar chefes.

O modo lembra, em alguns momentos, jogos ao estilo de Overcooked, que exigem coordenação em grupo para que o barco navegue rio abaixo pelo caminho ideal. Ao longo do trajeto, os jogadores encontram minigames que podem aumentar o tempo no relógio.

Se você e seus amigos estiverem no espírito competitivo, há ainda o Soundstage, um desafio com uma série de minigames musicais que exigem que os jogadores acompanhem o ritmo da música tocando em diferentes desafios.

Super Mario Party não se afasta muito dos elementos pelos quais a franquia é conhecida – e, honestamente, nem deveria. O título mais recente da série trouxe boas novidades e se adaptou bem ao mundo portátil do Switch, oferecendo uma quantidade extensa de minigames e alguns novos modos que ajudam a quebrar a monotonia quando o velho e bom tabuleiro fica repetitivo.

O jogo é uma ótima adição ao catálogo do Switch e ajuda o console a se firmar como uma opção multiplayer para qualquer grupo – seja entre a família ou na companhia de algumas cervejas com os amigos.

Divulgação/Nintendo

Super Mario Party está disponível exclusivamente para o Nintendo Switch.

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Nota do crítico