Muitos dos grandes clássicos da Nintendo nasceram em rápida sucessão no final dos anos 1980. Super Mario Bros., The Legend of Zelda, Metroid... e também Famicom Detective Club.

Uma das raras incursões da produtora japonesa para dentro do gênero visual novel, a dupla Famicom Detective Club: The Missing Heir e Famicom Detective Club: The Girl Who Stands Behind chegou ao Ocidente após três décadas presa ao mercado japonês, desde que o lançamento de suas versões originais para o Famicom Disk Systyem entre 1988 e 1989.

Os remakes de Nintendo Switch recriam os mistérios dos jogos originais com um estilo de anime contemporâneo e vozes em japonês para todos os personagens, mas sem alterar a essência que os concederam o título de clássicos esquecidos da Nintendo.

Divulgação/Nintendo

Melhor aproveitados em conjunto, The Missing Heir e The Girl Who Stands Behind são histórias separadas, mas estreladas pelos mesmos heróis.

O primeiro jogo é The Missing Heir. Você assume o controle de um jovem que começa a aventura sem memória após aparentemente sofrer um acidente, e que logo se vê envolvido na tentativa de desvendar o mistério da morte de Kiku Ayashiro. Heranças milionárias, intrigas familiares e ricaços arrogantes surgem no caminho do jogador rumo à revelação da verdade por trás do caso.

O outro título, The Girl Who Stands Behind, deve ser jogado depois, apesar de se passar antes de The Missing Heir na cronologia da série. O jovem detetive protagonista deve unir forças com sua assistente Ayumi Tachibana para o assassinato de uma estudante em um colegial.

Mesmo nadando contra a correnteza do tempo, as duas tramas continuam intrigantes hoje em dia. É evidente que jogos sobre investigações de assassinatos não são tão surpreendentes em 2021 quanto eram 30 anos atrás, mas a mistura entre reviravoltas e o humor sombrio oferecida por Famicom Detective Club ainda é capaz de satisfazer fãs de Agatha Christie e similares.

The Girl Who Stands Behind merece um destaque especial pela maneira como ele se debruça sobre elementos sobrenaturais para criar uma atmosfera envolvente para o mistério, não muito diferente do que Ace Attorney viria a fazer mais de uma década após seu lançamento original. The Missing Heir também tira proveito de certos conceitos do gênero de horror, mas o segundo jogo é muito mais bem resolvido neste quesito.

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Como em Ace Attorney, jogadores devem explorar cenários e conversar com outros personagens atrás de pistas.

O maior problema de Famicom Detective Club, como qualquer pessoa que já jogou um adventure daquela época já deve esperar, é o caráter obtuso de certos desafios. É comum deparar-se com situações em que você, como o jogador, sabe o que precisa ser feito para progredir a história sob um ponto de vista narrativo, mas não como reproduzir tal conhecimento dentro do jogo. Às vezes a resposta é interagir com algum item muito bem escondido no cenário, e outras você precisa conversar várias vezes com o mesmo personagem até que ele canse e resolva revelar alguma nova informação.

Situações assim são frustrantes, e poderiam ter sido melhor resolvidas na adaptação para o remake com pequenas alterações aos roteiros.

Do ponto de vista técnico, porém, Famicom Detective Club é impecável: a apresentação visual dos games é muito envolvente, com personagens com aparência 2D mas modelados em 3D, que realizam movimentos singelos ao longo de conversas e dão vida às cenas mais longas de leitura contínua.

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Antes disponível em inglês apenas por meio de traduções feitas por fãs, Famicom Detective Club chega ao Switch para corrigir uma injustiça que perdurou por três décadas: a maneira como muitos fãs da Nintendo não tinham como aproveitar de verdade um dos lançamentos mais curiosos dos tempos do Nintendinho. Mas é importante mencionar: trata-se de uma experiência que só pode ser aproveitada por alguém que é fluente no idioma. Infelizmente, nenhum dos títulos tem tradução para o português.

Fãs de jogos como Ace Attorney e Danganronpa, que já têm familiaridade com visual novels de mistério, são provavelmente quem melhor tirará proveito dessa viagem temporal rumo aos primórdios do gênero.

Quem nunca jogou uma visual novel antes, porém, provavelmente será melhor servido dando seus primeiros passos com o estilo de jogo com algum título mais moderno antes de ver o que Famicom Detective Club tem a oferecer.

  • Lançamento

    14.05.2021

  • Publicadora

    Nintendo

  • Desenvolvedora

    Nintendo

  • Censura

    12 anos

  • Gênero

    Visual Novel

  • Testado em

    Nintendo Switch

  • Plataformas

    Nintendo Switch

Nota do crítico