Minecraft Earth tem uma ambição nada simples: trazer a popularidade absurda de Minecraft ao universo da realidade aumentada mobile – uma tecnologia que é discutida há anos, mas que ainda patina nos games quando olhamos além de seu grande caso de sucesso, Pokémon GO.

A desenvolvedora Mojang, no entanto, tem uma arma poderosa para ajudá-la nessa empreitada: a comunidade de Minecraft. Ao longo dos últimos dez anos, o jogo construiu uma base sólida e invejável de fãs, que neste mês chegou aos 112 milhões de usuários mensais, e que continua a criar e compartilhar mundos virtuais ativamente.

Para isso, a grande aposta da produtora é no modo Adventures, multiplayer social do jogo que trará à vida, através da realidade aumentada, a experiência das dungeons e minas de Minecraft.

O modo estará disponível já no acesso antecipado do jogo, previsto para outubro, mas pudemos testá-lo a convite da Microsoft, em um evento de prévia na Cidade do México.

Assim como todos os outros elementos de Minecraft Earth, que pudemos testar pela primeira vez em maio deste ano em um evento na própria Mojang, as aventuras poderão ser encontradas na tela principal do jogo – um mapa que, assim como Pokémon GO, mostra uma versão virtual dos arredores do jogador, com itens, blocos, mobs e baús que podem ser coletados livremente.

As aventuras, no entanto, estarão espalhadas por pontos específicos do mapa, em especial em áreas públicas como praças e parques, oferecendo diferentes tipos de atividade para os jogadores que quiserem participar das sessões multiplayer.

O objetivo central das aventuras é o mesmo que o de Minecraft Earth como um todo: coletar recursos e novos bloco para poder utilizá-los nos modos de construção criativa do jogo. A grande diferença está nos desafios desses espaços em realidade virtual, que podem conter mobs agressivas e quebra-cabeças que exigem que jogadores trabalhem em conjunto para revelar os tesouros escondidos.

Reprodução/Mojang

Durante nossos testes com o modo, exploramos uma espécie de templo abandonado – uma estrutura em tamanho real que surgiu à nossa frente em realidade aumentada, através da tela do iPhone XS que tínhamos em mãos.

Junto a outros quatro jogadores, incluindo Saxs Persson, diretor criativo de Minecraft, exploramos ao arredores da estrutura, enquanto enfrentamos uma série de zumbis apareciam ao redor – usando, assim como em Minecraft tradicional, a barra de itens que incluia equipamentos como espadas, arcos e flechas.

Vale ressaltar: o jogador terá que trazer seus próprios equipamentos e inventório para o modo Adventures, o que significa que é importante garantir que seu armamento está pronto para enfrentar o que quer que apareça pela frente.

Após limpar a área de zumbis e esqueletos, jogamos dinamites no chão para abrir caminho para uma extensa mina que se encontrava abaixo do templo. A mina, é claro, estava abaixo do nível do chão, por isso não era possível “entrar” no espaço de realidade virtual.

Reprodução/Mojang

Ainda assim, Minecraft Earth, diferente do jogo tradicional, permite a interação com qualquer bloco ou item que pode ser visto – independente da distância entre o jogador e o objeto. Por isso, foi possível coletar todos os blocos que apareciam na mina, incluindo alguns blocos de ouro, um dos itens de maior raridade do jogo.

Ao final da exploração da mina, todos os jogadores deixam o modo aventura e saem com todo o loot coletado: por ser uma experiência colaborativa, todo os itens coletados por todos os jogadores são replicados nos inventários de todos os participantes, o que significa que ninguém vai sair com mais ou menos itens.

Confuso e divertido

A experiência de interagir com um mundo virtual através da tela do smartphone é um tanto quanto confusa no primeiro momento: a quantidade de blocos em tamanho real que aparecem na tela é grande, e todos dividem o espaço com pessoas reais, que aparecem na tela do smartphone sobrepostas no mundo de realidade virtual.

Ainda assim, em poucos instantes o jogador já entende seu posicionamento no mundo virtual em relação ao real, ajudado por um sistema inteligente de projeção de som e de ícones flutuantes que permitem ao usuário identificar com facilidade onde estão os outros jogadores e criaturas do mundo.

Por obedecer as mesmas regras do mundo de Minecraft tradicional, a jogabilidade também é bastante intuitiva para qualquer um que tenha experimentado o jogo anteriormente, o que facilita a exploração dos ambientes e dungeons do modo Adventures. Em pouco tempo, todos os jogadores já estão colaborando para ativar alavancas, apertar botões e explorar o mundo do jogo.

Um dos elementos que preocupa, no entanto, é a exigência de processamento de Minecraft Earth. O sistema de “âncoras espaciais” desenvolvido pela Microsoft de fato permite a criação de objetos virtuais projetados de forma realista sobre o mundo real, mas é claro o quanto o hardware do smartphone sofre para processá-lo.

Nos dez minutos que passamos em uma das aventuras que testamos, foi claro o quanto o smartphone sobreaqueceu ao ter que processar todos os elementos apareciam na tela em realidade virtual, manter a câmera aberta para mostrar o mundo real através da lente e, é claro, a conexão ao multiplayer do jogo através da rede 4G.

Levando em consideração que testamos o modo do jogo em um iPhone XS, um dispositivo que ainda é um dos mais avançados em termos de configuração de smartphones, não é claro como Minecraft Earth se portará em dispositivos com hardwares intermediários – isso sem contar o impacto do jogo na bateria de aparelhos móveis.

AInda assim, o modo parece capaz de portar de forma ideal a experiência de Minecraft para o mundo real através da realidade virtual, combinando o que o jogo traz de melhor e mais imersivo em termos de jogabilidade com seu aspecto multiplayer, em que vários jogadores podem se juntar e interagir no mundo real e virtual ao mesmo tempo para cumprir missões e coletar itens.

Minecraft Earth será lançado para iOS e Android.